quinta-feira, 30 de julho de 2009

PROMESSAS DA CORJA...

200 euros: Incentivo à natalidade;

5000 euros: Incentivo ao carro eléctrico;

1000 euros: Incentivo ao abate de automóveis velhos;

150 dias: Período máximo de atribuição do subsídio de maternidade;

1410 euros: por cada criança nascida em Portugal o governo paga 1410 euros à RTP a título de indemnização compensatória pela prestação de serviço público;

12000 euros: Parte da dívida pública que cabe a cada português, incluindo recém nascidos.

J.M.

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ASSIM, SEM NADA FEITO E O POR FAZER

Assim, sem nada feito e o por fazer
Mal pensado, ou sonhado sem pensar,
Vejo os meus dias nulos decorrer,
E o cansaço de nada me aumentar.

Perdura, sim, como uma mocidade
Que a si mesma se sobrevive, a esperança,
Mas a mesma esperança o tédio invade,
E a mesma falsa mocidade cansa.

Tênue passar das horas sem proveito,
Leve correr dos dias sem ação,
Como a quem com saúde jaz no leito
Ou quem sempre se atrasa sem razão.

Vadio sem andar, meu ser inerte
Contempla-me, que esqueço de querer,
E a tarde exterior seu tédio verte
Sobre quem nada fez e nada quere.

Inútil vida, posta a um canto e ida
Sem que alguém nela fosse, nau sem mar,
Obra solentemente por ser lida,
Ah, deixem-se sonhar sem esperar!

Fernando Pessoa
Cancioneiro

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terça-feira, 28 de julho de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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FADO TROPICAL

Oh, musa do meu fado
Oh, minha mãe gentil
Te deixo consternado
No primeiro abril
Mas não sê tão ingrata
Não esquece quem te amou
E em tua densa mata
Se perdeu e se encontrou
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo...(além da sífilis, é claro)*
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Com avencas na caatinga
Alecrins no canavial
Licores na moringa
Um vinho tropical
E a linda mulata
Com rendas do Alentejo
De quem numa bravata
Arrebato um beijo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
"Meu coração tem um sereno jeito
E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito
É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta
Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta
Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa..."
Guitarras e sanfonas
Jasmins, coqueiros, fontes
Sardinhas, mandioca
Num suave azulejo
E o rio Amazonas
Que corre Trás-os-Montes
E numa pororoca
Deságua no Tejo
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal
Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial

Chico Buarque
Fado Tropical
* trecho original, vetado pela censura em 1972

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segunda-feira, 27 de julho de 2009

GRANDE "SOCIALISTA", VIRA-CASACAS

Porque a história é feita de pormenores...



Hino da Mocidade Portuguesa

Lá vamos cantando e rindo
Levados levados sim
Pela voz do som tremendo
Das tubas clamor sem fim

Lá vamos que o sonho é lindo
Torres e torres erguendo
Clarões, clareiras abrindo
Alva de luz imortal
Que roxas névoas despedaçam
Doiram os céus de Portugal

Querer querer e lá vamos
Tronco em flor estende os ramos
À mocidade que passa

Cale-se a voz que turbada
já de si mesmo, se espanta.
Cesse dos ventos, a infâmia
ante a clara madrugada,
em nossas almas nascida.

E por ti, ó Lusitânia,
corpo de Amor, Terra Santa.
Pátria, serás celebrada
e por nós, serás erguida.
Erguida ao alto da Vida.

Lá vamos, cantando e rindo

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sábado, 25 de julho de 2009

EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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a carne queima a sombra e a memória.
deixa sobre os olhos um traço negro.

a água não consegue lavar a cinza deste corpo,
sem membros, o tronco enegrece sobre a terra,
deixa nas árvores o último grito –
lançado na hora do abate.

que corpo resguardava esta carne?
trago às palavras um nome, um gesto, uma fronteira.
sem vida, o meu olhar descobre nas vísceras
vestígios de saudade
que a tarde não conseguiu matar.

sangue apenas?

coágulos dissolvem o centro da cidade.
o metal atravessa as estrelas,
reconhece na carne os odores da última viagem.

que noite vivo?

a memória enegrece, mas persiste,
escavo o esquecimento.

a fotografia permanece
– calcinando o fogo.


Ruy Ventura
Chave de ignição

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sexta-feira, 24 de julho de 2009

TUDO SE "APANHA" NESTE MAR DE ROSAS

Porque a história é feita de pormenores...





