terça-feira, 24 de dezembro de 2013


































Antero Valério

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sábado, 26 de outubro de 2013

LÁ VAI O PORTUGUÊS...

Lá vai o português, diz o mundo, quando diz, apontando umas criaturas carregadas de História que formigam à margem da Europa.

Lá vai o português, lá anda. Dobrado ao peso da História, carregando-a de facto, e que remédio – índias, naufrágios, cruzes de padrão (as mais pesadas). Labuta a côdea do sol-a-sol e já nem sabe se sonha ou se recorda. Mal nasce deixa de ser criança: fica logo com oito séculos. 
 


No grande atlas dos humanos talvez figure como um ser mirrado de corpo, mirrado e ressequido, mas que outra forma poderia ele ter depois de tantas gerações a lavrar sal e cascalho? Repare-se que foi remetido pelos mares a uma estreita faixa de litoral (Lusitânia, assim chamada) e que se cravou nela com unhas e dentes, com amor, com desespero, ou lá o que é. Quer isto dizer que está preso à Europa pela ponta, pelo que sobra dela, para não se deixar devolver aos oceanos que descobriu com muita honra. E nisso não é como o coral que faz pé-firme num ondular de cores vivas, mercados e joalharia; é antes como o mexilhão cativo, pobre e obscuro, já sem água, todo crespo, que vive a contra-corrente no anonimato do rochedo. (De modo que quando a tormenta varre a Europa é ele que a suporta e se faz pedra, mais obscuro ainda.)

Tem pele de árabe, dizem. Olhos de cartógrafo, travo de especiarias. Em matéria de argúcias será judeu, porém não tenaz: paciente apenas. Nos engenhos da fome, oriental. Há mesmo quem lhe descubra qualquer coisa de grego, que é outra criatura de muitíssima História.

Chega-se a perguntar: está vivo? E claro que está: vivo e humilhado de tanto se devorar por dentro. Observado de perto pode até notar-se que escoa um brilho de humor por sob a casca, um riso cruel, de si para si, que lhe serve de distância para resistir e que herdou dos mais heróicos, com Fernão Mendes à cabeça, seu avô de tempestades. Isto porque, lá de quando em quando, abre muito em segredo a casca empedernida e, então sim, vê-se-lhe uma cicatriz mordaz que é o tal humor. Depois fecha-se outra vez no escuro, no olvidado.

Lá anda, é deixá-lo. Coberto de luto, suporta o sol africano que coze o pão na planície; mais a norte veste-se de palha e vai atrás da cabra pelas fragas nordestinas. Empurra bois para o mar, lavra sargaços; pesca dos restos, cultiva na rocha. Em Lisboa, é trepador de colinas e de calçadas; mouro à esquina, acocorado diante do prato. Em Paris e nos Quintos dos Infernos topa-a-tudo e minador. Mas esteja onde estiver, na hora mais íntima lembrará sempre um cismador deserto, voltado para o mar.

É um pouco assim o nosso irmão português. Somos assim, bem o sabemos.

Assim, como?
José Cardoso Pires 
E agora, José?

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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

FUTURO ?

