quinta-feira, 30 de abril de 2009

1º DE MAIO

123 Anos depois da violenta repressão que se abateu sobre os trabalhadores, que em Chicago lutavam pelas oito horas de trabalho, é fundamental reafirmar a nossa vontade em continuar a trabalhar e viver em Portalegre.

É imprescindível reafirmar a exigência do direito ao trabalho e do pagamento dos salários.

É fundamental travar a política de destruição do distrito de Portalegre.

É urgente mudar de Rumo!

Todos à Manifestação!


Dia 1 de Maio de 2009

Concentração/Manifestação em Portalegre

10,00 horas – Rossio

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O QUE FAZ FALTA



Quando a corja topa da janela
O que faz falta
Quando o pão que comes sabe a merda
O que faz falta

O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta

Quando nunca a noite foi dormida
O que faz falta
Quando a raiva nunca foi vencida
O que faz falta

O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é acordar a malta
O que faz falta

Quando nunca a infância teve infância
O que faz falta
Quando sabes que vai haver dança
O que faz falta

O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta

Quando um cão te morde a canela
O que faz falta
Quando a esquina há sempre uma cabeça
O que faz falta

O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta

Quando um homem dorme na valeta
O que faz falta
Quando dizem que isto é tudo treta
O que faz falta

O que faz falta é agitar a malta
O que faz falta
O que faz falta é libertar a malta
O que faz falta

Se o patrão não vai com duas loas
O que faz falta
Se o fascista conspira na sombra
O que faz falta

O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta é dar poder a malta
O que faz falta

Zeca Afonso
O que faz falta

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quarta-feira, 29 de abril de 2009

PETRÓLEO

Afinal aqueles imbondeiros
Paquidermes de raízes e flores
Soldados fantasmas
Eram os guardas verdadeiros
Permanentes e firmes
Aos ventos e aos calores
Por sobre um tesouro milenário.

Guardaram com os seus braços levantados
E seus corpos dilatados
Ocupando
Todo o areal enorme
Imenso
Como fantoches disfarçados
Afugentando os homens
Com os seus corpos feios
Blindados de chumbo.

Afinal aqueles imbondeiros
São os guardas que foram vencidos
Todos
Quase todos serão sepultados
Sobre eles cairão
As torres de ferro e de triunfo.

Um novo poema em gritos de luz e de força
Surgirá das profundidades do vasto areal
Haverá mais trabalho e felicidade
Em nova fase de visões e fatalidades.

Eu como poeta
Dono da fantasia e da realidade
Dono de tudo sem querer nada
Em novos Cânticos sociais e humanos
Cantarei humanamente
A minha terra e o meu petróleo.

Tomás Jorge
Areal

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terça-feira, 28 de abril de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO



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A VERGONHA DO PARTIDO SOCIALISTA VALE ZERO


O Ministério da Educação pediu ao Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide autorização para filmar crianças a utilizar o Magalhães.
Mas, segundo conta hoje o Rádio Clube e o jornal “24 Horas”, as imagens acabaram por passar num tempo de antena do Partido Socialista, na RTP, no passado dia 22.
Os pais pediram já uma reunião na escola, a exigir uma explicação e a escola por sua vez, pediu explicações ao ministério, como adiantou ao Rádio Clube Ana Travassos, presidente do Conselho Executivo do Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide.



O meu melhor amigo é o Magalhães.

Aquela criancinha adorável seguramente que votaria em quem lhe deu o melhor amigo.

No Estado.

Não, no PS.

Não é a mesma coisa?

A escola poderia ensinar as diferenças.

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Morreu Dom Fuas, gato meu sete anos,
pomposo, realengo, solene quase inacessível,,
na sua elegância desdenhosa de angorá gigante,
cendrado e branco, de opulento pêlo,
a cauda como pluma de elmo legendário.

Contudo, às suas horas, quando acontecia
que parava em casa mais que por comer
ou visitar-nos condescendentemente como
a Duquesa de Guermantes recebendo Swann,
tinha instantes de ternura toda abraços,
que logo interrompia retornando
aos seus passos de império, ao seu olhar ducal.

Nunca reconheceu nenhuma outra existência
de gato que não ele nesta casa. Os mais
todos se retiravam para que ele passasse
ou para que ele comesse, eles ficando
ao longe contemplando a majestade
que jamais miou para pedir que fosse.

Andava adoentado, encrenca sobre encrenca,
e via-se no corpo e no opulento pêlo,
como no ar da cabeça quanta humilhação
o sofrimento impunha a tanto orgulho imenso.
Por fim, foi internado americanamente,
no hospital do veterinário. E lá,
por notícia telefónica, sozinho, solitário,
como qualquer humano aqui, sabemos que morreu.

A única diferença, e é melhor assim,
em tão terror ambiente de ser-se o animal que morre,
foi não vê-lo mais. Porque ou nós morremos,
como dantes se morria em público,
a família toda, ou toda a corte à volta, ou
é melhor que se não veja no rosto de qualquer
- mesmo ou sobretudo no de um gato que era tão orgulhoso em vida -
não só a marca desse morrer sozinho de que se morre sempre
mesmo que o mundo inteiro faça companhia,
mas de outra solidão tecnocrata, higiénica
que nos suprime transformados em
amável voz profissional de uma secretária solícita.

Dom Fuas, tu morreste. Não direi
que a terra te seja leve, porque é mais que certo
não teres sequer ter tido o privilégio
de dormir para sempre na terra que escavavas
com arte cuidadosa para nela pôres
as fezes de existir que tão bem tapavas,
como gato educado e nobre natural.
Nestes anos de tanta morte à minha volta,
também a tua conta. Nenhum mais
terá teu nome como outros tantos gatos
antes de ti foram já Dom Fuas.


Jorge de Sena
40 Anos de Servidão

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sexta-feira, 24 de abril de 2009

25 DE ABRIL



Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

Zeca Afonso

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quinta-feira, 23 de abril de 2009

EM ARRONCHES NÃO HÁ MAIS NINGUÊM?

Hoje ao ler o jornal Alto Alentejo edição de 22 de Abril do 2009 deparo com esta noticia (ver foto, carregue na foto para ler) na página 9:


Como arronchense já estou farto de ver ocupar a cadeira do poder do município de Arronches sempre os mesmos.

Quando chega a proximidade das eleições autárquicas eles desdobram-se em vender gato por lebre.

Vamos ter cartazes com a cara do Gil Romão e com o slogan Uma Equipa Amiga de Sempre ?

Será que este ano vamos ter novamente visitas ao hotel como há 4 anos atrás?

Vamos outra vez falar do Museu Agrícola, onde já se gastou muitos milhares de euros e nunca viu a luz do dia ?

Será que o lagar vai ter outro destino como teve os antigos celeiros da ex-EPAC ?

Chega de gente desta!

Vamos todos ajudar a mudar a nossa terra.


