domingo, 8 de fevereiro de 2009

COZINHA EM PÓ

Este domingo breve vai trazer
zângãos ou (apenas) bagos de uva.

A água sobe do peixe
não sabe a ratos brancos nem a goivo
sabe a peixes.

E o rosto que lanças aos javalis?

Os teus dentes rápidos de madressilva
são a minha única metáfora:
salsa misteriosa como festivas carroças
zunindo fuziladas de morangos.

A arte bucólica do azinho ao absinto
não passa de um compêndio
para melhor esfaquear os duendes!

Todos tivemos o nosso
almoço
de pedras, pequeno
fascínio de aves degoladas em casto puré
de castanha, o som do banquete ainda é pólen
em salas que - das ruínas - guardaram o calor bom
dos bolos.

De noite, à luz de velas azuladas, os répteis zelam
com os seus moncos manhosos.
E a paz dos rosais esteja convosco.

Nisto, pardo e rubro, o rio
esfacela as próprias piranhas
enquanto a água do peixe
não sabe a ratos brancos nem a goivo
sabe a peixes.

Quando será que as montanhas
virão beber
à minha triste mão?


Fernando Grade
Alma Burra

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