sábado, 29 de agosto de 2009

CHEFE DOS LADRÕES, FOI APANHADO PELOS LADRÕES...


GNR: Radar apanha carro do comandante de Portalegre a 141 Km/h

Apanhado oficial da caça à multa

O carro particular do tenente-coronel Mário Bagina, comandante da GNR de Portalegre – responsável pela atribuição de férias extras a quatro militares da sua unidade, empenhados na caça à multa – foi também controlado em excesso de velocidade, a 141 km/h, perto de Elvas.
O comando-geral da GNR confirma a ocorrência.

Os guardas que detectaram a infracção são colegas dos quatro cabos a quem o tenente-coronel Bagina atribuiu sete dias de férias extras. Tal como o CM noticiou a 14 de Julho, a benesse foi aplicada pelo 'excepcional zelo e mérito' revelado pelos militares na detecção de infracções de trânsito e consequente autuação.

O CM teve acesso ao auto que, às 14h29 de 13 de Julho, foi passado por dois militares do Destacamento de Trânsito de Portalegre que manobravam o radar fotográfico de controlo de velocidade ao quilómetro 71,6 da Estrada Municipal 246, entre São Vicente e Elvas.

Numa zona em que só se pode circular a 90 km/h, o carro do oficial foi detectado a 141 km/h. Respeitando a margem de erro de oito quilómetros/hora prevista na lei, os militares anotaram a velocidade de 133 km/h. A GNR confirma, mas não comenta. E fonte da unidade diz que a autuação foi endereçada ao tenente-coronel Bagina 'na qualidade de dono do carro. Não era ele quem conduzia a viatura'. Certo é que o auto está passado em nome do tenente-coronel, multado em 120 euros. Pode ficar sem carta de 1 a 12 meses.

TENENTE-CORONEL NÃO COMENTA 'FORO PESSOAL'

O Correio da Manhã contactou ontem directamente o tenente--coronel Mário Bagina, com o intuito de confrontar o responsável do comando territorial da GNR de Portalegre com o excesso de velocidade a que a sua viatura particular foi detectada, a 13 de Julho, perto de Elvas. O oficial, no entanto, declinou comentar uma situação que considerou ser do seu 'foro pessoal'. 'Não comento esta situação, enquanto cidadão livre do meu país', disse. Mário Bagina não quis, igualmente, relacionar esta infracção com a ordem de serviço em que concedeu férias extras a quatro cabos do trânsito.

C.M.

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Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, sem parecer o que são,
são aquilo que eu pareço.


António Aleixo
Este Livro que Vos Deixo

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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

EDIÇÃO DE HOJE/AMANHÃ DO JORNAL FONTE NOVA


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O LUTADOR

Buscou no amor o bálsamo da vida,
Não encontrou senão veneno e morte.
Levantou no deserto a roca-forte
Do egoísmo, e a roca em mar foi submergida!

Depois de muita pena e muita lida,
De espantoso caçar de toda sorte,
Venceu o mostro de desmedido porte
- A ululante Quimera espavorida!

Quando morreu, línguas de sangue ardente,
Aleluias de fogo acometiam,
Tomavam todo o céu de lado a lado.

E longamente, indefinidamente,
Como um coro de ventos sacudiam
Seu grande coração transverberado!

Manuel Bandeira
Belo Belo

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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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EDIÇÃO DE ONTEM DO JORNAL FONTE NOVA


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MONARQUIA/REPÚBLICA

V

(Lágrimas de raiva nos olhos. Ainda água.
Notícia da proclamação da Monarquia no
Porto. As pedras preparam-se para acor-
dar. Em 1918-1919 a República era uma
religião burguesa muito grave.)


A palavra República
tornou-se de repente tão real,
sonho com recorte
— envólucro de chamas,
corpo de mulher ritual
que todas as noites condenava o sol à guilhotina,
para sentirmos respirar melhor a morte.

Uma palavra
que tornava a liberdade mais misteriosa
para além da luz e das trevas.

República
— religião em que os deuses se evadiam dos templos
para se misturarem com os homens no suor das labaredas!


VI

(A bandeira monárquica içada no Mon-
santo em Janeiro de 1919. As pedras acor-
daram. O povo assalta os museus para
se munir das armas velhas que lhes res-
tam. Cantava-se «sobre a terra, sobre o mar».)