Afonso Manuel

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CRÓNICA DE NENHURES

Quando nem os Sinos dobram
.
A mim, Portalegrense exilado, só me resta o suicídio como forma de me redimir por todo o progresso no qual não participei e por todo o obscurantismo do qual sou seguramente responsável.
Em Portalegre o medo mora atrás dos cantos e das palavras.
A cidade é sórdida no quebranto que nos tolhe a vontade e nos faz recordar as noites lúgubres e inquisitoriais repletas de almas do outro mundo.
Pior só mesmo a Sicília com toda a sua organização clandestina e criminosa, e nem o Vento Suão consegue superar o cheiro dos jasmins de Palermo.
José Corvo
.
Quando no mês da Feira das Cebolas do ano setenta do século passado Carlos Garcia de Castro escreveu o poema “Os Sinos de São Lourenço”, ainda havia a Feira das Cebolas e ainda dobravam os sinos da Igreja de São Lourenço. Hoje, tudo já é nada!
A Feira das Cebolas já não tem existência física, enquanto há anos que os sinos da igreja paroquial de São Lourenço não tocam e estão em risco de cair e as torres sineiras de derrocada.
O toque a finados de que fala o poeta Carlos Garcia de Castro já não se ouve, mas a Morte entrou em Portalegre e não quer ir-se embora. Morreu a Arte dos Lanifícios, cuja primeira referência histórica data do tempo do luto pelo rei morto em Alcácer-Quibir. Morre todos os dias a Arte do Comércio, cujos símbolos, a Rua 5 de Outubro e a Rua do Comércio, estão moribundos. Morta está a Arte da Cortiça, a Corticeira Robinson vai fechar. Morto está o Rossio, aquele espaço que era a Ágora da Polis. Morto está o Mercado Municipal, porque as hortas que circundavam a cidade morreram. Nado-morto é a Escola de Hotelaria e Turismo.
Mortos estão os Portalegrenses, que não encontram estimulo para lutarem contra o Mal que assola a cidade e o concelho.
Os grandes responsáveis pelo que de Mau acontece em Portalegre são o Partido Socialista e o Partido Social Democrata. Juntos têm mais de dois terços dos votos. Tudo controlam, em tudo entram, não para servir a Comunidade, mas sim para servirem os interesses partidários e quantas vezes os pessoais.
Em Portalegre não há verdadeira alternância democrática. Seria normal que o partido vencedor ocupasse os lugares de nomeação política. Contudo, em Portalegre há, independentemente do vencedor, uma partilha dos lugares, em que apenas muda a chefia, que é entregue rotativamente ao partido vencedor, mas os quadros intermédios permanecem indefinidamente. PS e PSD dividem entre si o que há a dividir, sejam colectividades culturais, desportivas ou de solidariedade social, sejam lugares públicos.
O Grande Centrão é quem manda em Portalegre, os aparelhos do PSD e do PS distribuem o que há a distribuir pelos seus militantes. O cartão do partido é que dá emprego, que em Portalegre apenas existe no sector público, lugares de mando e mordomias de toda a ordem.
Hoje há duas classes sociais em Portalegre, os militantes do PS e do PSD, e os outros. Os primeiros são 'cidadãos de primeira', os outros 'cidadãos de segunda'. Assiste-se em Portalegre a existência de uma nomeklatura de tipo soviético, composta pelos militantes do Centrão. Nela há estratos bem definidos, cada um sabe até onde pode ir, ao que pode ascender, como deve agir, a quem deve obedecer.
E o Povo de Portalegre tudo vê e cala. E consente!


Mário Casa Nova Martins
A VOZ PORTALEGRENSE

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CANTATA DA PAZ



Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar
Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar

Vemos, ouvimos e lemos
Relatórios da fome
O caminho da injustiça
A linguagem do terror

A bom ba de Hiroshima
Vergonha de nós todos
Reduziu a cinzas
A carne das crianças

D'África e Vietname
Sobe a lamentação
Dos povos destruídos
Dos povos destroçados

Nada pode apagar
O concerto dos gritos
O nosso tempo é
Pecado organizado

Sophia de Mello Breyner Andresen

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quarta-feira, 22 de abril de 2009

O QUE SE PASSA NA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PORTALEGRE? {PARTE VI}

Neste momento continua-se a viver dentro da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre um clima de terror ou pior ainda.

Um membro da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre anda a espalhar: que com as denúncias e as inspecções feitas o mais certo é a instituição fechar ( o que é praticamente impossível de acontecer porque Instituições ligadas à Igreja e Segurança Social não fecham assim), o que leva a que as funcionárias e idosos que iriam falar neste momento estão aterrorizados e já não querem falar .
Desde já podemos tranquilizar as funcionárias , idosos e familiares que a instituição não irá encerrar.


J.M.C.

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PORQUE NÃO ME VÊS




Meu amor adeus
Tem cuidado
Se a dor é um espinho
Que espera sozinho
Do outro lado
Meu bem desvairado
Tão aflito
Se a dor é um dó
Que desfaz o nó
E desata um grito
Um mau-olhado
Um mal pecado
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono
Porque não me vês
Maresia
Se a dor é um ciúme
Que espalha um perfume
Que me agonia
Vem-me ver amor
De mansinho
Se a dor é um mar
Louco
A transbordar
Noutro caminho
Quase a espraiar
Quase a afundar
E a saudade é uma espera
É uma aflição
Se é Primavera
É um fim de Outono
Um tempo morno
É quase Verão
Em pleno Inverno
É um abandono

Fausto
Por Este Rio Acima

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terça-feira, 21 de abril de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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O QUE SE PASSA NA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PORTALEGRE? {PARTE V}


Desmistificando toda a polémica que se instalou na nossa cidade na sequência das notícias publicadas em vários órgãos de comunicação social, a Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre abriu as portas ao nosso jornal e colocou em questão todos os que, até então, falaram do terror e falta de condições da instituição, garantindo que "é tudo mentira" e que a responsável por toda esta situação "já tem a correr uma queixa-crime no Ministério Público".



Misericórdia de Portalegre abre o jogo - "É tudo mentira"


No final da semana passada, a Mesa Administrativa da SCMP entrou em contacto com o nosso jornal no sentido de apresentar, formalmente, um comunicado de imprensa que respondesse finalmente a toda a polémica lançada na sequência das declarações de Maria Celeste Damasceno Miranda Tavares, funcionária da instituição, a alguns órgãos de comunicação regional e nacional.

O Fonte Nova, que nunca recebeu qualquer contacto da respectiva funcionária e, por essa razão, não publicou qualquer notícia em relação a este tema, acedeu ao convite da Mesa e visitou as instalações da instituição.

Além do comunicado, toda a Mesa Administrativa, incluindo a provedora, Piedade Murta, responderam abertamente às nossas questões, negaram compulsivamente todas as acusações de que têm sido alvo e defenderam que toda esta situação não passa de um atentado à integridade desta casa.

De acordo com a direcção, todas as acusações que, recentemente, foram denunciadas na praça pública são falaciosas e correspondem a "atentados à dignidade de uma instituição desta cidade que a todos deveria merecer o maior respeito", bem como às pessoas que nela trabalham e nela têm investido muito esforço e dedicação pessoais, mas também, e sobretudo, "a todas as pessoas que nela se acolhem e residem". E lamentou ainda que toda esta "maledicência" só tenha sido desenvolvida para "vender notícias sensacionalistas" e "alimentar blogues de gente que, a coberto da máscara cobarde do anonimato, profere ignomínias sobre gente de bem" e que, ao longo de toda a vida, "deu a cara publicamente pelas causas desta cidade e deste concelho".




Foi por estas razões, e por entender que esta discussão "já foi longe demais", que a Mesa Administrativa da SCMP decidiu esclarecer publicamente, não só perante os munícipes, a cidade e a Diocese, mas também perante a própria dignidade da instituição, dos seus utentes e de todos os que nela desempenham "com dedicação e honestidade" as suas funções, uma situação que consideram "caluniosa e que apenas visa denegrir" o trabalho desenvolvido até então.

