domingo, 16 de novembro de 2008

OS TRÊS PODERES

Duas teimosias. Dois fanatismos. Nos actuais termos, a guerra das escolas não tem saída. Mesmo que esta ministra consiga, pela lei da força, uma qualquer vantagem, terá, a prazo, uma grande derrota.

Os professores, de futuro, não farão o que ela hoje pretende. Aliás, muitos já o não fazem. O próximo ministro da educação, até do mesmo partido, terá necessidade de alterar muita coisa e procurar um novo pacto. Se for de outro partido, a primeira coisa que fará será alterar este quadro legal e as práticas que são hoje impostas. Nas próximas eleições, poderá ver-se na campanha e nos respectivos programas: todos, com excepção do PS, vão sugerir a revogação das actuais leis e os mais imaginativos acabarão por propor um novo sistema de avaliação. O próprio PS fará uns ajustamentos...

Não se trata apenas de teimosia. Muito menos da força da razão. Há muito mais do que isso. A começar pela ideia de imagem, um dos maiores venenos da política contemporânea. Não se pode perder a face. Não se desiste. Não se devem reconhecer erros maiores. Não é bem visto recuar. A insistência, mesmo no erro, é sinal de carácter. Estes são alguns dos sentimentos que passam pela cabeça dos governantes e dos dirigentes dos sindicatos. Mas há mais. O governo recorda com especial carinho o episódio de Souselas. Já ninguém se lembra, mas Sócrates não esquece. Foi essa história menor da política portuguesa que criou Sócrates e lhe ofereceu um trampolim para o lugar que hoje ocupa. Nunca ceder, ir até ao fim, são imperativos.

Mas a superfície não explica tudo. Estas batalhas não se limitam a estilos e imagens. Está em curso uma luta entre três poderes. Luta verdadeira, de cujo resultado vai depender o futuro da educação e da escola. Quais são esses poderes? Em primeiro lugar, o do ministério (ou do governo), em tentativa de reforço e consolidação. Segundo, o dos professores, em queda. Terceiro, o da escola, largamente fictício.

O governo quer centralizar ainda mais o sistema educativo, deseja reafirmar o seu poder sobre a escola e sobre os professores e pretende uniformizar regras e critérios. Procura manter as autarquias sob a sua alçada e transformar os professores em verdadeiro regimento fabril ou militar. Entende que, obedientes, as escolas e os professores darão melhor contributo para as suas estatísticas. De passagem, tem outros objectivos, eventualmente mais nobres: poupar dinheiro e obrigar os professores a trabalhar mais.

Os professores, tanto os movimentos como os sindicatos, não querem ser esbulhados da enorme parcela de poder que as reformas lhes deram durante as últimas décadas. Como não querem ser obrigados a seguir as ordens regimentais e as enxurradas de directivas que o ministério lhes envia regularmente. Não querem ver as suas carreiras transformadas em função burocrática e automática. Não desejam ser avaliados. Não querem perder os privilégios que os sucessivos governos e as modas pedagógicas lhes conferiram. Não aceitam ser, além de parte interessada, juízes, fiscais e polícias em nome do ministério que abominam. E não querem ser cúmplices desta nova ordem burocrática que se anuncia.

Quanto às escolas, coitadas! Não têm porta-voz, praticamente não existem como instituição. Não cultivam espírito de corpo. Não têm meios. Não têm relações verdadeiras e genuínas com os pais, nem com as comunidades. Não são entidades autónomas, com identidade e carácter. São fortalezas dos professores ou repartições do ministério. Não têm nada a perder com esta guerra, pela simples razão de que nada têm.

A ministra tem algumas razões. Mais trabalho, por parte de alguns que folgam. Um qualquer princípio de avaliação. Poupar recursos e dinheiro. E impedir que todos os professores tenham sempre as classificações de muito bom e excelente, pragas conhecidas em toda a função pública. Mas o Inferno está no pormenor. Como sempre. Os jornais já publicaram mil pormenores sobre o sistema de avaliação, dos formulários às regras e procedimentos. O escárnio é constante. A ministra queixa-se de que o seu sábio sistema foi ridicularizado! É verdade. Mas não merece menos do que isso. Além de absurdo e inútil, este exercício parece uma punição, a fazer lembrar os castigos infligidos, por praxe sádica ou despotismo, nas forças armadas de muitos países. Não é só este sistema que está errado: é o princípio mesmo de uma avaliação centralizada, de âmbito nacional e uniforme.

