POR EXEMPLO
A escola Adriano Zenão, pública, tem cerca de 500 alunos do ensino básico e secundário. Pertence à autarquia. O director da escola, Dr. Fabrício, é gestor, especialista em administração escolar e principal responsável pela escola. Foi nomeado pelo Conselho Escolar, sendo este composto por um terço de professores, um terço de pais de alunos e um terço de membros da comunidade (autarcas, empresários e outros). O contrato do director tem a duração de cinco anos e pode ser renovado. A sua nomeação ocorreu após um processo de selecção iniciado um ano antes. A aprovação do seu contrato teve de obter pelo menos dois terços dos votos do Conselho Escolar. O director é assessorado pelo Conselho de Gestão, formado por ele, um técnico e dois professores. Estes três membros do conselho de gestão foram nomeados, sob proposta sua, pelo Conselho Escolar. O Conselho Pedagógico, formado por cinco professores, ocupa-se das matérias exclusivamente desse foro. Há vários planos, muito flexíveis, de organização dos docentes por turma, ano ou disciplina, de modo a permitir a boa informação e a coordenação de certos assuntos. O Conselho Disciplinar é formado pelo director, um professor e um membro da Associação de Pais. O Regulamento disciplinar é elaborado pelo director da escola e aprovado pelo Conselho Escolar. Este último, presidido pelo Dr. Julião Bruno, representante da Associação de Pais, nomeia o director e aprova os orçamentos e relatórios anuais, o plano estratégico de desenvolvimento e os regulamentos, mas não interfere no dia-a-dia da escola, nem nos processos de avaliação ou de recrutamento. Este foi o modelo próprio, construído pela escola. É diferente do de outras e parecido com o de umas tantas.
O Ministério da Educação não tem qualquer intervenção directa na escola. Mas os seus inspectores visitam-na duas vezes por ano e elaboram relatórios que entregam ao Ministério e à autarquia. Além disso, o Ministério estabelece o currículo nacional que ocupa cerca de 75 por cento das matérias disciplinares. Os restantes 25 por cento são decididos pelo conselho escolar, sob proposta do conselho pedagógico. Para as disciplinas do currículo nacional, a escola organiza os exames de acordo com as regras gerais em vigor para todo o país. Mas a avaliação permanente dos alunos, com ou sem exames, depende exclusivamente da escola que aplica os métodos que julga mais convenientes. O Ministério da Educação tem ainda a responsabilidade de estabelecer anualmente os rankings das escolas. Por outro lado, pode intervir, com poderes excepcionais, cada vez que se verifique, na escola e na autarquia, uma crise irremediável de que os alunos são as primeiras vítimas.
O financiamento público é garantido pelo Ministério, através da autarquia, no quadro de um plano trienal. A escola recebe um orçamento anual, que tem de gerir livremente, não podendo jamais ultrapassar as verbas atribuídas, pois o Ministério está proibido de acrescentar o que quer que seja. A autarquia tem a seu cargo as despesas extraordinárias e imprevistas. A comunidade, sobretudo as empresas, contribui igualmente. Os empregadores da região fazem sugestões sobre cursos e especialidades que a escola pode criar e que têm utilidade para as actividades locais. As despesas de carácter social (bolsas de estudo, apoios alimentares e outros subsídios) dependem da autarquia, que recorre a fundos próprios e a dotações do Instituto de Acção Social.
Os professores, várias dezenas, pertencem aos quadros da escola. A quase totalidade exerce lá a sua profissão há mais de três anos. Muitos fazem-no há mais de quinze. Os novos professores são recrutados anualmente pela escola, seja através de concursos específicos, seja, em certos casos, directa e pessoalmente. Os novos contratos, com duração nunca inferior a três anos (a não ser a pedido do professor e em caso de emergência), são aprovados pelo Conselho de Gestão, sob proposta do director. Após os primeiros contratos cumpridos, os professores podem obter a nomeação definitiva, tendo para isso que prestar provas. A avaliação dos professores é feita regularmente e ao longo de todo o ano pelo Conselho Pedagógico, pelo Conselho de Gestão e pelo Director. Do processo de cada professor podem constar elementos com origem diversa, incluindo apreciações do Conselho Escolar e dos Inspectores do Ministério, assim como os resultados das provas prestadas e o registo de assiduidade. Esta avaliação, permanente, exclui as grelhas, os projectos individuais e outros formulários abstrusos. Cada professor redige um relatório anual das suas actividades e dos seus resultados, a que acrescenta uns parágrafos com sugestões de melhoramento e opiniões sobre o funcionamento da escola. A decisão última relativa à avaliação depende do Director da Escola.