De acordo com a Mesa, na origem de todo este processo está Maria Celeste Damasceno Miranda Tavares, uma funcionária da instituição que, desde Setembro de 2008, se encontra no Seguro por doença e que, até há muito pouco tempo, era também Irmã da SCMP.

Em conversa com o nosso jornal, todos os membros da Mesa Administrativa revelaram que, ao longo da sua permanência na instituição, a funcionária "incorreu em várias situações irregulares e do foro disciplinar, algumas delas de extrema gravidade, que foram alvo de processos disciplinares, devida e legalmente instruídos, tendo-lhe sido atribuídas várias sanções". E acrescentam que, neste momento, essa mesma funcionária "tem a correr uma queixa-crime no Ministério Público, efectuada pela Mesa Administrativa desta Santa Casa".

Explicando que no início de um dos mandatos foram distribuídos vários "pelouros" e encetada uma reestruturação que começou a regular todos os funcionários, distribuindo-os por várias funções específicas, a Mesa Administrativa assegurou que Maria Celeste Damasceno Miranda Tavares "foi sempre uma pessoa muito difícil", que "não gosta de autoridade, regras e hierarquias" e que, por essa razão, "incorreu em várias situações graves e processos disciplinares (com respectivas sanções) ao longo dos anos".

"Também por causar danos à instituição, tal como está previsto no Compromisso desta Santa Casa, que é um documento público, e após parecer fundamentado do advogado desta Instituição, a mesma funcionária foi destituída da qualidade de Irmã da SCMP, situação que lhe foi dada formalmente a conhecer pelos trâmites normais e legais – e da qual não recorreu, portanto, conformando-se com ela – perdendo todos os direitos inerentes a essa qualidade", referiu, em comunicado, a Mesa Administrativa, adiantando ainda que todo esse processo está a ser tratado internamente e que "irá correr os devidos trâmites, nos locais devidos, e não na praça pública, como é natural e devido à dignidade e honra de todos os intervenientes, incluindo a própria funcionária". Na verdade, e de acordo com os responsáveis, Maria Celeste Damasceno Miranda Tavares tinha possibilidades, à luz do Compromisso, de recorrer à Assembleia-Geral da decisão da sua expulsão. No entanto, "deixou passar o prazo, não recorreu e assumiu que a decisão era justa", revelaram em entrevista.

De salientar ainda que, neste momento, e a pedido da Mesa Administrativa," decorre uma auditoria da Segurança Social e da União das Misericórdias à SCMP, e à qual foi pedido carácter de urgência, a que o Centro Distrital de Segurança Social correspondeu imediatamente". Auditoria que, assim que concluída, estará "à inteira disposição para todos os esclarecimentos de pormenor que se afigurarem relevantes, necessários e indispensáveis".

Em conversa, os representantes da Mesa Administrativa garantiram ainda que, tal como aconteceu no passado, a direcção da SCMP "tem vindo a fazer o melhor possível pela instituição, sempre com plena consciência que ainda há muito para fazer e que o que temos não é perfeito. Tem problemas de organização, de equipamentos e inerentes à estrutura em que estamos instalados", referiram, lamentando mais uma vez a ausência de novas instalações.

"Somos uma casa pobre mas funcionamos de forma a assegurar as necessidades elementares de toda a gente, de forma adequada, com qualidade e dentro dos parâmetros definidos pela Segurança Social, União das Misericórdias e de todas as outras entidades responsáveis pela fiscalização", frisaram.

Em jeito de conclusão, a Mesa Administrativa lembrou ainda que todos os seus órgãos constituintes são "voluntários não remunerados"; "pessoas idóneas e preocupadas com o próximo" e "eleitas democraticamente num processo transparente, livre e participado, no respeito pelo Compromisso da SCMP". Em suma, "pessoas que querem servir e não servir-se da instituição".

"Quando assumimos a responsabilidade da gestão desta Santa Casa, a nossa preocupação primordial foi assegurar o bem-estar e as condições de segurança dos utentes desta instituição em todas as suas dimensões. Para isso foram asseguradas obras de remodelação em muitos sectores, alterações de funcionamento e organização, modernização dos meios de comunicação e gestão, e a formação do pessoal afecto aos vários sectores, tendo em vista as competências específicas e funcionais", pode ainda ler-se no comunicado.

Apesar das vicissitudes
Novo projecto a caminho


Quando a actual Mesa Administrativa assumiu a responsabilidade da gestão da Santa Casa, a "preocupação primordial" foi assegurar o "bem-estar e as condições de segurança" dos utentes desta instituição. Para isso foram asseguradas obras de remodelação em muitos sectores, alterações de funcionamento e organização, modernização dos meios de comunicação e gestão, e formação do pessoal afecto aos vários sectores. No entanto, "deparámo-nos sempre com obstáculos que inter-feriam e colidiam com quaisquer mudanças que quiséssemos implementar", refere a Mesa.

E, sem esquecer as limitações financeiras inerentes a uma instituição pobre como a Misericórdia de Portalegre, a Mesa Administrativa deparou-se sempre com o problema estrutural do edifício-sede. Trata-se de um imóvel centenário, que serviu bem noutras épocas, mas que já não serve as necessidades e requerimentos do tempo actual, e que coloca mais problemas à gestão de recursos e qualidade do atendimento que qualquer outro factor de gestão.

A necessidade de construção de novas instalações "não é uma invenção ou capricho desta Mesa. Há muito que vem sendo colocado como um objectivo primordial por diversas administrações que por aqui passaram. E esse foi o nosso propósito quando nos recandidatámos a novo mandato, numa situação que, estatutariamente, seria sempre facilmente contrariada por qualquer lista opositora", referem os elementos.

Desde há quatro anos que a Mesa Administrativa está a desenvolver um projecto de renovação para a Misericórdia, até porque "queremos uma casa que seja exemplar na forma como proporciona conforto, segurança e, sobretudo, carinho e aconchego a quem a ela tem que recorrer numa fase tão delicada e frágil da existência".



No dia 16 de Fevereiro, abriu concurso a Medida 6.12 dedicada ao Alentejo, enquadrada no QREN/ POPH, e para o qual a Misericórdia de Portalegre vai concorrer. Nesse sentido, a Mesa da Assembleia contactou com os arquitectos responsáveis pelo projecto em curso. "Pensávamos que estava concluído, mas não tinham sido feitas as alterações sugeridas pelos pareceres dados pela Segurança Social, Delegada de Saúde e Autoridade Nacional de Protecção Civil, Comando Distrital de Operações de Socorro de Portalegre, para ser sujeito a licenciamento", explicou Margarida Curinha, directora técnica.

Assim, e uma vez que o parecer prévio caducou e os arquitectos não baixavam os honorários, a Mesa da Assembleia convidou Luís Calado e Dalila. Os arquitectos "ficaram interessadíssimos e, com um espírito fantástico de luta e de vontade de fazer, num mês conseguiram fazer o que tínhamos feito em três anos", sublinhou a directora.

Na manhã de quinta-feira, a Santa Casa recebeu uma grande notícia: o projecto foi aprovado na Câmara Municipal de Portalegre, depois de terem sido dados os pareceres positivos de todas as entidades. "Todas as entidades foram céleres, disponíveis e colaborantes na aprovação do mesmo", sublinha Margarida Curinha, acrescentando que "foi uma grande vitória".

Neste momento, a Santa Casa encontra-se a "fazer contas" para a candidatura e tudo indica que a resposta seja positiva. Está a ser feito um estudo que tem como finalidade demonstrar a viabilidade da Santa Casa mesmo pagando o empréstimo.