Tenho dois irmãos, ambos formados na escola pública e, posteriormente, numa universidade pública. 
O mais novo seguiu ontem as pisadas do mais velho e foi-se embora deste país que gastou dinheiro com a sua formação mas que não precisa dele. 
Para os meus pais foi o segundo desgosto. 
Que pais querem ver os seus filhos serem forçados a partir para outro país?
Os meus irmãos nunca foram alunos geniais. Apenas bons alunos, alunos aplicados. 
Não compraram o curso numa universidade privada nem ficaram na universidade até aos 37 anos. 
Ficaram até aos 23. 
A mesma idade com que, depois de baterem a tantas portas que teimavam em não abrir, decidiram procurar outro país que os valorizasse. 
Podiam ter feito o cartão rosa ou laranja e talvez isso tivesse mudado um pouco o cenário. Mas optaram por não vender a alma ao diabo e o desfecho foi o mesmo que afecta tantos dos nossos familiares, amigos e conhecidos.
Quando na quarta-feira ouvia o hipócrita Passos Coelho, naquele exercício de retórica patética que fez na RTP, a dizer “Nós apostamos muito nos jovens”, enquanto o Diogo aterrava na República Checa, foi provavelmente a única vez que me apeteceu partir-lhe a cara. 
Sou um gajo pacífico, até agora só me apetecia vê-lo preso, ou “encurralado” por uma multidão em fúria. Mal por mal, prefiro sempre ver os vilões a partilhar a cela com um entroncado presidiário de longa data, pronto a dar-lhes todo o carinho do mundo, algo que, infelizmente, nunca acontece.
E enquanto o Diogo se instalava na sua nova cidade, eu via o primeiro-ministro-boy a responder a perguntas de cidadãos “seleccionados”, umas vezes de forma evasiva, outras mostrando claramente não dominar a matéria, mas sempre com aquele ar de superioridade e gozo que não o inibiu de se rir em directo de algumas das pessoas que lhe colocavam as questões, como aquele taxista que não sabia como fazer face às constantes subidas do preço da gasolina. 
Passos ria, alegava motivos ambientais para não descer os impostos sobre os combustíveis e desejava-lhe muitos clientes. E ria com o seu sorriso maroto de quem se está nas tintas para tudo.
Quantas vezes se riem estes gajos de todos nós? 
Gajos que nunca souberam o que é o desespero e a sensação de exclusão de quem procura desesperadamente construir a sua vida? 
Passos Coelho não sabe o que isso é. 
Há muito que garantiu a sua, desde os tempos dos corredores da JSD. 
Não é qualquer um que termina um curso aos 37 anos e salta directamente para o conselho de administração de um empresa. 
É que Passos pode ter terminado a licenciatura tarde, mas já tinha vários doutoramentos da Universidade de Verão do PSD.
Passos é a imagem de um país onde as oportunidades não são iguais para todos. 
Um país onde abanar a bandeira certa pode garantir um emprego. 
Onde a vassalagem está mais viva do que nunca. 
Onde a competência não importa e o estado da nação é a prova disso mesmo. 
Onde Miguel Relvas, Rui Machete ou Paulo Portas podem dizer e fazer o que lhes apetecer sem esperar qualquer tipo de consequências. Deve ser a isto que se referem quando falam em meritocracia…
Se alguma vez conseguirmos pagar esta dívida, algo aparentemente impossível nos moldes impostos, quem estará cá para reerguer este país? 
O que faremos nós com uma população envelhecida e empobrecida no topo de uma pirâmide etária invertida? 
Será que os mesmos jovens que a “elite” mandou emigrar quererão voltar a este país ainda mais pobre na periferia da Europa? 
Ou será Passos, apoiado por exército de boys, quem vai levantar este país de novo? 
Nada disso. 
Por essa altura, Passos Coelho já estará numa instituição internacional qualquer. 
Os boys que se façam à vida…

J.Mendes

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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

REVOLTA DOS PORTEIROS

Estas eleições autárquicas trouxeram uma profunda renovação dos protagonistas, mais de metade dos presidentes de câmara é estreante no cargo.
 
Mas, provavelmente, as más práticas, os velhos defeitos, os negócios escuros de sempre, continuarão o seu caminho.

O poder local pode maquilhar-se, mas dificilmente se reformará. 
Continuará refém dum pequeno grupo de corruptos. 


A dimensão deste grupo estima-se em pouco mais de dez por cento, constituem uma minoria, é certo, mas uma minoria que domina mais de noventa por cento dos negócios. 
São os presidentes de câmara e vereadores do urbanismo que permitem valorizações de terrenos da ordem de mais de 700 por cento aos financiadores dos partidos; são os vereadores da via pública que contratam obras por preços obscenos e que permitem ainda derrapagens nos valores contratados; são os detentores dos pelouros de ambiente que concebem modelos de parcerias público-privadas na distribuição de água, com elevada rentabilidade para os concessionários e cujo risco corre por conta do erário público. 
Estes políticos alienam o poder popular a troco de inúmeras vantagens pessoais. Prostituem a sua função.

A maioria dos autarcas é, apesar de tudo, gente materialmente séria. 
Exerce as suas funções com dedicação e competência, não usufrui de benefícios materiais ilícitos. 
Mas ao silenciarem-se perante os corruptos, são igualmente responsáveis. 
Estão anestesiados pelas benesses que os lugares lhes concedem.