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DETESTAMOS POLÍTICOS CORRUPTOS E VIGARISTAS

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de"putedos" do PS

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DEMOGOGON

Na rua cheia de sol vago há casas paradas e gente que anda.
Uma tristeza cheia de pavor esfria-me.
Pressinto um acontecimento do lado de lá das frontarias e dos movimentos.

Não, não, isso não!
Tudo menos saber o que é o Mistério!
Superfície do Universo, ó Pálpebras Descidas,
Não vos ergais nunca!
O olhar da Verdade Final não deve poder suportar-se!

Deixai-me viver sem saber nada, e morrer sem ir saber nada!
A razão de haver ser, a razão de haver seres, de haver tudo,
Deve trazer uma loucura maior que os espaços
Entre as almas e entre as estrelas.

Não, não, a verdade não! Deixai-me estas casas e esta gente;
Assim mesmo, sem mais nada, estas casas e esta gente...
Que bafo horrível e frio me toca em olhos fechados?
Não os quero abrir de viver! ó Verdade, esquece-te de mim!

Álvaro de Campos
Poemas

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quinta-feira, 23 de julho de 2009

ISTO VAI CADA VEZ "MELHOR"...

EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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QUEM FALOU EM CRIME?

Crime quem falou em crime
somos todos irmãos todos a mesma
carne incendiada

Quando houver um crime
o primeiro
todos seremos criminosos

Agora porém somos vivos e amamos
do nascimento à morte

Crime se o há já nos corria nas veias
quando éramos obscuros como o ventre
que nos concebeu

Não há veias que transbordem
neste corpo flexível
que nos eterniza

Casimiro de Brito
Telegramas

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quarta-feira, 22 de julho de 2009

EDIÇÃO DE HOJE DO ALTO ALENTEJO


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REBANHO

Poeira que o granito
desprende na sua
respiração difícil: prata
sem consistência, faz
pensar num resíduo de estrelas
acumulado pela noite; cor
e peso na leveza da lã,
cai sobre os animais? ou paira
etérea, estranha
à essência da terra?

A segunda poeira nasce
quando se ouve
o toque trémulo dos cascos contra
o chão; opõe-se
à que poisou nocturnamente
e a pedra agora exala;
resguarda o gado, isola-o,
cada vez mais densa,
dessa ameaça do ar.

Quanto ao pastor,
como pode um detrito
de astros lembrar-se dele?
embora a natureza
de ambos pareça confluir:
mas apenas na intuição
sublunar; tão predisposta
a conceber um só
deserto inicial.

Carlos Oliveira
Pastoral

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terça-feira, 21 de julho de 2009

PARA ALÉM DO RODRIGUES, QUANTOS VÃO CAIR NO DISTRITO DE PORTALEGRE?

Comandante distrital suspenso



O Comandante Operacional Distrital dos Bombeiros de Évora (CODIS), Jorge Rodrigues, foi suspenso da actividade e alvo de um processo disciplinar devido a alegadas irregularidades operacionais. Em sua substituição, a Autoridade Nacional de Protecção Civil nomeou no dia 26 de Junho José Maria Lopes Ribeiro, que vinha desempenhando funções de segundo comandante distrital.

Fonte ligada ao processo referiu ao nosso jornal que sobre o ex-CODIS recaem, entre outras suspeitas, o desvio de fundos dos bombeiros para proveito próprio e falsificação de documentos constantes no curriculum.

Contacto ontem pelo CM, Jorge Rodrigues garantiu que as acusações "não correspondem à verdade" e que não foi alvo de qualquer suspensão ou processo disciplinar.

"Eu é que me demiti. Já tenho 22 anos de bombeiro e estava a ficar um pouco cansado disto", referiu.


A.M.S.
Correio da Manhã

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QUÁSI

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe d'asa...
Se ao menos eu permanecesse àquem...

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dôr! - quási vivido...

Quási o amor, quási o triunfo e a chama,
Quási o princípio e o fim - quási a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo... e tudo errou...
- Ai a dôr de ser-quási, dor sem fim... -
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos d'alma que desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ansias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indicios...
Ogivas para o sol - vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sôbre os precipícios...

Num impeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

...

Um pouco mais de sol - e fôra brasa,
Um pouco mais de azul - e fôra além.
Para atingir, faltou-me um golpe de aza...
Se ao menos eu permanecesse àquem...