A obra está orçada em cerca de três milhões de euros, e tem um prazo de execução de 36 meses a partir da data de aprovação do financiamento.

Adiantando que o estudo que está a ser feito é sobre o "pior cenário possível", a directora técnica avança que "se tivermos dinheiro para o pior cenário possível temos para o resto".

Note-se que, na pior das hipóteses (com uma comparticipação de 50%), a Santa Casa terá de assegurar um milhão e meio de euros.

Dado que a Misericórdia de Portalegre é uma instituição "pobre" e não tem capacidade financeira para suportar um projecto desta dimensão, neste momento encontra-se a aguardar uma resposta de uma instituição bancária para aprovação de um empréstimo.

"A credibilidade que a Misericórdia tem perante as instituições bancárias permite que as coisas sejam levadas superiormente e que se coloque a possibilidade disso vir a acontecer como esperamos", adiantou Margarida Curinha, acrescentando que "conseguiríamos pagar o empréstimo e viver como vivemos agora, sem cortes em pessoal, se o empréstimo fosse até aos 25 anos".


Instalações de luxo


Tal como já noticiámos no nosso jornal, o projecto da Misericórdia de Portalegre contempla a reestruturação do edifício sede e a sua ampliação.

Este novo projecto tem, no entanto, algumas diferenças em relação ao primeiro, nomeadamente em termos do número de utentes. Margarida Curinha explicou que o lar passará de 97 para 60 pessoas. O lar residencial, que se destina a pessoas com deficiência, será aumentado para 36. será mantido o apoio domiciliário, que contempla a parte de apoio domiciliário integrado, "onde conseguimos ir até às 80 pessoas", e "vamos estender-nos ao apoio a pessoas com deficiência". A directora técnica avançou ainda que será mantido o centro comunitário, e aumentado o centro de dia, que passará de 20 para 30 vagas.

A Unidade de Atendimento Integrado vai desaparecer, porque "não temos capacidade física para a transformar em unidades de cuidados continuados", justificou.

Revelando que, com esta obra, os utentes "vão ficar mega bem instalados", Margarida Curinha elogiou o trabalho dos arquitectos, declarando que "estiveram inspiradíssimos, e penso que para a sua motivação foi muito importante o facto de serem de Portalegre".

De visita à instituição


Em visita às instalações da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre, em plena hora de refeição, o nosso jornal abordou formal e informalmente um número vasto de utentes, na sua maioria, em Centro de Dia, no sentido de verificar o grau de satisfação dos mesmos. A verdade é que, à excepção de alguns reparos em relação aos pratos das refeições que, por vezes, não agradam, nenhum dos idosos se queixou de maus tratos por parte de funcionárias.

Adelina Garção
"Gosto de estar aqui. Cheguei há um ano e meio e estar aqui tem sido uma grande ajuda para a minha vida. Aqui não comemos mais porque não queremos e a comida é toda boa. Além disso, é tudo muito asseado, tratam as pessoas com carinho e nunca vi aqui nada de mal. Dou-me bem com toda a gente e nunca tive problemas com ninguém".

José Mourato
"Estou cá há mais de um ano, não dou trabalho a ninguém e, até agora, ninguém me tratou mal. O quarto é bom e o comer uns dias é melhor e em outros nem por isso. Sinceramente, gostava mais de estar em casa".

João Rodrigues
"Gosto de cá estar. Estou cá há seis anos e não tenho razão de queixa de ninguém, dou-me bem com toda a gente. Nunca fiz queixa de ninguém, não tenho problemas nem com os colegas, nem com os funcionários. Quanto ao comer, uns dias é melhor, outros é pior, mas não há problema".

Júlio Carrilho
"Estou aqui há dois meses. Uns dias passam-se melhor que outros, mas sou bem tratado. As empregadas tratam-me bem, umas são mais simpáticas que outras, mas ninguém me faz mal. Vou estando sossegado para não arranjar problemas".

Joaquina Ascensão Grave
"Já estou cá há algum tempo, nem me lembro. Gosto muito de estar aqui, toda a gente me trata bem, tanto os colegas, como as empregadas. Aquilo que se tem dito é mentira, aqui quem mais sofre são as empregadas a tratar de nós. O comer é bom. Já fui cozinheira e gosto do que como aqui".

Agostinho e Rosalina Rito
"Estamos aqui juntos, no mesmo quarto, há três anos. Damo-nos bem um com o outro e com as pessoas. Gostávamos mais de estar em casa, perto dos meus amigos, mas também gostamos de estar aqui. O comer é bom, gostamos mais de uns pratos do que de outros, mas é bom".

Maria Catarina e Joaquim Machado
"Chegámos há cerca de dois ou tres anos e estamos contentes. O comer nem sempre agrada, mas em casa também é assim. De resto estamos bem, nunca vimos ninguém a tratar mal ninguém, temos sido bem tratados e as empregadas são simpáticas connosco".

António Pinto
"Estou aqui desde Outubro de 2007 e tenho sido bem tratado, não tenho nada contra ninguém. Aqui há fartura, ninguém passa fome e, por vezes, o comer ainda sobra".

André Relvas e Catarina Lopes
FONTE NOVA

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EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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AS "PUTAS" NESTA CIDADE DE PORTALEGRE SÃO TODAS VIRGENS?

ACIMA DA VERDADE ESTÃO OS DEUSES

Acima da verdade estão os deuses.
A nossa ciência é uma falhada cópia
Da certeza com que eles
Sabem que há o Universo.

Tudo é tudo, e mais alto estão os deuses,
Não pertence à ciência conhecê-los,
Mas adorar devemos
Seus vultos como às flores,

Porque visíveis à nossa alta vista,
São tão reais como reais as flores
E no seu calmo Olimpo
São outra Natureza.

Ricardo Reis
Odes

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segunda-feira, 20 de abril de 2009

NOVA ESTAÇÃO

Toda a gente passou a cumprimentar-nos
O sol é novo através da chuva.
Abrem-se as janelas com cuidado.
Uma frescura sobe ao compasso da terra.
Fomos crianças. As árvores tilintam.

É tempo de trabalhar
inquietamente.
Tempo de caminhar com presteza
pelas calçadas húmidas.
Tempo de ser vergastado pelo vento.
Tempo sério.

A cidade é grande, cinzenta verde.
Paremos.
Os troncos negros brilham.

Há um fervor no ar.
Mil centelhas pululam.
As fachadas são largas, lisas.
Respiremos.
Vamos continuar o dia.

O sol tão disseminado,
vibrante além nas pedras.
E sombra deste lado e quase azul.
Um animal lentamente passa
entre caminhantes apressados.
No tumulto dos metais entre os brilhos,
nós, sossegados, vemos.