As mãos fugiram, dos braços!
e durante a noite
entraram no sonho exacto
de colarem com pincéis de lume
nas esquinas das ruas
os editais da cólera
a favor da morte com sentido
(a morte no passado é o que depois chamamos tempo):

ÀS ARMAS, CIDADÃOS!

Era nítido que todos queriam continuar a sonhar em comum,
e recusavam as superfícies com fronteiras.

ÀS ARMAS, CIDADÃOS! ÀS ARMAS!

Todos metem à pressa nos olhos os incêndios necessários
para acordar em asas
a liberdade presa ao vento do agitar das bandeiras.

José Gomes Ferreira
Memória - III

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

EDIÇÃO DE ONTEM DO JORNAL FONTE NOVA


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O DESEMPREGO À JANELA NUMA ILHA

Um silêncio d'alma nós à janela
Uma janela sobre Angra
Com o seu casario maioritariamente branco.
À janela o território, pão e vigilância
Advém moldura onde se fecha a memória
Com a luz coada de uma folhagem que
Até ao mar cai em íngremes socalcos.
Uma espuma negra e industrial
De restos e contentores
Cheios de gatos vagarosos e cães que rangem
Ao sol, ao tanto sol do pátio da alfândega
Onde, com o salário por um fio
Andam homens e mulheres à deriva
Enquanto nós, sopa pão sumo de laranja
Sorrimos, sorrimos.

Carlos Bessa
Em Trânsito

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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

ROUBA MUITO E GANHAS MUITO...


Trânsito: GNR de Portalegre dá mini-férias a quatro militares

GNR dá prémios a caçadores de multas





O "excepcional zelo e mérito" demonstrados no serviço valeu a quatro guardas do Destacamento de Trânsito da GNR de Portalegre sete dias de licença de mérito – férias extras –, atribuídos pelo responsável daquele comando territorial da GNR. Em causa estão os feitos alcançados na ‘caça à multa’, através da realização de patrulhas e detecção de excessos de velocidade por radar – onde foram colocados os quatro cabos, todos com mais de vinte anos de serviço.




C.M.

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Vós, ó mães idolatradas,
Façam por não verem mais
Crianças abandonadas,
Tísicas — nos hospitais.

Sim, vós, ó mães carinhosas,
Criai as vossas filhinhas,
Educai-as de criancinhas,
Mas não em leis religiosas,
Que essas leis são perigosas,
E p'los homens inventadas.
Não sigam, pois, enganadas
Pelos padres sem consciência,
E amem o deus-Providência,
Vós, ó mães idolatradas!...

Se quereis ver a religião,
Já noutro tempo atrasado,
Leiam um livro chamado
«Mistérios da Inquisição»...
Lendo aí, compreenderão
Como as pessoas reais
Mandaram fuzilar pais
E mães sem fazerem mal.
Padres e gente real,
Façam por não verem mais.

E quando se saiba amar
Como irmãos, em toda a terra,
Bombas, revoluções e guerra
Para sempre hão-de acabar;
Nem mais se hão-de encontrar
Mulheres «matriculadas» —
Infelizes que, desonradas,
Ali procuram a morte,
Deixando, aos vaivéns da sorte,
Crianças abandonadas.

Hão-de acabar os ladrões,
Os patifes, os mariolas —
Quando se fizerem escolas
Das igrejas e prisões.
Hão-de acabar os patrões,
Que são prejudiciais —
Comprando bons enxovais
P'ràs suas filhas — enquanto
As dos pobres vertem pranto,
Tísicas — nos hospitais.

António Aleixo
Este Livro que Vos Deixo

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

QUE MAIS IRÁ ACONTECER?

Quando o PSD se deixar de discussões e explicações em torno das belas listas que apresentou, talvez possa regressar ao seu papel de oposição. Designadamente, para pedir explicações sobre isto:

Os accionistas da La Seda, fabricante espanhola de plásticos, vão abrir uma acção de responsabilidade social contra o ex-presidente da empresa, a Caixa Geral de Depósitos (que tem 7% da empresa) e as sociedades Júpiter e Inverland Dulce, com ligações ao grupo português Imatosgil, por alegadas irregularidades em operações empresariais e financeiras realizadas nos últimos três anos.