O exercício do cargo de vereador confere prestígio social, permite a obtenção de empregos para protegidos, acelera autorizações para realização de obras em casa da sogra, facilita a atribuição de um qualquer fundo europeu para uma empresa de familiares. 
A proximidade do poder traz muitas vantagens de que estes atores não querem abdicar. 
Deslumbrados, e apesar de conhecedores dos mecanismos de corrupção com que convivem, tentam demarcar-se. 
Mas são igualmente cúmplices. 
Como reza o ditado, "é tão ladrão o que vai à horta como o que fica à porta". E a maioria destes políticos são os porteiros. 
Só a sua revolta e a denúncia face às situações que tão bem conhecem poderia regenerar o poder autárquico. 

Paulo Morais

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domingo, 29 de setembro de 2013

O (DES)EMPREGO VAI CADA VEZ 'MELHOR' NESTE DISTRITO!

A partir da próxima segunda-feira, os centros de emprego que têm maior fluxo de utentes passam a estar abertos ao público mais uma hora por dia, das 9h00 às 17h00, sem pausa para almoço, mais uma hora do que actualmente. 
Serão abrangidos os centros do Porto, Gaia, Braga, Coimbra, Aveiro, Viseu, Lisboa, Cascais, Amadora, Évora, Estremoz, Montemor-o-Novo, Portalegre, Elvas, Ponte de Sor e Loulé. 
Até que o Tribunal Constitucional se pronuncie sobre a constitucionalidade do diploma que põe os funcionários públicos a trabalhar uma hora gratuitamente todos os dias, a medida não terá custos para os contribuintes. 
Mas a conta chegará nesse dia e todos os funcionários, estes e todos os demais, terão que receber pelo trabalho adicional realizado. 
Não há almoços grátis, não há trabalho grátis
A menos que o tempo da escravatura tenha regressado e, mais cedo do que tarde, a todos irá afectar, não apenas os trabalhadores em funções públicas. 
 
A irresponsabilidade também não é grátis!


 

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terça-feira, 24 de setembro de 2013

UMA ESCOLHA...

«Este sujeito, apesar de responder pelo nome de Platão mais me parece o Sócrates, o filósofo... »

O concelho de Portalegre é a capital do Norte-Alentejo.
Por isso deve ser bem conservado.
Quer em termos ambientais, quer em termos políticos, sociais, culturais.
É da conjugação harmoniosa destes valores democráticos que uma cidade e um concelho se afirma perante as demais.

Momentos há, contudo, em que as pessoas ficam fortemente emocionadas, alguns ficam mesmo empolgados quando se trata de decidir do destino do seu concelho.
O concelho de Portalegre é bem um exemplo desse empolgamento.
Diria até: desse radicalismo caótico, algo fratricida em que o concelho caiu.
As razões são conhecidas e não valerá a pena evocá-las.
Neste caso, as emoções tomaram conta das racionalizações. E pelas piores razões que compete unicamente aos tribunais (e ao bom senso) apurar e julgar. E depois acusar ou arquivar ou absolver. Porque se as pessoas forem inocentes têm o direito ao seu bom nome.

Mas a questão em Portalegre é política, não é tecno-jurídica, apesar de também remeter para esse domínio - cujo tempo de reacção é bastante mais lento, lamentavelmente.

Mas o que terá levado milhares de pessoas a escolher uma determinada cidade para viver?
Será encontrar um simples refúgio?
Estar perto da família?
Gozar da centralidade de serviços, transportes, espaços de cultura e de lazer?
Serão, certamente, todas essas oportunidades que contarão na fixação das populações.
O concelho de Portalegre nos últimos 39 anos criou essas estruturas de oportunidade, criando a possibilidade das pessoas realizarem os seus projectos de vida, atingirem os seus sonhos no tempo que passa.

Daqui aos cidadãos pensarem que podem assegurar os seus empregos perto da cidade onde residem, vai um passo.
Um passo que medeia o perimetro do concelho de Portalegre.
Ora são esses mesmos cidadãos, que querem garantir todos aqueles valores de qualidade e de bem-estar, que olham para a Política, para os titulares de cargos políticos, eleitos pelas populações, como são os autarcas, e que esperam ver aí uma estrutura de pessoas confiável, capaz de assegurar os valores democráticos e, sobretudo, a capacidade de controlar esses mesmos actores políticos no confuso jogo de espelhos em que a Política em Portugal se tornou. 
O concelho de Portalegre, mais uma vez, é um paradigma invertido dessa situação.