António Ramos Rosa
Estou Vivo e Escrevo Sol

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

EDIÇÃO DE HOJE/AMANHÃ DO JORNAL FONTE NOVA


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O NOVO SANTO

Por decisão do Vaticano temos um novo santo português. Devemo-nos alegrar pelo facto, mesmo os que não fazem parte do grémio católico. Até os castelhanos. O estratego e vencedor de Aljubarrota é figura primacial da História de Portugal, estando na origem da mais poderosa casa ducal e quando bem amarrada a independência de Portugal retirou-se da cena política, passando à esfera do espiritual. Ensina-nos a história que na gesta dos povos alguns homens refulgem de tal forma que ofuscam todos quantos foram necessários para grandes e espinhosos cometimentos terem tido êxito. O caso de Nuno Álvares Pereira é paradigmático.
Na adolescência fui obrigado a participar num cansativo acto de veneração às suas relíquias, em cerimónia organizada pela Mocidade Portuguesa (a bufa dizíamos) onde não faltaram discursatas e elogios ao salazarismo. O sacrifício feito levou-me a nutrir pouca estima pelo agora canonizado e mesmo quando cresci mantive a relutância em lhe reconhecer as suas patentes qualidades.
Pouco a pouco procurei perceber o seu talento, até no modo como deu grandeza á sua casa, o mesmo no referente ao seu empenhamento religioso. A decisão do Vaticano não altera em nada aquilo que penso, no entanto, talvez fosse interessante aproveitar-se para possibilitar a todos um melhor conhecimento da História de Portugal, sem cariz apologético, mas de maneira a percebermos os momentos de crise, de revolução, de paz e grandeza.
Muitos actos cometidos por significantes figuras históricas envergonham-nos, muitas dessas figuras são lembradas pelos piores motivos, ao invés também podemos lembrar outras cuja inteligência, probidade e valor podem ser apontadas como exemplo. Na época salazarista a historiografia oficial servia-se de muitas figuras para enaltecer o ditador, após a conquista da liberdade outros historiadores fizeram-se notar por um conjunto de obras onde quase percebemos desdém ou desprezo pela nossa história.
Não acreditando em milagres, talvez a canonização de D. Nuno sirva para novas interpretações da crise ou revolução, virem a lume e apareçam projectos de divulgação histórica entusiasmantes de todos quantos acham ser a disciplina de história uma grande seca. Se tal acontecer tenho de começar a acreditar em milagres, creditando ao novel Santo esse feito, do qual darei conta aos leitores. Posso ser acusado de interesseiro, mas tudo quanto seja a favor da nossa História não é demais, para mal basta assim.


A.F.

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CAIXADÓCLOS

- Patriazinha iletrada, que sabes tu de mim?
- Que és o esticalarica que se vê.

- Público em geral, acaso o meu nome...
- Vai mas é vender banha da cobra!

- Lisboa, meu berço, tu que me conheces...
- Este é dos que fala sozinho na rua...

- Campdòrique, então, não dizes nada?
- Ai tão silvatávares que ele vem hoje!

- Rua do Jasmim, anda, diz que sim!
- É o do terceiro, nunca tem dinheiro...

- Ó Gaspar Simões, conte-lhes Você...
- Dos dois ou três nomes que o surrealismo...

- Ah, agora sim, fazem-me justiça!

- Olha o caixadóclos todo satisfeito
a ler as notícias...

Alexandre O'Neill
Feira Cabisbaixa

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quinta-feira, 16 de abril de 2009

CAVALEIRO E O ANJO

CONQUISTA

Livre não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mas a minha aguerrida
Teimosia
É quebrar dia a dia
Um grilhão da corrente.

Livre não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a dentro de mim como um destino.
E vão lá desdizer o sonho do menino
Que se afogou e flutua
Entre nenúfares de serenidade
Depois de ter a lua!

Miguel Torga
Cântico do Homem

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quarta-feira, 15 de abril de 2009

EDIÇÃO DE ONTEM/HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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"SENHOR ENGENHEIRO"?



Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou – bem

Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramar
Enganar

Despedir
E ainda se ficam a rir

Eu quero acreditar
Que esta merda vai mudar

E espero vir a ter
Uma vida bem melhor

Mas se eu nada fizer

Isto nunca vai mudar
Conseguir
Encontrar
Mais força para lutar...

(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso

Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer

É difícil ser honesto

É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir

Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar
A enganar

o povo que acreditou

Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar...


(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira

Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder


Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão


Xutos & Pontapés
Sem eira nem beira


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terça-feira, 14 de abril de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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É A SAÚDE QUE TEMOS NO DISTRITO DE PORTALEGRE

Filhos & Enteados

A expressão "berço de ouro" faz sentido quando falamos de acesso a determinados bens.
Nós Por Cá fomos alertados para o facto de as crianças nascidas no Alentejo não terem os mesmos direitos que aquelas que vivem em Lisboa, no Porto ou em Coimbra
.



Já todos sabíamos que o Alentejo é uma reserva de Índios para estrangeiros visitarem.

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FAÇAM POR NÃO VEREM MAIS

MOTE

Vós, ó mães idolatradas,
Façam por não verem mais
Crianças abandonadas,
Tísicas — nos hospitais.

GLOSAS

Sim, vós, ó mães carinhosas,
Criai as vossas filhinhas,
Educai-as de criancinhas,
Mas não em leis religiosas,
Que essas leis são perigosas,
E p'los homens inventadas.
Não sigam, pois, enganadas
Pelos padres sem consciência,
E amem o deus-Providência,
Vós, ó mães idolatradas!...

Se quereis ver a religião,
Já noutro tempo atrasado,
Leiam um livro chamado
«Mistérios da Inquisição»...
Lendo aí, compreenderão
Como as pessoas reais
Mandaram fuzilar pais
E mães sem fazerem mal.
Padres e gente real,
Façam por não verem mais.

E quando se saiba amar
Como irmãos, em toda a terra,
Bombas, revoluções e guerra
Para sempre hão-de acabar;
Nem mais se hão-de encontrar
Mulheres «matriculadas» —
Infelizes que, desonradas,
Ali procuram a morte,
Deixando, aos vaivéns da sorte,
Crianças abandonadas.

Hão-de acabar os ladrões,
Os patifes, os mariolas —
Quando se fizerem escolas
Das igrejas e prisões.
Hão-de acabar os patrões,
Que são prejudiciais —
Comprando bons enxovais
P'ràs suas filhas — enquanto
As dos pobres vertem pranto,
Tísicas — nos hospitais.

António Aleixo
Este Livro que Vos Deixo

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segunda-feira, 13 de abril de 2009

REVOLUÇÃO DE 25 DE ABRIL DE 2009

SEM DATA

Esta voz com que gritei às vezes
não me consola de só ter gritado às vezes.

Está dentro de mim como um remorso, ouço-a
chiar sempre que lembro a paz de segurança estulta
sob mais uma pedra tumular sem data verdadeira.

Quando acabava uma soma de silêncios,
gritava o resultado, não gritava um grito.

Esta voz, enquanto um ar de torre à beira-mar
circula entre as folhas paradas,
conduz a agonia física de recordar a ingenuidade.

Apetece-me explicar, agora, as asas dos anjos.


Jorge de Sena
Perseguição

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sexta-feira, 10 de abril de 2009

UMA PÁSCOA FELIZ


APESAR DOS SOCIALISTAS


TEREM ACABADO COM AS



AMÊNDOAS DE PORTALEGRE




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ATÉ AMANHÃ

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade
Até Amanhã

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quarta-feira, 8 de abril de 2009

NÃO TENHAM MEDO DE POLÍTICOS CORRUPTOS

Caros concidadãos portugueses,

Portugal vive o pior momento da sua história, de mais de 8 séculos.
Políticos maçóns, ateus, vigaristas, sem escrúpulos, agem contra os portugueses.
Portugal é um colónia de Espanha.
Temos o pior Primeiro Ministro de que há memória.
Os portugueses sentem todos os dias na carne as políticas avulsas, aviltantes, que o Governo de José Sócrates emana.
Portugal está a ser governado pela maçonaria do GOL, ateia, que conduz o nosso País para o abismo.
Esta gente da maçonaria não tem valores para além do Poder e do Dinheiro!
José Sócrates nunca tirou uma licenciatura limpa.
Tirou-a na "farinha amparo" como disse o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República não existe em Portugal.
Não se sabe onde está, o que faz.

