quinta-feira, 28 de maio de 2009

PLÁGIO?



Já depois de publicado o presente post e através de um comentário, tomámos conhecimento do blogue : Em Portalegre - PLÁGIO , o qual recomendamos vivamente a leitura para melhor poder acompanhar este caso de plágio.

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SÓ POR HOJE SER 28 DE MAIO?

Carlos César defende voto obrigatório em Portugal
O presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, defendeu hoje o voto obrigatório nas eleições em Portugal como forma de "proteger" a democracia e aumentar a responsabilidade dos políticos.

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PECADOR

Este é o altivo pecador sereno,
Que os soluços afoga na garganta,
E, calmamente, o copo de veneno
Aos lábios frios sem tremer levanta.

Tonto, no escuro pantanal terreno
Rolou. E, ao cabo de torpeza tanta,
Nem assim, miserável e pequeno,
Com tão grandes remorsos se quebranta.

Fecha a vergonha e as lágrimas consigo...
E, o coração mordendo impenitente,
E, o coração rasgando castigado,

Aceita a enormidade do castigo,
Com a mesma face com que antigamente
Aceitava a delícia do pecado.

Olavo Bilac
Poesias

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

EDIÇÃO DE HOJE DO ALTO ALENTEJO


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FADO PORTUGUÊS

O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro velero
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

José Régio
Poemas de Deus e do Diabo

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

O TRIÂNGULO TURÍSTICO

Ao entrarmos em Portugal, pela fronteira dos Galegos, deparamo-nos com um enorme outdoor publicitário de promoção ao Alentejo, onde impera a planície.


Esquisito!


Sou, orgulhosamente, alentejano mas considero esta publicidade, no mínimo, esquisita. O lógico seria aqui encontrarmos um qualquer mecanismo publicitário que promovesse o Nordeste Alentejano: Castelo de Vide, Marvão e Portalegre!


Após as eleições autárquicas de 2005, quando estes três concelhos ficaram a ser governados pela mesma cor política, surgiu a esperança que nesta região fossem implementadas, finalmente, verdadeiras parcerias e uma estratégia comum de promoção turística. Puro engano… ficou tudo na mesma!

O que, infelizmente, perdurou desse processo de intenções foi, apenas, uma agenda cultural comum. Pouco. Muito pouco. Quase-nada!

E é pena!


Castelo de Vide organiza os seus eventos e defende os seus interesses hoteleiros isoladamente; Marvão organizou uma candidatura a Património Mundial sem envolver a região nessa “batalha”; e, agora, Portalegre parece pretender organizar e relançar a sua oferta turística, também, de uma forma isolada. Estes, são apenas alguns exemplos ilustrativos!


E esta é uma política em que todos perdem. É uma política em que cada um defende, de uma forma provinciana, o seu “quintalzinho”, lutando para que o seu seja melhor que o do vizinho…


Os políticos locais lamentam-se que o poder central esqueceu esta região. Que determinou que a mesma seja, agora, quase como que um “enclave” abandonado. É verdade! Mas, localmente, é preciso remar contra essa adversidade, sendo que só remando em conjunto e, sincronizadamente, se poderá vencer esta corrente adversa.

Castelo de Vide, Marvão e Portalegre deveriam organizar-se e promover uma política na área do turismo de ganhar/ganhar/ganhar! Em conjunto, constituem uma região com um rico património natural e edificado, fazendo todo o sentido promovê-la turisticamente de uma forma global!

A “Turismo do Alentejo ERT", entidade recentemente constituída para a promoção do Alentejo, abarca uma área tão extensa que terá muito dificuldade em ser eficaz. O Nordeste Alentejano é, claramente, um nicho de mercado a explorar, integrado nessa vasta região.

Estes três municípios deveriam ter a capacidade de se organizar, constituindo uma entidade que, com um orçamento adequado, promovesse o Nordeste Alentejano e os seus pontos e produtos de interesse. Este “enclave” tem tantos pontos fortes (dispenso-me de os enumerar) que não seria, com certeza, necessária grande criatividade para engendrar essa promoção.