Mário de Sá-Carneiro
Dispersão

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segunda-feira, 20 de julho de 2009

PARA QUEM GOSTA DE RANKINGS

"Os Municípios e a Qualidade de Vida em Portugal" - Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social da Universidade da Beira Interior

Ranking do Indicador de Qualidade de Vida:
1- Lisboa
2- Albufeira
...
31- Évora
...
57- Beja
...
66- Portalegre
...
69- Campo Maior
...
75-- Castelo Branco
...
89- Elvas
...
107- Castelo de Vide
...
120- Fronteira
...
147- Ponte de Sor
...
184- Alter do Chão
185- Arronches
...
202- Nisa
...
207-Crato
...
213- Monforte
...
219- Marvão

Recolha de Jorge Mangerona

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POEMA

Súbitos mergulhadores descendo nas águas inimigas
Com os olhos fitos e os peitos esmagados,
Descendo devagar, ao som lento de segundos vertiginosos como séculos,
Todos nós vos acompanhamos e juntamos todas as nossas forças na mesma meditação.
Aqui, da terra firme,
Entre nuvens e terra,
Entre o suor e o orvalho,
Esperamos o termo com todas as nossas forças.
E sabereis a nossa mensagem:
Só há saída pelo fundo

Cristovam Pavia
35 Poemas

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sábado, 18 de julho de 2009

EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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FANTASIAS DE MOZART, PARA TECLA

Entre Haydn e Chopin, aberto para o que um foi
e o outro poderia ter sido, havia neste homem uma vida oculta
da sua própria vida, das próprias formas a que fingia escravizar-se
alegremente, da mesma graça leve e melancólica que era o mais
que, em música, a imaginação e a sociedade permitiam
como consciência crítica da vida. Havia estranhamente
um sentimento do mundo, em que o homem devia ser
não apenas ele mesmo afirmadoramente, mas, mais do que isso,
devia ser, além da consciência de si mesmo, colectivamente
feliz. Um mundo em que a alegria não devia ser
só a nostálgica presença da felicidade sempre mais sonhada
que vivida, mas uma estrutura de se estar no mundo
consigo e com os outros. Nestas divagações
perpassa uma coisa estranha, inteiramente nova:
uma alma.
Que não é preexistente a nenhuma música,
e que nenhuma música é criada para exprimir.
Uma alma que podia parecer ao próprio músico
aquela que se perde ou que se ganha nos rituais ocultos
de aceitar-se a vida como sonho ascensional.
E que todavia era apenas o que não temos ainda meio de chamar
outra coisa que alma, não do mundo, não daquele homem,
mas a firmeza de reconhecer-se, através da criação
de formas que se multiplicam, a criação dela mesma
como a relação, o laço, o traço, o equilíbrio
entre um homem que é mais do que si mesmo
e um mundo que sempre outro se amplia de homens
felizes de que a música os não diga
mas os faça. Como
foi possível que este homem alguma vez morresse?


Jorge de Sena
Arte de Música

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terça-feira, 14 de julho de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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29 DE JANEIRO DE 1922 - 14 DE JULHO DE 2009

APRENDIZ NA OFICINA DA POESIA

Não rimes.
Ou rima, se quiseres,
mas não violentes
a palavra.
Não busques ansioso,
qual amante inexperiente,
a palavra.

Espera antes
a sua vinda.

Música e rima
são acessórios dispensáveis:
O poema é outra coisa.

Deixa, pois
que as palavras acordem
na matriz
e caiam maduras.
Áridas ou frias,
secas e imperturbáveis,
orvalhadas, humildes,
estropiadas até,
que sejam precisas,
prenhes de significado.

Espera as palavras.
Elas viajam misteriosas,
desconhecidas ainda,
elas germinam
em ti.

Caem. Juntam-se.
Doloridas, feias
sob o visco placentário,
deselegantes por vezes,
elas procuram-se
e organizam-se.

Juntas transcendem-se,
há algo de íntimo,
coeso e secreto
nelas.

O poema está aí.