A avaliação ministerial, burocrática, formal e pseudocientífica é um enorme erro. A grande tradição centralista, integrada e unificada da educação pública em Portugal é responsável pela mediocridade de resultados e pelo desperdício de enormes recursos financeiros vertidos, desde há trinta anos, por cima do sistema, sem resultados proporcionais. É essa tradição que é responsável pela ausência de espírito comunitário nas nossas escolas. Pelo desdém que as autarquias dedicam às escolas. Pela apatia e impotência dos pais. Pelo facto de tantos professores desistirem do orgulho nas suas carreiras e do brio no exercício da sua profissão. É provável que muitos não queiram trabalhar quanto devem ou que tenham outros interesses. Como em todas as profissões. Mas o seu sentimento de dignidade ferida parece genuíno. E é compreensível.

São quase misteriosas as razões pelas quais não se permite que sejam as escolas, os seus directores e os seus conselhos de direcção, ajudados pela comunidade e pelos pais, a avaliar a escola no seu conjunto. E não se deixam os responsáveis das escolas observar e avaliar o desempenho profissional dos docentes. A República, o Estado Novo, a democracia, o socialismo e o comunismo coligam-se facilmente para manter a escola sob o punho do ministério, cuja proverbial incompetência é uma das raras constantes na história do século XX. Entre o ministério e o sindicato, parece haver terra queimada, campo de batalha. Não terão percebido os professores, desta vez, que a autoridade do ministério é o pior que lhes pode acontecer? Apetece dizer que chegou a hora de sair deste impasse, de quebrar a tenaz dos dois fanatismos. Uma visão optimista levar-nos-ia a pensar que, finalmente, os professores perceberam que a autoridade da escola pode ser a solução. Dá vontade de acreditar que este é o momento de deixar de escolher entre a guerra e a peste. Mas a esperança numa solução sensata e num esforço de imaginação criativa, em vésperas de eleições, é uma doença grave.
Livremo-nos, ao menos, dessa.


António Barreto
Público
16 de Novembro de 2008

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14 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

O actual modelo de avaliação dos professores tem, pelo menos, a virtude de avaliar o grau de dureza das cabecinhas que nos governam, expondo à saciedade todos os vícios do sistema.

Em primeiro lugar, o seu total desconhecimento do que é uma escola, para que serve e como funciona. Em segundo lugar, o seu total desconhecimento do que é uma empresa, como se organiza e quais são os seus objectivos.

Deste duplo desconhecimento, nasceu um projecto de avaliação que, se fosse aplicado numa empresa, levava ao seu encerramento num ápice. Qual era a empresa que aguentaria ter a linha de produção parada vários meses todos os anos para que os trabalhadores, em vez de trabalhar, passassem os dias a inventar e discutir grelhas para se avaliarem uns aos outros? E qual era o trabalhador que aceitaria ser avaliado por um igual (ou pior)?

Além disso, basta conhecer o nosso funcionalismo público para saber que qualquer linha que seja deixada nas suas mãos se transforma rapidamente num novelo que ninguém consegue desenlear. E esta cultura de complicar o que é fácil está tão entranhada no nosso funcionalismo público que não se pode deixar ao seu critério a implementação do que quer que seja.

Basta, aliás, ler um regulamento interno de uma escola para se ficar logo elucidado. Só gente com um espírito muito tortuoso e complicado é que consegue transformar um regulamento interno que devia caber numa página num autêntico e intragável código civil, com centenas de artigos e de alíneas, que ninguém, no seu perfeito juízo, consegue ler.