Com esta estratégia e com o tal triângulo turístico todos ficariam a ganhar!


Certamente!


Bonito Dias

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INVENTÁRIO

Uma palavra que se tornou perigosa
Um marinheiro dum país «amigo»
Uma pobre mulher tuberculosa
E a mulher orgulhosa que persigo

A velhinha que passa no buíque
Um incêndio prestes a romper
E as ruas as ruas onde vi
O que ainda não sei ver

Uma praia elegante um estendal
De belos corpos indolentes
E as últimas mentiras dum jornal
A propósito de factos recentes

Um senhor absolutamente sério
Um doutor que esteve por um triz
P'ra fazer parte dum novo ministério
E um velho muito velho que nos diz

Avesso à multidão aos seus gritos de louca
Tenho contudo um grande amor ao Homem
Mas cuidado Uma ideia não vive sem o pão da boca
Por aquilo que não sou não quero que me tomem

Outro senhor absolutamente honesto
Ainda a velhinha do buíque
E o velho muito velho diz o resto
Diz o resto e é para que fique

Meu lema é conhecido minha voz muito menos
Mas o que digo chega ao vosso coração
Por caminhos discretos preciosos serenos
Como um selo raro a uma colecção

(E num silêncio que toda a gente ouvia
Só a mosca deu sinal de si
Dizendo com graça e ironia
Ó Cesário Verde como eu queria
Que estivesses aqui!)

Alexandre O'Neill
No Reino da Dinamarca

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

SER E NÃO SER ROTUNDA...

MENINO

No colo da mãe
a criança vai e vem
vem e vai
balança.
Nos olhos do pai
nos olhos da mãe
vem e vai
vai e vem
a esperança.

Ao sonhado
futuro
sorri a mãe
sorri o pai.
Maravilhado
o rosto puro
da criança
vai e vem
vem e vai
balança.

De seio a seio
a criança
em seu vogar
ao meio
do colo-berço
balança.

Balança
como o rimar
de um verso
de esperança.

Depois quando
com o tempo
a criança
vem crescendo
vai a esperança
minguando.
E ao acabar-se de vez
fica a exacta medida
da vida
de um português.

Criança
portuguesa
da esperança
na vida
faz certeza
conseguida.
Só nossa vontade
alcança
da esperança
humana realidade.

Manuel da Fonseca
Poemas para Adriano

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terça-feira, 19 de maio de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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LUSOS HERÓIS, CADÁVERES CEDIÇOS

Lusos heróis, cadáveres cediços,
Erguei-vos dentre o pó, sombras honradas,
Surgi, vinde exercer as mãos mirradas
Nestes vis, nestes cães, nestes mestiços.

Vinde salvar destes pardais castiços
As searas de arroz, por vós ganhadas;
Mas ah! Poupai-lhe as filhas delicadas,
Que. Elas culpa não têm, têm mil feitiços.

De pavor ante vós no chão se deite
Tanto fusco rajá, tanto nababo,
E as vossas ordens, trémulo, respeite.

Vão para as várzeas, leve-os o Diabo;
Andem como os avós, sem mais enfeite
Que o langotim, diámetro do rabo.

Bocage
Rimas

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segunda-feira, 18 de maio de 2009

AFINAL FOI 14, 18, OU É 20 DE MAIO?

20-Mai-2009
Rádio Portalegre


Segunda, 18 Maio 2009
diário do SUL


O país tem todas as condições para se sentir tranquilo
publicado 22:03 14 Maio '09'
RTP


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ERROS MEUS A QUE CHAMAREI VIRTUDE

Erros meus a que chamarei virtude,
Por bem vos quero, e morro despedido
Sem amor, sem saúde, o chão perdido,
Erros meus a que chamarei virtude.

A terra cultivei, amargo e rude,
No sonho de melhor a ter servido;
Para ilusão de um palmo de comprido,
A terra cultivei, amargo e rude.