Se o Prof. Cavaco Silva tivesse a perfeita noção das suas funções, teria de tomar posição, quando sabe que o Reino Unido tem o Primeiro Ministro de Portugal como suspeito de corrupção!!!
Cavaco Silva finge não saber isto.
Como se fosse a coisa mais normal um País ter o seu Primeiro Ministro como suspeito de corrupção noutro Estado!
Cavaco Silva está a desmerecer a confiança dos portugueses.
Hoje não é o Presidente de Portugal, mas uma pessoa que ocupa o lugar de PR, mas que vai perdendo a confiança do Povo, perdendo legitimidade.

O caso das pressões sobre magistrados do Ministério Público que investigam o caso Freeport é muito grave.
Cavaco Silva não comenta....
Mas atacou Santana Lopes apelidando-o de má moeda, ou seja de político sem qualidades... quando este era PM de Portugal, do seu PSD... do PSD que deu a Cavaco Silva a possibilidade de ser PM.
Com rios de dinheiro da CEE, para acabar em descrédito, com a boca cheia de bolo... e a não responder aos jornalistas.
Há que não ter medo!
Isto tem de ser alterado.
Não tenham medo como eu não tenho.
Posso ter a corrupta Ordem dos Advogados a chatear-me, a dizer a todo o Mundo que me vai fazer isto e aquilo... mas eu resisto, porque gosto de combater os corruptos e a Ordem dos Advogados é uma pessoa colectiva que devia ter a PJ a investigá-la, de alto a baixo.
A Ordem dos Advogados é um cancro, um antro do PS, uma organização que serve o Poder, como serviu no caso Casa Pia e serve no caso Freeport, serviu no caso Moderna, no caso Emeralda, no caso contra os inspectores da PJ.
Vamos resistir e mudar o sistema,!
Hoje mesmo no Perú foi condenado Fujimori, que caiu por causa de um escândalo de corrupção.
Vamos lutar em Portugal, tenha as consequências que tiver e custe o que custar.
Se deixarmos para amanhã o que deve ser feito hoje - derrubar o Governo, alterar a Constituição - estamos a hipotecar o futuro dos nossos filhos e seremos cobardes.

Por Portugal!


J.M.M.

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O QUE SE PASSA NA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PORTALEGRE? {PARTE IV}

Portalegre: Na Santa Casa da Misericórdia

Queixas por maus tratos e perseguição


A Santa Casa da Misericórdia de Portalegre está a ser alvo de queixas de funcionários e de familiares de utentes por perseguições a colaboradores e maus tratos a idosos do lar.
Do vasto rol de acusações destacam-se as mudanças frequentes das regras de funcionamento da instituição, com vista à expulsão de utentes, e aplicação de processos disciplinares a funcionários, a falta de qualidade das refeições e limitações nas visitas aos internos no lar.
A irmã Celeste Tavares, que se encontra de baixa devido a uma intervenção cirúrgica, é das poucas funcionárias a dar a cara pelas denúncias. Após mais de 20 anos ao serviço na Misericórdia foi expulsa duas vezes pela polícia do interior da instituição, por tentar visitar e confortar os utentes. A administração da Misericórdia diz que a colaboradora "provocou voluntariamente danos à instituição".
"Os laços afectivos com os utentes não são bem-vistos e quem trata bem os idoso está tramado. Acho que deixou de ser Misericórdia para se tornar uma empresa com vista ao lucro", referiu a irmã, acrescentando que as mudanças constantes do regulamento originaram motivos para a aplicação de processos disciplinares a funcionários .
Familiares dos utentes, que preferem o anonimato com medo de represálias, garantem que são servidos alimentos fora da validade e que os idosos se queixam de "frio e fome". "Iogurtes, bolachas e manteiga são abertos para não se ver a validade. Às vezes não há pão, outras é servido um rissol por pessoa ou dez postas de peixe para 20 idosos". Uma das situações mais graves é o limite das visitas. "Já chegaram a dizer que não é preciso visitar os velhotes todos os dias. Será que é para não vermos o que se passa?", interroga outra familiar.
A provedora, Piedade Murta, refere que todos os denunciantes "têm de provar o que dizem" e frisa que "houve eleições há pouco tempo e que ninguém se candidatou".
APONTAMENTOS

ASSISTÊNCIA
A Santa Casa de Évora tem 105 internos e presta apoio domiciliário a 29 pessoas.

DENÚNCIAS
Celeste Tavares, expulsa da Irmandade, expôs os casos ao bispo de Portalegre, Segurança Social e Governo Civil.
CORREIO DA MANHÃ
Alexandre M. Silva com M.I.

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EUROPA QUERIDA EUROPA

Europa nascida na Ásia profunda
ó filha do rei fenício Agenor
que Zeus entranhado no corpo de um touro
levou-te p'ra Creta cativo de amor
Europa é de Homero
de helénicas formas
do forum romano e da cruz
de tantas nações
ariana e semita
ventre das descobertas
da luz
do diverso sistema do modo diferente
da era da guerra e agora da paz
és assim querida Europa

vem que eu te quero toda do mar à montanha
vem que eu quero muito mais bela que o mar
vem vencendo cizânias que os povos sem feudos
sempre se amaram brilhantes em todo o lugar
o teu chão não é traste
de meros mercados
de pauta aduaneira
ou cifrão
é um terrunho de almas
uma ideia
um desejo
de uma nova maneira
em fusão
desfazendo complexos d mapas cor-de-rosa
sem a má consciência no verso e na prosa
só por ti querida Europa

para que sejas tu mesma a decidir o teu uso
para que sejas tu mesma ainda mais natural
não me toques o "beat" à americana
que esse já nós conhecemos na versão original
aguenta-te firme
livre de imitações
espera só mais um pouco
já vai
o que resta e o que sobra
aquela mesma saudade
toda a imaginação
ainda mais
não sentes um vago um suave cheiro a sardinhas
a algazarra nas ruas e o troar dos tambores
somos nós querida Europa


Fausto
Para além das Cordilheiras

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terça-feira, 7 de abril de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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O QUE SE PASSA NA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PORTALEGRE? {PARTE III}

O QUE SE PASSA NA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE PORTALEGRE? { PARTE II }

Portalegre: Santa Casa da Misericórdia

O funcionamento da pentacentenária instituição que é a Santa Casa da Misericórdia de Portalegre é alvo de um rol longo e aceso de queixas e críticas.
Os métodos de gestão, as relações pessoais com funcionários, utentes e familiares, a forma como os idosos são tratados e a alegada conflitualidade interna são tema de queixa de funcionários e de familiares de utentes desta Santa Casa que se estende da Avenida da Liberdade à Rua da Amargura.

Algumas das queixas são do domínio público, de há muito comentadas na cidade, mas desta vez quem procurou o nosso jornal para as dar conhecer são duas funcionárias e quatro familiares de utentes (e de utentes já falecidos) e que durante horas, na nossa redacção, elencaram exemplos de situações que consideram graves na instituição.

As vontade de tornar públicas as críticas resulta, segundo as pessoas que as protagonizam, da imperiosa necessidade de contribuir para alterar comportamentos na Santa Casa, porque de há muito o quotidiano ali «é um pavor».