domingo, 16 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Temos assistido neste último mês às mais variadas "burrices" do governo socialista liderado belo Zé Sócrates. Cá pelo PS distrital as "burrices" também alastram em todos os concelhos, o congresso federativo foi uma falácia de "yes man" do poder estabelecidos, o Rui lá foi eleito, já esqueceu os que lhe fizeram!, os "deputedos" Calha e Ceia nódoas deste distrito continuam no parlamento como "carneiros" "yes men" como sempre representaram em especial o Calha que assim se vai mantendo no cargo desde de 1975.Nas autarquias a democracia e o socialismo foi substituído pelos "ditadores de meia-tijela", que se aproveitam do poder para as mais variadas vigarices e aproveitamento dos dinheiros públicos dos munícipes para enriquecerem ilicitamente. Os núcleos e as secções estão entregues aos piores filiados, "boy's for the jobs", vejam bem que eu nem lhe chamo «militantes», porque nunca o foram e nunca o serão.Limitam-se a aparecer quando o PS está no poder à espera que lhe seja servido o respectivo "job"
Onde anda o Partido Socialista dos homens honestos?

domingo, 16 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Cá na cidade a merda dos job's é muita...
Começando pelo governo Civil,..., acabando na Educação.
É só gente "fina e do melhor".
Quem os viu e quem os vê!

domingo, 16 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Falando no campo da educação, todos nós profissionais da educação conhecemos o candidato do PS a tudo e a mais alguma coisa neste campo. Ele queria ser director regional da dita, depois queria ir para o ex.cae novamente, agora quer ser presidente da câmara.Este porco gordo é o eterno candidato a tacho, mas os gajos do ps já não lhe ligam, ao porco gordo anda triste e só, até arranja inimigos virtuais.

domingo, 16 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Quem é o porco gordo?