E o amor? A saúde? Eis os dois Lagos
Onde os olhos me ficam debruçados
— Azul e roxo, rasos de água os Lagos.

Mas direis, erros meus, ainda amores?
— São bonitos os dias acabados
Quando ao poente o Sol desfolha flores.

Afonso Duarte
Sibila

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sábado, 16 de maio de 2009

É SÓ SANTOS DESTES QUE HÁ NO LARGO DO RATO E EM S. BENTO?

O DINHEIRO

O dinheiro é tão bonito,
Tão bonito, o maganão!
Tem tanta graça, o maldito,
Tem tanto chiste, o ladrão!
O falar, fala de um modo...
Todo ele, aquele todo...
E elas acham-no tão guapo!
Velhinha ou moça que veja,
Por mais esquiva que seja,
Tlim!
Papo.

E a cegueira da justiça
Como ele a tira num ai!
Sem lhe tocar com a pinça;
E só dizer-lhe: «Aí vai...»
Operação melindrosa,
Que não é lá qualquer coisa;
Catarata, tome conta!
Pois não faz mais do que isto,
Diz-me um juiz que o tem visto:
Tlim!
Pronta.

Nessas espécies de exames
Que a gente faz em rapaz,
São milagres aos enxames
O que aquele demo faz!
Sem saber nem patavina
De gramática latina,
Quer-se um rapaz dali fora?
Vai ele com tais falinhas,
Tais gaifonas, tais coisinhas...
Tlim!
Ora...

Aquela fisionomia
É lábia que o demo tem!
Mas numa secretaria
Aí é que é vê-lo bem!
Quando ele de grande gala,
Entra o ministro na sala,
Aproveita a ocasião:
«Conhece este amigo antigo?»
— Oh, meu tão antigo amigo!
(Tlim!)
Pois não!

João de Deus
Campo de Flores

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quarta-feira, 13 de maio de 2009

EDIÇÃO DE HOJE DO ALTO ALENTEJO


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TESTAMENTO DO POETA

Todo esse vosso esforço é vão, amigos:
Não sou dos que se aceita... a não ser mortos.
Demais, já desisti de quaisquer portos;
Não peço a vossa esmola de mendigos.

O mesmo vos direi, sonhos antigos
De amor! olhos nos meus outrora absortos!
Corpos já hoje inchados, velhos, tortos,
Que fostes o melhor dos meus pascigos!

E o mesmo digo a tudo e a todos, - hoje
Que tudo e todos vejo reduzidos,
E ao meu próprio Deus nego, e o ar me foge.

Para reaver, porém, todo o Universo,
E amar! e crer! e achar meus mil sentidos!....
Basta-me o gesto de contar um verso.

José Régio
Poemas de Deus e do Diabo

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terça-feira, 12 de maio de 2009

SÓ GENTE "MUITO SÉRIA"?

O procurador-geral da República determinou hoje a abertura de um processo disciplinar ao presidente do Eurojust, Lopes da Mota, sobre as alegadas pressões feitas aos dois procuradores responsáveis pelo "caso Freeport".

A decisão foi divulgada após uma reunião de várias horas do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), em Lisboa.

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SEGREDOS

Para Maria de Lourdes Pintassilgo

Segredos de uma espécie tão rara
na altura das grandes migrações
a vida pobre os bosques
o vento arrasa nuvens pelo céu
sem outro saber

O tempo era maior
do que se dizia
e ela dispunha-se a contar tudo
do mesmo modo delicado

José Tolentino Mendonça
De Igual para Igual

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domingo, 10 de maio de 2009

FUTEBOL CLUBE DO PORTO


Oh, meu Porto, onde a eterna mocidade
Diz à gente o que é ser nobre e leal.
Teu pendão leva o escudo da cidade
Que na história deu o nome a Portugal.