Há várias modalidades de participação dos pais, seja através dos órgãos representativos, com funções e poderes reais, seja por intermédio das reuniões com os professores, regulares mas relativamente informais, durante as quais se tratam dos múltiplos problemas da vida quotidiana da escola e dos alunos. Os professores dedicam umas horas por mês a receber individualmente os pais. Os representantes dos pais participam necessariamente na organização de vários aspectos da vida da escola relativos à saúde, ao desporto, à alimentação, à cultura e a outras actividades culturais. A escola fica aberta todos os dias até às 19.00, por vezes 20.00 horas, mantendo em funcionamento, até essa altura, a biblioteca, as oficinas tecnológicas, as salas de estudo, as instalações desportivas e as salas destinadas à música e ao teatro. Por vezes, para certas actividades extracurriculares, a escola fica aberta até às 22.00 horas.
Parece difícil, não parece? Mas não é.
António Barreto
Público
23 de Novembro de 2008
O Ministério da Educação não tem qualquer intervenção directa na escola. Mas os seus inspectores visitam-na duas vezes por ano e elaboram relatórios que entregam ao Ministério e à autarquia. Além disso, o Ministério estabelece o currículo nacional que ocupa cerca de 75 por cento das matérias disciplinares. Os restantes 25 por cento são decididos pelo conselho escolar, sob proposta do conselho pedagógico. Para as disciplinas do currículo nacional, a escola organiza os exames de acordo com as regras gerais em vigor para todo o país. Mas a avaliação permanente dos alunos, com ou sem exames, depende exclusivamente da escola que aplica os métodos que julga mais convenientes. O Ministério da Educação tem ainda a responsabilidade de estabelecer anualmente os rankings das escolas. Por outro lado, pode intervir, com poderes excepcionais, cada vez que se verifique, na escola e na autarquia, uma crise irremediável de que os alunos são as primeiras vítimas.
O financiamento público é garantido pelo Ministério, através da autarquia, no quadro de um plano trienal. A escola recebe um orçamento anual, que tem de gerir livremente, não podendo jamais ultrapassar as verbas atribuídas, pois o Ministério está proibido de acrescentar o que quer que seja. A autarquia tem a seu cargo as despesas extraordinárias e imprevistas. A comunidade, sobretudo as empresas, contribui igualmente. Os empregadores da região fazem sugestões sobre cursos e especialidades que a escola pode criar e que têm utilidade para as actividades locais. As despesas de carácter social (bolsas de estudo, apoios alimentares e outros subsídios) dependem da autarquia, que recorre a fundos próprios e a dotações do Instituto de Acção Social.
Os professores, várias dezenas, pertencem aos quadros da escola. A quase totalidade exerce lá a sua profissão há mais de três anos. Muitos fazem-no há mais de quinze. Os novos professores são recrutados anualmente pela escola, seja através de concursos específicos, seja, em certos casos, directa e pessoalmente. Os novos contratos, com duração nunca inferior a três anos (a não ser a pedido do professor e em caso de emergência), são aprovados pelo Conselho de Gestão, sob proposta do director. Após os primeiros contratos cumpridos, os professores podem obter a nomeação definitiva, tendo para isso que prestar provas. A avaliação dos professores é feita regularmente e ao longo de todo o ano pelo Conselho Pedagógico, pelo Conselho de Gestão e pelo Director. Do processo de cada professor podem constar elementos com origem diversa, incluindo apreciações do Conselho Escolar e dos Inspectores do Ministério, assim como os resultados das provas prestadas e o registo de assiduidade. Esta avaliação, permanente, exclui as grelhas, os projectos individuais e outros formulários abstrusos. Cada professor redige um relatório anual das suas actividades e dos seus resultados, a que acrescenta uns parágrafos com sugestões de melhoramento e opiniões sobre o funcionamento da escola. A decisão última relativa à avaliação depende do Director da Escola.
Há várias modalidades de participação dos pais, seja através dos órgãos representativos, com funções e poderes reais, seja por intermédio das reuniões com os professores, regulares mas relativamente informais, durante as quais se tratam dos múltiplos problemas da vida quotidiana da escola e dos alunos. Os professores dedicam umas horas por mês a receber individualmente os pais. Os representantes dos pais participam necessariamente na organização de vários aspectos da vida da escola relativos à saúde, ao desporto, à alimentação, à cultura e a outras actividades culturais. A escola fica aberta todos os dias até às 19.00, por vezes 20.00 horas, mantendo em funcionamento, até essa altura, a biblioteca, as oficinas tecnológicas, as salas de estudo, as instalações desportivas e as salas destinadas à música e ao teatro. Por vezes, para certas actividades extracurriculares, a escola fica aberta até às 22.00 horas.