Não se está aqui a dizer que o candidato da CDU,Luís Pragana, é o único candidato confiável e capaz e todos os outros, ou alguns, ou só um de entre todos, é que não oferecem garantias de legalidade nesta fase da vida política.

Aqui o nó górdio é simples e coloca-se da seguinte forma: na esfera política de um país, a democracia estabeleceu um princípio de que os que têm as rédeas do poder têm (ou tiveram) que dar contas ao público.
Na prática, o povo é o patrão, o governo local o seu representante a esse nível. E é neste nó górdio, que por exemplo um certo candidato - ainda não interiorizaram.
Não estamos aqui a dizer que a mulher cometeu ilegalidades. Não é por aí que vamos nesta análise que tem, aliás, sido abusiva em relação à visada.

Mas esse é o preço político e pessoal que ela - Dra. Adelaide Teixeira - terá de pagar por querer ser novamente Presidente da Câmara Municipal de Portalegre contra todas as circunstâncias.

O que sabemos é que o poder político numa democracia jamais deve ser usada em benefício dos que governam; é um depósito de confiança cujo fim é proteger os interesses do povo. E qualquer cidadão residente no concelho de Portalegre sabe que - neste particular - o candidato que melhor poder garantir aqueles valores e prerrogativas da democracia é Luís Pragana, quer se goste ou não dele.
Julgo que neste ponto até o Dra. Adelaide e demais candidatos concordará comigo. 
Bem sei que, como contraponto, me dirá, porventura, que se julga três vezes mais empreendedor e quatro vezes mais visonário do que qualquer outro candidato na construção do concelho de Portalegre do séc. XXI.

Mas voltamos à confiabilidade e aos valores da democracia, fundamento e garante da Liberdade.
Temos de convir que no domínio económico predomina uma situação constitucional que é contrária ao conceito básico de democracia: aí os administradores e a generalidade dos "patos-bravos" procuram, a cada momento, limitar, influenciar e controlar o aparelho de decisão de uma autarquia nas suas múltiplas esferas e competências.
Designadamente, em matéria de licenciamento de terrenos e obras e afins que é onde se situa o grosso dos investimentos financeiros que também acabam por gerar receitas para a própria autarquia. E é dessa simbiose, que nas grandes autarquias assume dimensões de grande relevo, que se joga o futuro de inúmeros concelhos em Portugal.

Mas um autarquia não é o Conselho de Administração da Telecom(e), que é para onde vão estagiar os filhos das vedetas políticas em Portugal.
Deve ser porque têm o cérebro maior do que os outros..., como antes dizia o Conde Gobineaux embora noutro contexto que aqui não importa.

Dizia - que uma autarquia não tem administradores das obras públicas como se de uma sociedade se tratasse, tipo Construtora do Lena, por exemplo, ou qualquer outra empresa cujo o fito imediato é o lucro.
Uma autarquia, portanto, não é, de todo, uma empresa cujos Administradores têm uma influência a longo prazo sobre os accionistas e os empregados, e tomam constantemente decisões que afectam o interesse público, ou seja, o tal bem comum do Aristóteles que diz respeito a toda uma comunidade, e que jamais poderá ser interferida por qualquer interesse privado e/ou particular mesmo que se trata de uma ou de um oligopólio de empresas ligadas ao sector da construção ou outro que tenham um ascendente sobre uma Câmara Municipal.
Ora, no concelho de Portalegre esta situação encontra alguns paralelismos preocupantes, e a transparência aqui, como devemos convir, é essencial. Mas tem estado ausente na gestão política anterior .

Daqui não se infere que todos os candidatos à Câmara Municipal de Portalegre são sérios com excepção de um.
Todos nós, o homem em geral, persegue a riqueza e prosperidade, a força individual, a glória, o reconhecimento. E todos nós, na nossa mente, hospedamos forças malignas em estado de potência, e que se não forem travadas ou refreadas a tempo resvalam para as baías da ilegalidade. É a questão da fronteira da legalidade, a que alguns chamam lapso. Só que por vezes as fronteiras e os procedimentos são invisíveis, e as simulações de negócio público/privado são inúmeras e ocultas ao maior número.