Oh, campeão, o teu passado
É um livro de honra de vitórias sem igual
O teu brasão abençoado
Tem no teu Porto mais um arco triunfal
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto

Quando alguém se atreve a sufocar
O grito audaz da tua ardente voz
Oh, Oh, Porto, então verás vibrar
A multidão num grito só de todos nós.


Heitor Campos Monteiro
Hino do FCP

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sexta-feira, 8 de maio de 2009

O ALENTEJO E O SEU PATRIMÓNIO GEOLÓGICO

O chão que pisamos no Alentejo, desde a planície a perder de vista aos alcantilados rochosos da Serra de S. Mamede, não foi sempre como hoje se nos apresenta.
Mudou radicalmente no decorrer de uma velhíssima história geológica.
Com as suas planuras, vales e serranias, a paisagem alentejana, bem como a de todo o interior do País e da Península Ibérica, é o que resta de uma grande cadeia montanhosa, com mais de trezentos milhões de anos, que percorreu o que é actualmente o sul da Europa e o noroeste africano.
Quase completamente arrasada pela erosão no decurso dos tempos que se lhe seguiram, pôs a descoberto toda a complexidade das suas entranhas, hoje esventradas, de que fazem parte diversos tipos de rochas geradas em profundidade, a partir de magmas incandescentes, e muitos outros, representados por rochas formadas nos mais diversos ambientes, desde desertos áridos e florestas tropicais a mares quentes e frios, litorais e profundos, etc., muitas delas transformadas ao longo dessa imensidade de tempo.
Esta grande cadeia de montanhas resultou, por seu turno, do enrugamento e elevação de milhares de metros de espessura das respectivas camadas rochosas, a maior parte das quais acumuladas no fundo de um grande oceano que aqui existiu há mais de 600 milhões de anos e que se fechou na altura, à semelhança do que está a acontecer ao Mediterrâneo, com a consequente elevação dos Alpes e das montanhas a eles associadas.


Temos, pois, aqui documentos de uma longa e complexa história que sabemos e podemos contar.

Dos antiquíssimos terrenos da região de Arronches - Campo Maior, terras emersas ao tempo desse oceano, às actuais planícies aluviais do Sado, com escassos milhares de anos, estão representadas, nesta que é a maior província de Portugal, formações geológicas de todas as eras da história da Terra.

Os mármores de Estremoz - Vila Viçosa, Viana e Trigaches, a Faixa Piritosa, em especial, em Aljustrel e na região de Neves - Corvo (Castro Verde - Almodôvar), importantes reservas de cobre, estanho, zinco e chumbo, e, ainda, a perspectiva animadora de exploração do ouro em Montemor-o-Novo, constituem georrecursos mineiros da maior importância para o país. Mas, para além deste valioso património económico no domínio da actividade extractiva, são muitas as ocorrências geológicas espalhadas por este Aquém-Tejo com valor como georrecursos culturais, classificáveis como monumentos naturais, na medida em que são documentos decifráveis, tantas vezes grandiosos e espectaculares, dos mais variados episódios de uma história muito antiga, não só local e regional, como nacional e, por vezes, global. Com dimensões que vão de um simples afloramento rochoso, a um sítio ou a toda uma paisagem, tais monumentos continuam à espera de ser convenientemente salvaguardados, antes que o progresso civilizacional, o betão e o asfalto os engulam e destruam para todo o sempre.
Numa época em que os Parques Geológicos e o Turismo de Natureza proliferam por todos os países com preocupações ambientais, urge localizá-los, valorizá-los e dotá-los de condições de visibilidade para fruição por parte do grande público, permitindo-lhe conhecer a sua história mais antiga e, ainda, uma melhor integração no todo natural.


Sem esquecer uma parte importante do Geoparque Naturtejo (uma honrosa realidade no nosso território), incluem-se, entre as mais conhecidas ocorrências, algumas pedreiras e minas desactivadas ou esgotadas, como as do Lousal e São Domingos, que, para além dos aspectos geológicos, guardam testemunhos relacionáveis com a vida das respectivas populações, numa espécie de arqueologia industrial do maior interesse histórico, etnográfico e sociológico.



