sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

PALAVRA

Onde as palavras lisas e límpidas
capazes de transportar
esta quotidiana inquietação
ração diária de gozo e dor?
Onde as palavras purificadas
do lastro do uso das nossas falas mortais?
Não mais na linha do horizonte a Palavra?
Enraizadas no terrunho; carregadas de sonoridade
sujas, enfarinhadas, as palavras senha do nosso falar comum
fabricam o pão alimento, suporte do diálogo impossível.
Só palavras genesíacas, lustrais, abissais,
hão-de revelar e decifrar o verdadeiro nome das coisas?
Que linguagem, miragem do ser e do estar
há-de dizer homem, mundo, amor?
Na linha do horizonte impossível?
a Palavra?
Só no fim dos tempos decifrada?

Maria de Lourdes Belchior
Gramática do Mundo

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