E tudo isso ele - o Político - quer que seja reconhecido com a segurança do seu povo.
É essa segurança que o elege e o mantém forte enquanto ele respeita algumas regras básicas em democracia que, em nosso entender, e no domínio estritamente político, certos candidatos não observaram País fora.
É esta inobservância que os diminui perante a opinião pública e o país. E aquilo que o Dra. Adelaide julga ser força, coragem e determinação pode ser o reflexo de alguma vulnerabilidade, alguma precipitação, qui ça, decorrente da situação económica do município de Portalegre

Portanto, não vale a pena estar aqui a dizer que nós somos os anjos, e os outros os demónios. E o inferno são os outros, como dizia o chato e decadente do J. P. Sartre, que falhou todos os seus vaticínios no pós-II Guerra Mundial, e o socialismo e o comunismo não vingaram.

Mas como é que vamos sair de toda esta trapalhada de ideias, de pessoas, de pseudo-factos, de uma Justiça que já devia ter sido condenada, etc, etc, etc. Como é que saímos daqui?

Como eu não sou assessor político do Dra.Adelaide nem do Dr. Luís Pragana, muito menos do Engº. Pinto Leite, ou do Dr. Jaime ou do Dr. Basso,por isso, não precisam de conselhos, tenho para mim um único critério válido para aferir da escolha política que os habitantes do concelho de Portalegre se colocam no próximo dia 29 de Setembro de 2013.

E esse critério é tão simples quanto isto: os eleitores levantam o rabinho da cama no Domingo. E depois de lavarem a cara e os dentes vão para a rua. E dirigem-se para os respectivos locais de voto. E é aí que a porca torce o rabo, a não ser que as pessoas pensem na Liberdade.

É, pois, no conceito de LIBERDADE que reside toda a opção de escolha do eleitorado.
Qual de entre todos se pode considerar o mais LIVRE?
Qual de entre todos, pesando o curricula naturalmente, se considera menos atado por constrangimentos directos ou indirectos, manifestos ou ocultos que poderão, a prazo, limitar a capacidade de intervenção política na gestão corrente de uma autarquia?

Parece-me que o candidato que está, neste momento, em melhores condições políticas para preencher esse perfil é Luís Pragana.
Não apenas por ser a candidata apoiada formalmente pela CDU e pelas populações do Concelho de Portalegre, naturalmente.
Mas, e sobretudo, por ser a candidata que melhor interpreta o conceito de LIBERDADE em termos políticos: submete-se a uma norma moral dando o exemplo e não carrega nos ombros nenhuma imposição externa por parte de alguma autoridade ou instituição política, judicial ou de censura grave da opinião pública (que também é um indicador de confiança) do eleitorado.

I.é, obedece a uma lei imposta a ela mesma - imposta pela própria Liberdade.
Em síntese, é Livre não aquele que aparentemente tem mais força, mas aquele que só faz aquilo julga dever fazer em função de valores absolutos como a Justiça, a Liberdade, o Bem comum, a Razão.
É que para haver Democracia temos, a montante, que a equacionar em termos de Filosofia Política, determinando nessa sede a configuração das comunidades/cidades e a evolução do Poder Local em Portugal em contexto de globalização competitiva.

É uma Liberdade que confina com outros valores e finalidades sociais, sejam a igualdade, a justiça, o bem-estar social, todos competem com a finalidade última da vida: a Liberdade.

Afinal, o valor público de um homem, aquele que lhe é atribuído pelo Estado, é o que os homens vulgarmente chamam dignidade.
Por isso, defendemos que o critério que deve orientar o sentido de voto no concelho de Portalegre, nesta conjuntura algo extremada e atípica, pauta-se por esse conceito complexo.
A LIBERDADE decorre, afinal, da ausência de impedimentos externos, impedimentos que muitas vezes tiram parte do poder que cada um tem de fazer o que quer, mas não podem obstar a que use o poder que lhe resta, conforme o juízo que dele fizer a razão.