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O QUE ALGUÉM DISSE

"Refugia-te na Arte" diz-me Alguém
"Eleva-te num vôo espiritual,
Esquece o teu amor, ri do teu mal,
Olhando-te a ti própria com desdém.

Só é grande e perfeito o que nos vem
Do que em nós é Divino e imortal!
Cega de luz e tonta de ideal
Busca em ti a Verdade e em mais ninguém!"

No poente doirado como a chama
Estas palavras morrem... E n'Aquele
Que é triste, como eu, fico a pensar...

O poente tem alma: sente e ama!
E, porque o sol é cor dos olhos d'Ele,
Eu fico olhando o sol, a soluçar...

Florbela Espanca
Livro de Sóror Saudade

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quinta-feira, 7 de maio de 2009

SERÁ QUE EM PONTE DE SOR O BLOCO CENTRAL COMEÇA A TOMAR FORMA?

CONCEIÇÃO RODRIGUES

É A SECRETÁRIA

DO VEREADOR SOCIALISTA

LUÍS JORDÃO


Maria da Conceição Figueira Rodrigues, advogada, ex-vereadora do município de Ponte de Sor pelo PSD, ex-Deputada da Assembleia da República na VI Legislatura, eleita no círculo eleitoral de Portalegre pelo PSD, foi hoje nomeada em sessão do Município de Ponte de Sor, secretária do vereador das obras particulares Luís Jordão.


Ponte do Sor

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FALSOS AMIGOS

Tenho amigos que pensam confundir-me
igualando a loucura à minha ânsia.
Pobrezitos!, que tentam destruir-me
havendo de permeio esta distância.

Eu tenho pena de não ser um deles,
ao menos uma vez, por uns momentos.
Gostava de morrer um dia neles,
ressuscitando nos seus pensamentos.

Pintar-lhes-ei um dia o rosto a sério,
com talento nascido de neurose
que faça vê-los nus no baptistério
onde lavam a alma da esclerose?

Toda a gente rirá desse retrato,
e haverá certamente prò comprar
um novo-rico que lhe admire o fato
e o pendure na sala de jantar.

Hei-de pôr-Ihes uns olhos que reluzam,
mas vazios nas órbitas repletas,
profanação nos dedos que se cruzam,
num indigno repouso de poetas.

Ah, são eles que procuram destruir-me,
criticando-me as faces controversas!,
mas apenas conseguem reunir-me
nas mil forças que tenho bem dispersas.

Isabel Gouveia
Poemas Vários

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quarta-feira, 6 de maio de 2009

"QUÊM SE METE COM O PS, LEVA" - MESMO QUE SEJA SOCIALISTA

«Rosário Gama tinha criticado o registo de faltas dos alunos
Apoiante de Alegre diz-se perseguida pelo PS por causa das suas declarações

Rosário Gama, militante socialista apoiante de Manuel Alegre e presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Infanta D. Maria, acusou hoje o PS de “não aceitar o contraditório, mesmo vindo do interior do partido”. E, em declarações ao PÚBLICO, apontou como “sinal” disso as questões que lhe foram colocadas por deputados socialistas sobre declarações que fez ao “Expresso” e que, denuncia, revelam “uma atitude persecutória sobre quem manifesta uma opinião contrária à do poder”.

“Recebi as questões dos deputados via Direcção Regional de Educação e tenho conhecimento de que foram enviadas também para presidentes de conselhos executivos de outras escolas que fizeram declarações aos jornais sobre a redução do número de faltas dos alunos. Mas tenho conhecimento, igualmente, de que num primeiro momento o requerimento visava apenas a minha pessoa e que só depois foi decidido alargar o envio a outras escolas, para tentar evitar que ele fosse entendido como um acto persecutório”, denunciou Rosário Gama.