domingo, 16 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

O alerta foi lançado hoje pelos Ambientalistas: Maria de Lurdes Rodrigues já não pode sair à rua. Não, não são alterações do "Deficit" (Continua tudo na mesma: o País falido, e Constâncio e os gestores das empresas públicas em dificuldades a ganharem o mesmo). Não, não se trata da Doença dos Pinheiros, e, menos ainda, da Corrupção na Justiça. Não, não são alterações climáticas, são coisas mais no âmbito da sua Cientologia Flácida: é a matriz sociológica de um país inteiro que sofreu uma reviravolta, mercê de uma figura lúgubre e de duas das suas arcadas orelhudas, que se tornaram na paródia de Portugal inteiro.
Quando Salazar teve o acidente da cadeirinha -- abençoada cadeirinha... -- o país das pessoas decentes encarregou-se de lhe fingir que nada tinha acontecido, e, enquanto o cinzento Marcello governava a Cauda da Europa, continuavam a fingir-se (!) Conselhos de Ministros, defronte do Maior Português de Sempre.
Para mim, alma piedosa, educada no São João de Brito, Membro Numerário da Opus Dei, quando me disseram que Dona Lurdes já tinha sido "desenganada" por todos os médicos, e estava por algumas horas, eu avancei, quixotescamente, e disse "tragam-me essa mulher!... Em boa verdade vos digo que nesta hora de angústia alguém haverá que se lhe apresente em face, e lhe diga, Lurdes, levanta-te e caminha, porque a Avaliação não parou!..."
Lurdes estava pálida, notava-se-lhe, no brilho dos olhos, que estava a caminho de contemplar aquela Luz que Deus reserva aos poucos que chamou para junto de si. Para quê, naquela hora extrema, dizer-lhe, então, que os próximos guarda-costas que teria já não seriam nomeados pelas Forças de Segurança do Zé de Vilar de Maçada, mas por Lúcifer, em pessoa?...
"Não, Lurdes, olha para cima, e contempla aquele infinito azul, porque é lá o teu lugar, não na Gehena dos Desvalidos..."
Era bonito ver-lhe nos lábios aquele sorriso: não, não era a versão pirosa do "Titanic", era mais a Eva Braun, que não acreditava que o seu Führer iria, a seguir, enfiar a pistola na boca e disparar.
"Lurdes", dizia-lhe o caniche Valter, "tens a certeza de que vamos mesmo para o Céu, não tens?...", mas perante o silêncio da mulher, em agonia, mais lívido ele ficava. Sim, poderia ter acontecido que entre tanta coisa, ela não tivesse acautelado esse item da própria Avaliação deles, e parecia que tinha acontecido mesmo.
"Deus te perdoe...", soltou o Pedrosa, naquele mesmo tom em que ela pedira desculpa a Portugal por ter transformado Portugal da Educação num Inferno.
Aproximou-se então o Padre, Feytor Pinto, de Valter, e disse-lhe, "nesta hora extrema, tens alguma coisa que queiras compartilhar entre mim e o Pai do Céu?..."
"Padre... só se forem as faltas injustificadas de Penamacor, e não ter tido fôlego, em vida, para as recuperar..."
Só Deus mesmo, o Deus sem rosto, poderia testemunhar de tantas lágrimas que se soltavam, em redor daquele esquife.
O Jesuíta, nosso Confessor, disse então: "esta mulher, cujo despojo aqui vedes, já estava prevista no Filósofo (Para quem não sabe, o Estagirita, Aristóteles, que afirmava que a Lurdes girava em redor do Zé e não o contrário, como "Cûpernïco", muitos séculos depois avançou), e todo o seu Reyno foi o sobrepor da Qualidade à Quantidade: nunca saberemos, por ordem dos Serviços Secretos e de Intoxicação das Comunicações, QUANTAS pessoas saíram às ruas para a crucificar, mas sabemos QUAIS, porque foram, à vez, e em simultâneo, todas, Professores, Alunos, Pais, Sindicatos, Ministros, Deputados, Jornais, Televisões, Especialistas Universitários na Área, Educadores e Técnicos do Mundo Inteiro. Teve, em vida, o que mais nenhuma mulher deste país saboreou, e assim morrerá em plenitude, se Deus quiser..."
E como a hora se aproximava, e já os olhos se reviravam todos no sentido do branco, eu aproximei-me, e disse-lhe: "Lurdes, sabes que te tive sempre como ídolo, e nunca te trocaria por nenhuma das outras pérolas deste país, chamasses-te tu Paulo Pedroso, Pinto da Costa, Proença de Carvalho, Cavaco Silva, Miguel Cadilhe ou Dias Loureiro... Lurdes... eu vou-te contar uma coisa..."
E ela soltou um gemido, que naquela hora soava como uma interrogação.
"... vou-te dizer uma coisa que mais ninguém sabe: aquele merda que se atira ao chão e não se parte, não recebeu o nome de "Magalhães" por causa do Fernão de Magalhães. Ela chama-se "Magalhães", em honra do José Magalhães, Secretário de Estado-Adjunto da Administração Interna, alta autoridade, há muitos anos, para a Internet, e que, quando tu estás a escrever e a ler textos como este e a Net vai abaixo, ou se torna lenta, e o teu telemóvel bloqueia, ou não te deixa enviar sms com a última anedota política do momento, ou fica cheio de ecos, esse, Lurdes, é o Verdadeiro Deus, o Cordeiro de Ouro que deverias ter adorado, não aquela lêndea de Inglês Técnico mal parido, que insiste em que lhe chamem... "Engenheiro".
Suponho, mas isso só a autópsia poderá confirmar, que foi este pequeno golpe maligno que lhe fez parar o bondoso coração, e a chegar a irreversível morte cerebral, que consta na Certidão de Óbito, mas de que ela já padecia há muitos anos.
Paz à sua alma.
P.S. - Para lá da ficção, há a Realidade. Leiam, passem e divulguem: Lurdes Rodrigues, de facto, já não se atreve a sair, e a reunião que tem marcada para amanhã, às 10 h., com os Conselhos Executivos de Lisboa-Capital, para lhe comunicarem que a Avaliação foi suspensa, "sine diae", foi deslocada para outro local, por causa dos ovos. E é justamente por causa dos ovos, que até poderão interessar -- só Deus sabe... -- a alguma alma piedosa, que aqui se revela o lugar secreto do encontro: as antigas instalações da F.I.L., em Alcântara, pelas 10 da manhã, se Deus e o estado de pré-insurreição do País o permitirem... Bem hajam.

domingo, 16 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Então maltosa não conhecem o porco gordo, especialista do ps em educação da treta e em centros de recursos que são depósitos de lixo?
O porco gordo é o Francisco Simão, aspirante a todos os tachos, fora da validade!

domingo, 16 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

É mais um dos oportunistas.