Parece uma questão meramente estéril, uma caixa de Pandora com formigas lá dentro a jogar o Soduku, mas trata-se, em rigor, de um study-case que colocará concelho de Portalegre não já no domínio de estudo das questões do desenvolvimento e da qualidade de vida, mas na esfera da Filosofia Política (pura e dura) que, préviamente, terá de equacionar os valores supremos que estão em equação no próximo dia 29 de Setembro. 
Sem equacionar isto em termos de Filosofia Política (buscando e fixando ideais) de pouco servem as obras, as rotundas, as piscinas, as estradas e o conjunto de equipamentos sociais necessários ao desenvolvimento de uma dada comunidade.

Será uma luta da Liberdade contra a não-liberdade; do direito contra a força, da razão contra a desrazão.
Do bom senso contra a intolerância e a impulsividade.
Saberão os habitantes do Concelho de Portalegre ter dimensão intelectual, de cidadania e de empenhamento político para discernir o que verdadeiramente está em causa?

That's the question...


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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

EM PORTALEGRE A OPORTUNIDADE DE MUDAR...

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

É TEMPO DE ACABAR COM O ESTADO QUE O NOSSO CONCELHO CHEGOU, SEM MEDOS!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

QUANDO SE VEMOS LIVRES DESTA ...?


Em protesto pelo silêncio de Cavaco Silva em relação à morte recente de quatro bombeiros em serviço, são já muitos milhares as mensagens de condolências dirigidas aos familiares das vítimas, colocadas na página oficial da Presidência da República no Facebook. 
As mensagens estão associadas ao post onde o Presidente da República expressa as suas condolências à família do economista António Borges, falecido no domingo.
.... mais tarde a Presidência da Republica veio informar que "O Presidente da República transmitiu as suas condolências às diferentes corporações a que pertenciam os bombeiros falecidos, sublinhando tratarem-se de mensagens pessoais, que não queria tornar públicas".
Mas afinal porque raio é que a mensagem de condolências à família do António Borges é publica e publicada na Página da Presidência e a dos Bombeiros mortos em serviço não o é?
Porque umas são pessoais e as outras não? 
Porque um era amigalhaço e os outros não passavam de gente que ele considera menos importante?
A diferença está em que um só andava a engordar com grandes tachos, a lixar os portugueses e a trabalhar para os mesmos donos a que ele serve e os outros andavam a arriscar a vida para apagar os fogos no país que é de todos nós e que alguns criminosamente teimam em incendiar e em deixar arder todos os anos. 
A diferença é que um se estava nas tintas para o país e para os portugueses e só pensava em dinheiro e mercados enquanto os outros são verdadeiros heróis pelo que arriscam e pelas condições em que exercem a sua actividade.
A diferença está em que uns merecem tudo enquanto o outro nada. 
Os valores deste Presidente é que estão trocados, mas isso não é novidade porque os seus amigos sempre foram quem foram, basta lembrar o Dias Loureiro, Oliveira e Costa e outros da mesma laia, e as consequências funestas que isso trouxe a todos nós.
Porra que nunca mais temos ai um luto nacional que nos assinale que estamos livres desta gente.

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sábado, 29 de junho de 2013

O POETA CHORAVA



O poeta chorava
o poeta buscava-se todo
o poeta andava de pensão em pensão
comia mal tinha diarreias extenuantes
nelas buscava Uma estrela (talvez a salvação?)
O poeta era sinceríssimo honesto total
raras vezes tomava o eléctrico
em podendo
voltava
não podendo
ver-se-ia
tudo mais ou menos
a cair de vergonha
mais ou menos
como os ladrões
E agora o poeta começou por rir
rir de vós ó manutensores
da afanosa ordem capitalista
depois comprou jornais foi para casa leu tudo
quando chegou à página dos anúncios
o poeta teve um vómito que lhe estragou
as únicas que ainda tinha
e pôs-se a rir do lôgro, é um tanto sinistro
mas é inevitável, é um bem, é uma dádiva.
Tirai-lhe agora os versos que êle próprio despreza
negai-lhe o amor que êle mesmo abandona,
caçai-o entre a multidão.
Subsistirá. É pior do que isso.
Prendei-o. Viverá de tal forma
que as próprias grades farão causa com êle.
E matá-lo não é solução.
O poeta
O Poeta
O POETA
destroi-vos