Rui Knopfli
Reino Submarino

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sábado, 11 de julho de 2009

EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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VOZ ENTRE ÁRVORES

Ouço a tua voz de mil murmúrios e de um só espaço,
de uma só visão silenciosa.
Tu já começaste há muito com o sol e com os pássaros.
A tua voz ilumina as folhas e as pedras.
Eu sou o que começa, o que quer começar
para estar contigo entre as árvores e a água.
Aspiro a luz com o hálito de uma criança.
Estou enraizado numa pedra junto a um ribeiro.
Tu cantas e é o espaço que canta, um só desejo
que principia e adormece e no sono principia.

António Ramos Rosa
O Não e o Sim

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terça-feira, 7 de julho de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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PORTUGAL DO "MELHOR"?

EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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VERDADE, MENTIRA, CERTEZA, INCERTEZA

Verdade, mentira, certeza, incerteza...
Aquele cego ali na estrada também conhece estas palavras.
Estou sentado num degrau alto e tenho as mãos apertadas
Sobre o mais alto dos joelhos cruzados.
Bem: verdade, mentira, certeza, incerteza o que são?
O cego pára na estrada,
Desliguei as mãos de cima do joelho
Verdade mentira, certeza, incerteza são as mesmas?
Qualquer cousa mudou numa parte da realidade — os meus joelhos
e as minhas mãos.

Qual é a ciência que tem conhecimento para isto?
O cego continua o seu caminho e eu não faço mais gestos.
Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual.
Ser real é isto.

Alberto Caeiro
Poemas Inconjuntos

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segunda-feira, 6 de julho de 2009

POEMA DO FUTURO

Conscientemente escrevo e, consciente,
medito o meu destino.

No declive do tempo os anos correm,
deslizam como a água, até que um dia
um possível leitor pega num livro
e lê,
lê displicentemente,
por mero acaso, sem saber porquê.
Lê, e sorri.
Sorri da construção do verso que destoa
no seu diferente ouvido;
sorri dos termos que o poeta usou
onde os fungos do tempo deixaram cheiro a mofo;
e sorri, quase ri, do íntimo sentido,
do latejar antigo
daquele corpo imóvel, exhumado
da vala do poema.

Na História Natural dos sentimentos
tudo se transformou.
O amor tem outras falas,
a dor outras arestas,
a esperança outros disfarces,
a raiva outros esgares.
Estendido sobre a página, exposto e descoberto,
exemplar curioso de um mundo ultrapassado,
é tudo quanto fica,
é tudo quanto resta
de um ser que entre outros seres
vagueou sobre a Terra.

António Gedeão
Poemas Póstumos

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sexta-feira, 3 de julho de 2009

EDIÇÃO DE HOJE/AMANHÃ DO JORNAL FONTE NOVA


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LISTA DE OBJECTOS ENCONTRADOS UM ACAMPAMENTO DE ESCRAVOS FUGITIVOS MAIS O POEMA ENCONTRADO NESTA LISTA

três machetes
três facas duas com ponta e outra sem ponta
três punhais de tamanho maior com as suas baínhas
um punhal sem cabo e sua baínha
três punhais sem cabo e sem baínhas
um machado para lenha com cabo
meia arroba de cera cozida pouco mais ou menos
meia arroba de cera cozida pouco mais ou menos
igual quantidade de cera em rama
um baralho de cartas
algumas peças de roupa
um capote com mais de meio uso
uma rede de dormir com mais de meio uso
um pouco de carne
uma frigideira e um pouco de comida
um garrote grande e uma pedra redonda
uma vasilha grande de guira para transportar água
uma cabaça pequena com mel e uma garrafa vazia
um pouco de pólvora
seis chuços que mandei destruir

Alexandre O'Neill
Dezanove Poemas

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quinta-feira, 2 de julho de 2009

"EDUCAÇÃO" SOCIALISTA HOJE NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

O ministro da economia Manuel Pinto hoje no decorrer do debate estado da nação, na Assembleia da República, sentado na bancada do governo.

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ESTOCISMO

Tu que não crês, nem amas, nem esperas,
Espírito de eterna negação,
Teu hálito gelou-me o coração
E destroçou-me da alma as primaveras...

Atravessando regiões austeras,
Cheias de noite e cava escuridão,
Como n'um sonho mau, só oiço um não,
Que eternamente ecoa entre as esferas...

— Porque suspiras, porque te lamentas,
Cobarde coração? Debalde intentas
Opôr á Sorte a queixa do egoísmo...

Deixa aos tímidos, deixa aos sonhadores
A esperança vã, seus vãos fulgores...
Sabe tu encarar sereno o abismo!

Antero de Quental
Sonetos

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