No ano passado, a La Seda viu aprovado um apoio, no âmbito do Projectos de Interesse Nacional (PIN), no valor de 200 milhões de euros, para a construção de uma unidade produção de poliéster e químicos em Sines, a Artenius, que iria criar 150 empregos, e cuja primeira pedra foi lançada pelo primeiro-ministro, José Sócrates. As últimas informações referem que o grupo está em negociações com a sua accionista CGD para vender parte do capital da fábrica prevista para Sines por 40 milhões de euros, e que o banco português deverá, ainda, refinanciar a dívida da La Seda com 488 milhões de euros.

Portanto, se bem percebo:

- por um lado, vamos ter a Caixa, um banco dos contribuintes Portugueses, a ficar com uma fábrica de poliéster e químicos (área de negócio que deve ter bastante interesse no seu core business), fábrica esta que apenas há um ano fora identificada como mais um desses fantásticos PROJECTOS DE INTERESSE NACIONAL (convém dizer por extenso e não adormecer na conveniente indiferença destas siglas) , com primeira pedra (mais uma!) lançada pelo engenheiro Pinto de Sousa, mas que agora se terá convertido num pesadelo para a La Seda. Em suma, a nossa Caixa vai livrar os catalães da La Seda do dito pesadelo.

- por outro lado, a Caixa irá refinanciar a dívida da La Seda com 488 milhões de euro (!);

- a finalizar, a Caixa ainda vai levar em cima com um processo cível de responsabilidade social. De quem?… Da la Seda!

Ah…e Portalegre vai ter mais trabalhadores no desemprego.

______________

Actualização:

No El Pais: “La responsabilidad hay que pedírsela a Matos (Imatosgil) y Caixa Geral [accionistas de la compañía] porque han estado mandando en el grupo y lo han llevado a esta situación crítica.”

No elconfidencial: “La Seda mantendrá las ocho plantas de producción actuales y el centro de desarrollos de Bélgica con el objetivo de pasar de 400.000 a 500.000 toneladas anuales de producción en tres años y alcanzar una cuota de mercado del 19% en Europa occidental. (…) La empresa también reducirá su participación en el proyecto Sines mediante un acuerdo con la portuguesa Caixa Geral que, junto a sus socios, aportará 40 millones de euros de capital social con lo que tomará una participación entorno al 40%.”



Francisco Santos

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ASCENSÃO

Nunca estive tão perto da verdade.
Sinto-a contra mim,
Sei que vou com ela.

Tantas vezes falei negando sempre,
esgotando todas as negações possíveis,
conduzindo-as ao cerco da verdade,
que hoje, côncavo tão côncavo,

sou inteiramente liso interiormente,
sou um aquário dos mares,
sou apenas um balão cheio dessa verdade do mundo.

Sei que vou com ela,
sinto-a contra mim, -
nunca estive tão perto da verdade.

Jorge de Sena
Perseguição

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terça-feira, 4 de agosto de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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CORO DAS AMAS DO CARDEAL

Dar a teta a uma criança
ou dar a teta a um bispo
é como entrar numa dança
em que o corpo não descansa
porque o velho não amansa
e eu mais que a teta não dispo.

E se o bispo é cardeal
e o cardeal é regente?
Dar o peito não faz mal
dar o corpo é natural
pois quem manda em Portugal
mama na teta da gente.

Porém deitada na cama
não sou dele nem de ninguém.
Mesmo se o velho me chama
não me importo de ser ama
se quem a carne me mama
me rói os ossos também.


António Lobo Antunes
Letrinhas de Cantigas

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sábado, 1 de agosto de 2009

EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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GEOPOLÍTICA DO MEDO

À frente da história seguem os heróis
os santos e os poetas. E os que sobram
da provada culpa do vento, marinheiros
de cana rapados à venérea idade
do mar. E os que viemos depois
na cauda do açoite

mover os braços reter o corpo
para cá da barra, e a voz
de piratas trincados pela raiz.

Daqui nos damos notícia, corsários
do medo auriculado na gengiva
dos séculos. E dos que partiram
sem barco de feição ou anel
para os dedos abertos no pródigo mês
da idade.

Já nada nos destrói. Nem a lágrima
encalhada na dentícula vegetal para o amor.
Nem ela.

David Mestre
Do Canto à Idade

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