Em momentos anteriores algumas destas pessoas tiveram a intenção de formular as mesmas denúncias, mas sempre com a esperança de que as situações que consideram graves fossem ultrapassadas, não avançaram.

A válvula acaba por disparar com a chamada da Polícia à instituição, para expulsar (por duas vezes) do interior da Santa Casa uma irmã, Celeste Tavares, que é também funcionária da instituição mas que se encontra de “baixa” em resultado de uma intervenção cirúrgica, quando esta senhora pretendia, na hora da visita, cumprimentar utentes (ver edição do AA de 11 de Março p.p.), tendo a situação sido depois repetida.

Já quando este trabalho estava em conclusão, a mesma senhora recebeu a informação de que foi excluída da Irmandade porque, segundo a Mesa Administrativa, «voluntariamente causou danos à Instituição».

Devemos sublinhar que todas as seis pessoas – incluindo Celeste Tavares - que estiveram presentes na nossa redacção afiançam estar dispostas a identificar-se e a assumir as queixas que formulam, inclusive no foro judicial se para tal forem requeridas.

Todavia para não prejudicar os familiares utentes da Instituição, algumas preferem neste momento reservar a sua identidade, o que respeitamos na íntegra, sendo que as restantes pessoas, por solidariedade, optam nesta fase por manter essa mesma reserva, o que se torna desnecessário em relação a Celeste Tavares.

A Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre recusou responder a qualquer queixa, mas recebeu o nosso jornal. A provedora, Piedade Murta, começou por dizer que «não falo, porque quem diz mal tem de provar». A directora-geral declarou que «não respondo a nada. Digam e demonstrem, mas sofrerão as consequências legais»», pois «têm de provar o que dizem», e os assuntos serão «encaminhados para o Dr. Berenguel» (advogado da Santa Casa).

Depois de insistência da nossa parte, a provedora, uma vogal (Maria das Dores Canhão), a directora-geral e duas assistentes sociais anuíram a ouvir o rol – 13 páginas escritas por nós à mão – que sistematiza as queixas das seis pessoas sobre a Santa Casa. No final foram tecidos alguns comentários, que damos a conhecer, mantendo-se a recusa em responder à generalidade das queixas por se tratar de «assuntos internos».


Queixas e mais queixas

As seis pessoas que pediram ao nosso jornal para as ouvir formulam queixas como «cortam os mimos que os idosos querem», «cortam nas visitas aos utentes», agora «é proibido (aos familiares) dar as refeições aos utentes», «proibiram uma senhora que fazia voluntariado de dar de comer a um utente, levá-lo ao jardim ou até de o passear na sala». «Não deixam que os utentes se movimentem», «há os que dizem aos familiares que têm fome», «os lanches são fracos», «o jantar é às 18h e o pequeno-almoço às vezes às 10h e mais tarde».

Um apontamento curioso: «parece uma escola de condução (porque) os papéis de proibição nas paredes são mais que muitos».

Conta uma das senhoras que «quando (uma mesária) entrou foi começando a dizer que era melhor eu não ir dar o almoço (ao familiar), mas depois ainda levava o jantar até que foi proibido».

«Preocupam-se com as pessoas poderem levar um sumo fora da validade mas, pelo menos até há pouco, os iogurtes eram servidos fora da validade… e testemunho três semanas após a data». «As bolachas são desempacotadas para não se ver o período de validade, tal como as manteigas».

«Acham que não vale a pena as pessoas conhecerem os seus direitos», «há alterações ao regulamento interno que ninguém conhece», «quando há reclamações tentam que as pessoas digam que têm falta de confiança na instituição para que possam expulsar os utentes ao abrigo do regulamento interno».

«Quando há críticas perguntam porque é que as pessoas não se candidatam».

«O vermos o que se passa fora das horas de visita leva a que não se possa ir dar as refeições» aos familiares. «As visitas estão proibidas de ir à sala depois das 18h para não se aperceberem das (fracas) quantidades de alimentação dadas aos utentes», mas «há sacos com comida para os cães, sopa que vai para a sanita, ou que é retirada de um saco plástico para dar a um utente a quem se esqueceu de fornecer o jantar».

«Às vezes não há pão e são dadas côdeas». Nas refeições chega a haver «um rissol por pessoa» ou «10 postas de peixe para 20 utentes». «Os utentes têm de comer alguma coisa entre as 18h e as 10h do dia seguinte; agora há chá ou leite para dar à noite, mas não é para todos». Mas «os utentes que são da simpatia são tratados melhor que os outros», e são apontados dois casos, pais de pessoas “importantes”. Num dos casos a provedora convidou-nos para ir falar com o senhor porque reclama muito, apesar de alegadamente ter um tratamento diferenciado.

Uma pessoa conta que o seu familiar utente «passa fome» e «dava-lhe lanche, mas fui proibida». Estavam «bolinhos na mesa-de-cabeceira e esta foi afastada para ele não conseguir lá chegar», e uma mesária «anda-me a dizer que não é preciso ir lá todos os dias». «Isto não é normal», «as famílias são afastadas», diz a mesma pessoa.

Conta uma pessoa que a directora «humilhou quatro homens de 70 ou 80 anos que fizeram um piquenique no jardim», dizendo à frente de toda a gente no refeitório que «livrem-se que eu os veja outra vez». Depois queixam-se ainda de que a directora «grita e proíbe as pessoas de falar» e que «trata mal toda gente». «Sofremos muito, é uma escravidão lá dentro, mas nós temos a nossa vida cá fora, os idosos é que não» e é este o ambiente em que vivem.

Por vezes «os idosos estão com frio… mas mandam desligar os aquecedores porque a conta da electricidade é de 800 contos». Entretanto «lá se comprou um ar condicionado», mas «proibiram os lençóis de flanela num edifício gelado».

Pelo menos «até há pouco, quando as pessoas morriam ficavam na cama no mesmo quarto com as outras pessoas até ao dia seguinte». É ainda feita a queixa de que há «pessoas em estado terminal juntas com outras no mesmo quarto», o que significa que «não há condições»

«Chama-se um táxi para ir com duas pessoas ao RX à Zona Industrial, o táxi fica à espera e os utentes têm de pagar 40 euros, mas quando é pelas eleições vão todo o dia a levar utentes que não estão bons da cabeça a votar, mas as carrinhas não servem para os levar às consultas ou para os passear». Agora «para irem ao hospital, os utentes são acompanhados por funcionárias fora do horário de serviço, que são pagas e o valor é cobrado às famílias sem recibo».

Há queixas sobre o tratamento dado a uma utente que alegadamente «via tudo o que se passava» e contava, depois terá «começado a ser medicada», mas «deitava os comprimidos fora». Entretanto a pessoa caiu, foi ao hospital e «deve ter sido enganada com a medicação por causa das dores», de tal modo que «era uma pessoa autónoma e ficou dependente» mas contava que «a queriam pôr a dormir». Depois «já estava ferida e não conhecia ninguém, a família (que reside fora) disse que a levava ao hospital e foram logo ameaçados», mas «com a pressão acabaram por retirar os medicamentos» e a senhora «acordou». Segundo a pessoa que faz esta queixa, a senhora «agora diz que querem é calar-me, mas já não anda, está de fraldas e ficou muito calminha; já não é a mesma pessoa».

«O comportamento das funcionárias também é condicionado pelas ameaças e perseguições», mas «o problema é com as chefias». «Os processos disciplinares não são por as funcionárias tratarem mal os utentes, mas sim por outras razões».