domingo, 16 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Pobre Simãozinho queres é não fazer nada e ganhar muito tu e a tua mulher, vai-te embora de vez seu grande chulo.

segunda-feira, 17 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Este porco gordo e a mulher há muitos anos que não fazem nada. Ele ao longo dos anos não trabalha, finge que trabalha a dirigir o c.f. ela finge que trabalha a dirigir o c.r..São dois parasitas que não trabalham e recebem balúrdios.

segunda-feira, 17 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Parece impossível que alguém que se denomine professor(a) consiga ser tão baixo nível a falar de colegas, sejam eles quem forem.
sobretudo pessoas que não conseguem assumir aquilo que dizem. Gostaria a dita professora de ser apelidada de cabra magra? ou gorda? ou nem por isso?
pode ter todas a razões para ter diferendos com os colegas q menciona, mas nada lhe dá o direito de ser insultuosa. não manche o nome dos professores escondendo-se atrás desse título que, definitivamente não merece...

terça-feira, 18 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Olha para eles,
«Temos um país cheio de doutores:
Escolas, hospitais, supermercados,
Cafés, tribunais, moços de recados,
Estádios, bancos, lojas, vendedores...

É uma praga, vás tu onde fores.
E, no meio de tais licenciados
Que infestam o país por todo o lado,
Florescem curiosos e amadores.

Os cursos of’recem-se ao domicílio,
A prestações, sem grandes exigências,
Tudo muito legal e por bom preço.

E vivemos assim num falso idílio,
Feito de estupidez e de aparências,
Onde em cada doutor há um burgesso.»

Armados em "putas virgens" ...
Colegas são as "putas" como se dizia no meu tempo de serviço militar obrigatório. O(a) sr(a) anónimo(a) do último comentário aqui colocado hoje teça-feira, 18.11.2008, deve ser mais um da corja dos ditos, aqui comentados, finas flores do entulho, desta cidade, como o "comendador da treta" que também é aspirante ao título.
Percebeu?
Ou quer que lhe faça o desenho?

terça-feira, 18 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Nesta cidade há sempre uns cromos dispostos a defender as "putas da corja do PS" como é o caso deste escroque do porco gordo.
Deixem-se de merdas o gajo é mesmo vigarista.