Mário Cesariny,
Nobilíssima Visão

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terça-feira, 11 de junho de 2013

IDENTIDADE

Preciso ser um outro
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
Sou o vento que a desgasta

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando
o sexo das árvores

Existo onde me desconheço
aguardando pelo meu passado
ansiando a esperança do futuro

No mundo que combato morro
no mundo por que luto nasço


Mia Couto

Raiz de Orvalho e Outros Poemas

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

PALHAÇOS E FILHOS DA PUTA


Ramada Curto foi um advogado e jornalista bastante popular do meio teatral e jornalístico lisboeta da primeira metade do século XX, tendo intervindo nalguns dos processos-crime mais célebres do seu tempo.
.  
Uma das suas histórias judiciais que ficou célebre teve haver com a defesa de um arguido acusado de chamar “filho da p…” ao ofendido, expressão que, na altura, era considerada altamente ofensiva. Nas suas alegações, Ramada Curto começou por chamar a atenção do juiz para o facto de, muitas vezes, se utilizar essa expressão em termos elogiosos (“Ganda filho da p…, é o melhor de todos”) ou carinhosos (“Dá cá um abraço, meu grande filho da p…!”), tendo concluído as suas alegações da seguinte forma: «E até aposto que, neste momento, V.Ex.ª está a pensar o seguinte: “olhem lá do que este filho da p… não se havia de ter lembrado só para safar o seu cliente!...”».
.  
Chegada a hora de sentença, o juiz vira-se para o réu e diz: «o senhor vai absolvido mas bem pode agradecer ao filho da p… do seu advogado».
.  
Isto vem a propósito de recente afirmação de Miguel Sousa Tavares, que fez a capa do jornal Negócios, de que nós já teríamos um palhaço que se chamava Cavaco Silva. O que tu foste dizer?!... Em Portugal os nossos políticos são todos muitos susceptíveis e o povo muito reverente. Em Portugal, um político pode arruinar uma autarquia ou um país, enriquecer os amigos e a família e lançar o povo na miséria, destruir lares, famílias e vidas, que não lhe acontece nada. Mas, se alguém chama "palhaço" a um político, tem logo o procurador e a polícia à perna.
.  
Eu até compreendo que certos políticos não gostem que lhe chamem "palhaços", porque, efectivamente, os únicos e verdadeiros palhaços nesta história não são os eleitos mas quem os elegeu. Com efeito, por muito que nos custe reconhecer, os palhaços somos nós, o povo eleitor, que, durante os últimos vinte anos, temos eleito e sido governados pelos ofendidos da história de Ramada Curto.

S-M L.

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quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 DE ABRIL DE 1974

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quinta-feira, 11 de abril de 2013

A EVOCAÇÃO DO CHIMPAZÉ

 
comprei um bilhete e um cartucho de amendoins e
entrei no cinema. tu compraste um bilhete e um 
cartucho de amendoins e entraste no cinema. sen
támo-nos na mesma fila, lado a lado. eu abri o meu
cartucho de amendoins, tu abriste o teu cartucho 
de amendoins, com um ruído exactamente igual ao
meu. voltei-me para ti e mostrei os dentes. tu
voltaste-te para mim e mostraste os dentes. quan
do a luz apagou, tu pousaste o teu cartucho de
amendoins no colo e eu pousei o meu cartucho de
amendoins no colo. com a mão direita comecei a le
vantar-te a saia. para me facilitar a tarefa, tu
levantaste levemente as nádegas do assento. com
esse gesto, caiu-te do colo o cartucho de amendo
ins. assim que os amendoins acabaram de se espal
har no chão, abaixei-me para tos apanhar, mas es
queci-me do meu cartucho de amendoins, o que me
caiu igualmente no chão. gastei um tempo enorme
a procurar e a recolher todos os amendoins. lembro
me de que passei o tempo quase todo até ao inter
valo recolhendo os amendoins. todo o tempo tu
não deixaste de suspirar e de gemer, embora esti
vesse apenas a decorrer um documentário sobre
o narciso e nenhum drama comovente. a voz do lo
cutor lembro-me que dizia: "no começo da primave
ra, quando montes e vales acordam do longo sono
de inverno, centenas e centenas de narcisos ele
vam as douradas cabeças em todas as frestas e 
brigos do solo, e lançam seu olhar inocente pelos
portentosos rochedos e pelas raízes nodosas da
floresta". isto, como certamente te lembras, foi 
antes do intervalo. depois, quantas vezes, oh quan
tas vezes não deixaste cair e eu não deixei cair
os amendoins que nos restavam. e ora eu, ora tu,
de cada vez descíamos a procurá-los e a colhê-los
com suaves, ternos guinchos. o filme, no dizer da
crítica, era daqueles que não se podem perder.