«Há doentes feridos sem explicação» e «há duas ou três funcionárias que contam tudo – o que é e o que não é – e essas podem fazer tudo, até dar uma “cacetada” na perna de alguém, porque essas nunca são castigadas. Um acidente é um acidente e não se esconde», isto a propósito de um caso ocorrido em que alegadamente se tentou esconder do familiar as equimoses de um utente (e de que nos foi facultada imagem que não usamos). Diz a mesma pessoa que «um familiar apresenta por escrito o caso de um utente ferido, talvez por desatenção de uma das funcionárias “protegidas” e a resposta da Santa Casa é que as relações com a instituição ficam fragilizadas» e que «a resposta típica (de uma encarregada) aos familiares é que se não estão contentes, levem a pessoa para casa».

Há «funcionários que são “pides” uns dos outros porque a pressão é enorme». «Quem escreve no livro de reclamações é imediatamente ameaçado de levar o utente para casa», «uma senhora foi expulsa porque a filha queria dar-lhe os iogurtes» e «há utentes que não se queixam porque estão dementes».

Entre muitas situações são ainda relatados casos como o de uma mãe «atada à cama», o que «fazem a todos», sendo ainda apontados casos em que são feitas queixas à Segurança Social mas depois há o «pedido para que essa queixa seja retirada», e como não é, no final «a resposta não é carne nem peixe», pois é dito que «é uma situação entre muitas».

«Não se pode ter uma opinião contrária à daquelas senhoras» e são contados casos como o de «uma Irmã humilhada e expulsa da sala da Assembleia Geral» porque alegadamente já não era Irmã «mas tinha as quotas em dia e acabou por votar».

Também «os boletins de voto são ilegais» e no último acto eleitoral, a 26 de Dezembro (data que apontam ter sido propositada para retirar afluência ao acto eleitoral) «houve muitos irmãos feitos à pressa», como «familiares de funcionários que interessavam».

«As pessoas estão muito amarguradas», sentem «muita tristeza», a vivência na instituição «é um pavor», «a casa é um caos», e «o vice-provedor não conhece nada» do que se passa. Uma das senhoras garante mesmo que «já tenho medo de ir à Santa Casa e não estou a brincar, (porque) somos ameaçadas a torto e a direito».

«O utente, na Misericórdia, só serve para dar dinheiro. Não há afecto». E surgem casos como o de «duas filhas de um senhor humilhadas publicamente… porque estavam a dar um sumo ao pai» e «saem em choro».

«As funcionárias não podem parar ao pé de um utente, dar-lhe uma palavra de carinho (porque) são logo repreendidas» e «a directora diz vamos a andar», de tal modo que «as funcionárias dizem que vamos para o martírio, e quem paga são os utentes», que por vezes estão «amarrados na sala às cadeiras e chegam a andar amarrados a elas», pois «a realidade deste lar é completamente diferente dos outros da região».

«Há muitos funcionários, mas há poucos para trabalhar» e apontam que uma pessoa «veio da Junta de Freguesia, entrou como encarregada e já é chefe de departamento», na secretaria «há dois chefes para cinco funcionários» e «uma secretária teve um aumento de 60 a 80 contos». «Assim não há dinheiro que chegue», e também «há quatro assistentes sociais na provedoria e mais duas remuneradas».

É apontado o caso de a directora que «é advogada, mas consta como técnica de serviço social», o que a mesma desmente, tratando-se possivelmente de um lapso num documento, pois ele foi-nos presente.

A dado passo as queixosas apontam que o que se passa na Santa Casa «é uma montagem familiar», pois «a directora tem lá a sogra (mesária) e agora o pai e mãe», ambos como membros dos corpos directivos, um mesário e o outro membro do Definitório.

As queixas são muito direccionadas para pessoas em concreto e dizem que uma mesária «ameaça constantemente de colocar as pessoas na rua». Algumas pessoas «vão para ali para poderio e não para serviço», «estão ali agarradas de pedra e cal», «há perseguições pessoais» e desta lista de queixas «há casos expostos ao Bispo» da Diocese, bem como o governador Civil também já foi informado de algumas situações.

É ainda exposto um caso em que, alegadamente no verão de 2007 «a directora recebeu uma carta anónima» e «é toda a gente convocada para a Santa Casa – quem estava de férias inclusive – e foi toda a gente acusada com a presença da Polícia», tendo sido «retiradas as impressões digitais (aos funcionários) e feitos testes de caligrafia», e depois foram «algumas pessoas chamadas meia dúzia de vezes (à Polícia) para os testes grafológicos», sendo toda esta situação considerada insólita. A directora confirmou parte do caso, explicando que foi a Brigada de Investigação que esteve nas instalações e que a carta era impressa e apenas o envelope manuscrito, acrescentando que se se fala agora nisto se calhar é porque se teve agora conhecimento de que os testes foram inconclusivos. É ainda apontado o caso de um ex-mesário que «saiu, disse que não tinha tempo mas não quis continuar porque percebeu» o que se passa.

Igualmente há antigos mesários muito preocupados com a situação que se vive na Santa Casa da Misericórdia de Portalegre.


Reacção da Mesa Administrativa

A provedora da Santa Casa, Piedade Murta, comentou que «houve eleições há muito pouco tempo, ninguém se candidatou e podiam fazê-lo». Pela sua parte afirma que «só trabalho com as pessoas em quem confio».

A provedora faz questão de sublinhar que as portas da instituição estão sempre abertas para que se possa fazer reportagem.

Recusando responder às queixas, houve no entanto que lhe mereceram comentário, como o da alimentação em que convidou o nosso jornal para analisar as ementas (o que obviamente não nos compete fazer), sublinhando que «há sete tipos de refeições diferentes, algumas só quando necessário, claro».

A provedora quis ainda evidenciar que «os vencimentos estão em dia» e «todos os anos aumentamos». Mas também «temos algum dinheiro para a obra» do novo lar, a construir no espaço com entrada pela Rua da Amargura.

Acrescenta ainda a provedora que «somos a única Misericórdia que tem como primeira prioridade trazer as pessoas que estão abandonadas no campo», mas «nunca ninguém vem contrariado».

Assim, na Santa Casa são recolhidos também «aqueles a quem os filhos roubam a pensão» e em termos de pagamento dos serviços «é de acordo com a lei, e se for preciso a comparticipação é suportada por nós».

Outra explicação tem a ver com a hora do jantar que também considera cedo mas «é às 18h porque os utentes não querem que seja mais tarde».

A mesária Maria das Dores Canhão apenas comentou que «se queremos os doentes parados, é por isso que temos um professor de ginástica».

O grupo de cinco senhoras, provedora, mesária, directora e duas técnicas não quiseram tecer mais qualquer comentário às queixas de que tomaram conhecimento.
No final e acompanhados pelas duas jovens assistentes sociais fizemos uma visita pelas instalações.


Estágio recusado

Segundo uma das funcionárias nos contou, uma jovem aluna do Curso de Serviço Social da Escola Superior de Educação de Portalegre, considerada a melhor aluna, iria fazer estágio curricular na Santa Casa mas «foi humilhada e acusada de não ter ética porque a mãe é funcionária da instituição».

Este caso, sabe-se, foi muito comentado na ESEP e criou – e ainda cria - incómodo no corpo docente.
Sobre este caso a provedora, Piedade Murta, desmente e diz que teve uma entrevista com a candidata ao estágio e que ela é que não voltou à instituição.

Jornal ALTO ALENTEJO

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