quinta-feira, 20 novembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

E depois da maré vazar
São José Almeida, Público, 2008-11-22

A grande dúvida é perceber qual a real dimensão dos danos que provocará a batalha campal que se vive na sector da educação. O problema político de fundo já nem é o de saber quais os danos que esta guerra terá sobre o Governo - esses são públicos, notórios e difíceis de digerir até pelo PS -, é sim o de saber as consequências que ela irá ter sobre a sociedade portuguesa, ou melhor, sobre o ensino público em Portugal.
Desde que entrou no Ministério da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues procurou protagonizar o que foi assumido pelo primeiro-ministro, José Sócrates, como a reforma do ensino público, com o objectivo de não só melhorar, como assegurar o futuro desse mesmo ensino público. Sem tencionar questionar aqui a validade e a verdade dos propósitos dessa promessa, o que é facto é que a atitude intolerante, impositiva e autoritária que a ministra adoptou desde a primeira hora deitou a perder qualquer bondade e mérito que existissem nas intenções do Governo socialista em prol do ensino público.
Durante mais de três anos Maria de Lurdes Rodrigues, com absoluto apoio de José Sócrates, foi esticando a corda, forçando a pressão sobre os professores. Sempre com uma táctica de afronta directa. Sempre insistindo na demagogia de que o mau funcionamento da escola era responsabilidade dos professores. Sempre assumindo um tom de insulto de quem considera que os professores são pessoas mal formadas, que estão de má-fé nas escolas, que escolheram ou aceitaram leccionar apenas para fazerem uma carreira fácil (?), relativamente bem remunerada (?) e que permite estar de papo para o ar (?), gozando a vida.
Quando é sabido que o Ministério da Educação é uma mastodôntica estrutura de poder que envia directivas em cascata para as escolas. Quando é sabido que nada se passa numa escola sem que haja autorização, ordens, licença da 5 de Outubro ou da 24 de Julho. Quando é sabido que o Ministério da Educação é uma espécie de Titanic à beira de se afundar, ingovernável e cheio de pequenos poderes autoritários e de tiranetes patéticos, como já afirmei aqui (PÚBLICO 17/06/2006). Maria de Lurdes Rodrigues achou que podia atirar-se aos professores, como se eles fossem a origem de tudo o que corre mal no mundo da educação, como se fossem bandidos, que é preciso admoestar.
Ou seja, Maria de Lurdes Rodrigues elegeu os professores como bodes expiatórios de um sistema de ensino, apontando-os como uma cambada de preguiçosos e calões, aproveitadores dos dinheiros públicos e que se estão nas tintas para os alunos. E assumiu-se a si como a salvadora do sistema, que ia moralizar a classe docente, impor regras, acabar com a balda da escola pública. Ora, ao fim de três anos, a esquizóide cruzada de Maria de Lurdes Rodrigues resultou naquilo que era previsível. Os professores fartaram-se de ser insultados, fartaram-se de ser tratados como párias. E Maria de Lurdes Rodrigues bateu contra a parede.
Todas as boas intenções de Sócrates para o ensino público, se alguma vez existiram, esboroaram-se no embate da atitude suicidária de Maria de Lurdes Rodrigues contra o muro de mais de cem mil professores em luta. Nenhuma reforma se fará ou será lançada esta legislatura. E a verdade nua e crua é que, mesmo que José Sócrates insista em manter Maria de Lurdes Rodrigues no Ministério da Educação, ela já não é de facto ministra. E não é de facto ministra porque as escolas ignoram-na, os professores não aceitam a sua autoridade e não a respeitam, o país assiste incrédulo ao dilapidar da credibilidade da política por quem a devia dignificar.
É pena que Maria de Lurdes Rodrigues avance na táctica de pescar à linha escolas e interlocutores neste ou naquele sindicato, nesta ou naquela associação de pais, procurando até comprar o silêncio dos alunos com uma alteração menor no Estatuto do Aluno. É pena que Maria de Lurdes Rodrigues dê o dito por não dito e vá abastardando o seu modelo de avaliação, que garantia perfeito, com pequenas alterações tácticas, que não resolvem nada do problema de fundo, só mostram a sua incapacidade para o lugar que ocupa. É pena que o Governo não perceba que não se governa satisfazendo as reivindicações da rua, mas também não se pode governar ignorando o pulsar da rua. É pena que o PS tenha esquecido que é Governo. Como dizia António José Seguro, quando está "em causa a qualidade da escola pública", é certo que "não há lugar para posições inflexíveis".
Quanto à reforma de José Socrátes e do PS para a educação: qual era mesmo o objectivo? Melhorar a escola pública? Era?

O campo de batalha em que se transformou o ensino público trouxe à ribalta um outro protagonista: Mário Nogueira, que lidera a Fenprof e a plataforma de sindicatos de professores e que tem tentado puxar por toda a sua capacidade para se manter a surfar na crista da onda que foi formada pela revolta e indignação de professores na rua.
É importante que ninguém esqueça que não há sindicalismo em parte nenhuma do mundo que consiga o que a atitude sistemática de afronta à dignidade dos professores seguida pela ministra da Educação conseguiu em Portugal: colocar a classe docente na rua com manifestações sucessivas e um calendário de acções reivindicativas que passa pela greve nacional e pelo boicote às notas do primeiro período.
De facto, os sindicatos assinaram um acordo com a ministra e aceitaram um tipo de avaliação que foi lançada e posta a funcionar. Só que os sindicatos não são as escolas. Os sindicatos representam professores, não são os professores. E é evidente em toda esta guerra que os sindicatos foram ultrapassados pela rua. E só resta aos dirigentes sindicais engolir em seco, rasgar o acordo que assinaram e tentar navegar na crista da onda da contestação da rua, sob pena de serem afogados pela voragem da rebentação e acabarem a não representar ninguém. E, por mais que a posição de Mário Nogueira e dos outros dirigentes sindicalistas seja de pura sobrevivência política, é bom que sobrevivam e que o poder negocial não caia de todo na rua. A bem do ensino público e do que restar da escola, quando a maré vazar.

sábado, 22 novembro, 2008  

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