Alberto Pimenta

Poemas Com Cinema

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segunda-feira, 18 de março de 2013

COM FILHOS DA PUTA DESTE CALIBRE SÓ NOS RESTA...!

terça-feira, 12 de março de 2013

CHAPÉU



A mensagem é subtil:
se não trouxesse as mãos ocupadas,
tiraria o chapéu ao entrar na loja.
Por conseguinte, aceita ajuda com
as compras (cuidado com o saco,
os ovos estão no fundo).

Como habitualmente, procura
uma marca barata. A vida é assim,
às vezes temos sorte e conseguimos
o que queremos. Ou então,
ao contrário do que dizem,
o comércio tradicional é uma mina,
para quem souber onde cavar.

Enfim, pessoas com quem nunca tivemos
uma conversa séria. Em todo o caso,
parecendo que não, fazemos coisas
uns pelos outros que dificilmente
poderiam ser postas num contrato.
Estará nisto a nossa sobrevivência,
ainda que sem perdão?

Dessa complexidade não queremos falar.
A manhã inclina-se sobre a hora
do almoço. Temos todos de ir para casa,
é tão simples como isso. Amigos,
os vossos casacos. Hoje o vento está áspero,
mas já enfrentámos pior.

Vítor Nogueira
Comércio Tradicional

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sexta-feira, 1 de março de 2013

QUE SE LIXE A TROIKA!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

QUE SE LIXE A TROIKA!

O POVO É QUEM MAIS ORDENA

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O "CHICO" É MUITO EDUCADO, POR MIM VÃO LOGO P' CARALHO...


Francisco José Viegas dedica esta quarta-feira um post no seu blogue ao actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, onde lhe deixa um aviso sobre o que fará se for abordado por um agente da Autoridade Tributária e Aduaneira.
Num texto intitulado, "No Estado, o absurdo não paga imposto?", publicado no seu blogue A Origem das Espécies, o ex-secretário de Estado da Cultura escreve que quer “apenas avisar” Paulo Núncio, actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que se algum agente da Autoridade Tributária e Aduaneira o tentar fiscalizar pelo eventual pedido de factura à saída de um estabelecimento de restauração, o vai mandar “tomar no cu”.
“Queria apenas avisar que, se por acaso, algum senhor da Autoridade Tributária e Aduaneira tentar fiscalizar-me à saída de uma loja, um café, um restaurante ou um bordel (quando forem legalizados) com o simpático objectivo de ver se eu pedi factura das despesas realizadas, lhe responderei que, com pena minha pela evidente má criação, terei de lhe pedir para ir tomar no cu, ou, em alternativa, que peça a minha detenção por desobediência”, escreve Francisco José Viegas.
“Ele, pobre funcionário, não tem culpa nenhuma; mas se a Autoridade Tributária e Aduaneira quiser cruzar informações sobre a vida dos cidadãos, primeiro que verifique se a Comissão Nacional de Protecção de Dados já deu o aval, depois que pague pela informação a quem quiser dá-la”, justifica o ex-governante.

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PHOTOGRAFIA


no escrever há um lugar supérfluo, uma
nitidez repetida do mundo, enganos
e ilusões que em qualquer lugar se perdem
de si mesmas, mas nisso a que chamas,
incessante real, algum nome
para as coisas ou o amor delas
está intacto o que a magia transforma


Francisco José Viegas
Todas as Coisas 

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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

CONTRA OS GRANDES FILHOS DA PUTA, ÁS ARMAS...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

HÁ UMA PEDRA FEROZ



















Há uma pedra feroz,
um rapaz,
há o olhar do rapaz atado à pedra,
o olhar do rapaz, a minha casa,
o olhar do rapaz às vezes é a pedra.

Luís Miguel Nava
Películas

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