Em declarações ao PÚBLICO, a militante socialista frisou que não contesta o inquérito realizado pela Inspecção-Geral de Educação. “Eu comentei as estatísticas apresentadas pelo Governo dizendo que os alunos não estavam a faltar menos, mas que havia um menor registo dessas faltas e uma maior tolerância na sua marcação por parte dos professores, que, para evitarem a realização das provas de recuperação impostas pelo novo estatuto do aluno, são hoje menos severos em caso de atraso e em relação a problemas de comportamento; e a IGE fez a sua obrigação: veio verificar se havia irregularidades na escola e concluiu que não, como o Ministério da Educação publicitou.”

Rosário Gama diz já não encontrar explicação razoável para o pedido feito pelos deputados do Grupo Parlamentar Socialista ao Ministério da Educação. “Faz algum sentido que, depois do inquérito da IGE, os deputados do PS me perguntem se a citação feita pelo ‘Expresso’ está correcta, se a desmenti ou não e em que é que me baseei para a fazer?”, questiona. A sua própria resposta é “não”. “O que se passa é que, numa atitude de quem não gosta de ser contraditado, alguns socialistas recorrem a procedimentos que eu já julgava afastados do nosso panorama político, passados que são estes anos todos de uma vivência democrática”, acusa.

Como presidente do Conselho Executivo da escola, Rosário Gama pediu para ser ouvida na Comissão Parlamentar de Educação sobre “as debilidades resultantes da aplicação do Estatuto do Aluno”. Como militante socialista afirma que vai sugerir que “este tipo de atitudes persecutórias” seja analisado e discutido na reunião que Manuel Alegre vai promover, no dia 15, com os seus apoiantes.»

Graça Barbosa Ribeiro
PÚBLICO

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A PANCADA EM VITAL MOREIRA À LUZ DA SAGRADA ESCRITURA

O calendário dizia 1.º de Maio, mas eu estou certo de que era Sexta-Feira Santa. Vi um senhor cabeludo, com um ar simultaneamente delicado e sofrido, a caminhar por entre uma multidão em fúria que o agredia aos gritos de "traidor, traidor". Desfile do Dia dos Trabalhadores? Nada disso: nova versão da via-sacra, com Vital Moreira a caminho do Gólgota. Infelizmente, a multidão estava a levar tão a sério o seu papel que o ungido do PS às europeias resolveu pisgar-se antes de chegar à parte da cruz. Quem naquela situação tivesse agido de outra forma que atire a primeira pedra.

Numa triste inversão dos papéis históricos, de seguida apareceram dois Pôncios Pilatos (Jerónimo de Sousa e Carvalho da Silva) a lavar as mãos em relação ao que tinha acontecido. Um argumentou não ter visto o que se passou e o outro aconselhou-nos a compreender o desespero dos judeus - perdão, dos trabalhadores - que decidiram apaziguar o seu sofrimento amassando o senhor que abandonou a antiga religião. A partir daí, iniciou-se uma velha discussão teológica: o Partido Socialista criticou o Partido Comunista por querer demonstrar que Vital é mortal, e o Partido Comunista acusou o PS de andar há muitos anos a afastar-se do caminho da verdade.

O mais estranho nisto tudo é que até há pouco eles eram irmãos na fé. E não precisamos de recuar aos tempos de Abraão: basta-nos recuar até ao dia anterior à cena de pancadaria, quando PS e PCP, juntamente com PSD, PP e BE, tinham exibido uma admirável tolerância religiosa em matéria de financiamento partidário. Qual Jesus nas margens do lago Tiberíades, os cinco partidos procederam ao milagre da multiplicação do dinheiro vivo, com as contribuições de pilim caído do céu a crescerem mais de 50 vezes, perante o olhar espantado da multidão. As más-línguas gritaram que se tratava de uma heresia. Os partidos defenderam que os seus corações eram puros. Tal milagre, pregaram, não tinha como objectivo encher os bolsos das campanhas em ano de triplas eleições - claro que não! -, mas sim limpar os pecados do PCP, que tinha uma legião de demónios a infestar as contas da Festa do Avante. Alguém duvida de tão boas intenções? Só os apóstatas duvidam.

É certo que os corações mais duros não param de se interrogar. Como se explica que depois de tanto amor o mesmo PS que generosamente auxiliara o PCP o estivesse a chibatar? Como se entende que escassas 24 horas passadas soldados comunistas desatassem a vergastar o filho pródigo socialista? É não perceber nada de teologia: há sempre confusões quando Cristo desce à Terra. Mas lá no Céu, como se sabe, Deus há só um - e Ele vela carinhosamente pelo bem-estar financeiro de todas as religiões.

João Miguel Tavares
Diário de Notícias

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A TORPE SOCIEDADE ONDE NASCI

I

Ao ver um garotito esfarrapado
Brincando numa rua da cidade,
Senti a nostalgia do passado,
Pensando que já fui daquela idade.

II

Que feliz eu era então e que alegria...
Que loucura a brincar, santo delírio!...
Embora fosse mártir, não sabia
Que o mundo me criava p'ra o martírio!

III

Já quando um homenzinho, é que senti
O dilema terrível que me impôs
A torpe sociedade onde nasci:
— De ser vítima humilde ou ser algoz...

IV

E agora é o acaso quem me guia.
Sem esperança, sem um fim, sem uma fé,
Sou tudo: mas não sou o que seria
Se o mundo fosse bom — como não é!

V

Tuberculoso!... Mas que triste sorte!
Podia suicidar-me, mas não quero
Que o mundo diga que me desespero
E que me mato por ter medo à morte...

António Aleixo
Este Livro que Vos Deixo

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terça-feira, 5 de maio de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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UM TAL FERNANDO ASSIS PACHECO

Vivo com ele há anos suficientes
para poder dizer que o reconheceria
num dia de Novembro no meio da bruma
é como uma pessoa de família

adorava os pais mas tinha medo
quando zangados se punham aos gritos
e se chamavam nomes odiosos
não invento nada vi-o crescer comigo

chorava então desabaladamente
e eu com ele sentindo-nos perdidos
o coberto puxado sobre a cabeça
seria trágico se não fosse ridículo

mesmo depois a noite que urinasse
no pijama era um protesto civil
encharcou assim grande parte das Beiras
não lhe perguntem se foi feliz


Fernando Assis Pacheco
Respiração assistida

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segunda-feira, 4 de maio de 2009

TANTO SILÊNCIO

Para cá de mim e para lá de mim, antes e depois.
E entre mim eu, isto é, palavras,
formas indecisas
procurando um eixo que
lhes dê peso, um sentido capaz de conter
a sua inocência
uma voz (uma palavra) a que se prender
antes de se despedaçarem
contra tanto silêncio.
São elas, as tuas palavras, quem diz «eu»;
se tiveres ouvidos suficientemente privados
podes escutar o seu coração
pulsando sob a palavra da tua existência,
entre o para cá de ti e o para lá de ti.
Tu és aquilo que as tuas palavras ouvem,
ouves o teu coração (as tuas palavras «o teu coração»)?

Manuel António Pina
Os Livros

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sexta-feira, 1 de maio de 2009

MARATONA DE BTT DE PORTALEGRE

No fim de semana de 1 a 3 de Maio a nossa cidade recebe mais uma vez a maior Maratona de BTT de Portugal.

Porque esta prova a par da Baja 500 é dos poucos eventos que fazem sobressair a nossa região é também altura de louvarmos um pouco o que temos de bom.

Como praticante de BTT e participante da maratona lanço o repto para que no dia 2 de Maio os Portalegrenses se desloquem para a Serra a apoiar os 3300 atletas que mais uma vez desafiam as suas capacidades físicas na tentativa de pelo menos completarem a prova. Entre os quais mais de 200 dos participantes são da região de Portalegre.


A cidade e o Parque Natural da Serra de S. Mamede só tem a ganhar com a realização deste grande evento.

Respeita a natureza a pedalar.

Francisco Silva

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