Parece difícil, não parece? Mas não é.
António Barreto
Público
23 de Novembro de 2008
Etiquetas: Educação
5 Comentários:
Em finais de Outubro o director do Distrito de Portalegre pediu a demissão junto do bispo. Nenhum órgão de comunicação quis dar a notícia.
Agora o bispo quer que pensem o jornal mas tudo já está pensado. Não é possível dar passos para trás.
A verdade é que a Luísa Moreira falhou. O ainda director padre Coelho deixou-a escolher as pessoas para o conselho de redacção que ela nunca reuniu tal como a deixou paginar, escolher as notícias e os artigos de opinião.
Mas a verdade é que desde o tempo em que era director o Padre Manuel André Pinheiro que o jornal não é sério nem dá lucro. O Padre Pinheiro saiu por causa do engenheiro Saul e desde então foi só prejuízos e descrédito.
Goste-se ou não é o Comendador Ribeirinho Leal quem vem dando crédito ao jornal com o Ponto de Vista e outras rubricas de grande sucesso a ponto de também ser colaborador da Rádio Portalegre, Alto Alentejo e Fonte Nova.
Sabe-se da disponibilidade do Comendador Ribeirinho Leal para ser o novo director assim como não se importa que voltando a ser o Padre Pinheiro director seja chefe de redacção.
O Comendador Ribeirinho Leal sabe do que o jornal precisa não é preciso comissões para o fazerem. De que está à espera o bispo para convidar o Comendador Ribeirinho Leal para director do Distrito?
João Trindade
Este texto do João Trindade é enviesado.
Ele sabe, mas não o diz, que o Ribeirinho foi no tempo do padre Pinheiro uma espécie de chefe de redacção do jornal. Com a desculpa que o padre não tinha tempo para o jornal, o Ribeirinho fazia o mesmo que agora o Trindade vem a dizer da Moreira.
Mas o Ribeirinho fez tantas tropelias, que o bispo teve que chamar o padre Pinheiro para que ou ele assumia por inteiro a direcção do jornal, ou arranjava outro director.
Desta forma o Ribeirinho foi afastado.
Mas este facto o Trindade omite, na cega propaganda ao “comendador” Ribeirinho Leal.
O Distrito a continuar assim, com o João Trindade, o Ribeirinho, e outros como eles, continuará a ter um futuro negro. Se, como o Trindade escreve, já há movimentações do bispo para inverter a situação calamitosa do jornal, só pode ser uma boa notícia.
Paço Episcopal
Mas esse padre Pinheiro não tem já mais de oitenta anos?
RITA
Os dias sucedem-se em glória, parece que voltámos à Era do Diploma: mal se levanta uma pontinha do cobertor, vem de lá um cheiro que nos relembra toda a falta de higiene de trinta e tal anos de Democracia mal sedimentada. Há nisto tudo uma mistura da "Fantasia" de Walt Disney com o grande clássico, "The Freaks". Por um lado, temos licenciados, do Norte, a serem ameaçados, por um Hipopótamo, que, ainda por cima, nem dançar sabe. Simplificando: mais uma gaja de habilitações deficitárias, e arrogância correlacta, a ameaçar com processos disciplinares (!), se houver professores a entrarem em qualquer coisinha que se atreva a ser uma sms de convocação para a desobediência e o direito de indignação a ter de assistir ao vergonhoso espectáculo em que se tornou a espinha dorsal de qualquer nação civilizada: a Educação das gerações futuras.
Por mim, só não mando as sms que não posso.
Vai daqui, de Lisboa-Capital, um abraço gigantesco, e um convite a que todo o Portugal se una, para correr, já, com esta corja toda dos postos-chave.
O Primeiro-Ministro está em fase de demência precoce, e insiste em ver triunfos, de cada vez que as cabines do nosso "Titanic" apanham com mais uma golfada de maré gelada. Faz o papel de circo da Doida Ninfomaníaca. Vive no virtual, e nos vapores das saunas do "Clube 7". Como dizia o outro, para lá do Héron-Castilho e do "Clube 7", tudo o resto é província, mas é nessa província que estão obrigatoriamente acotovoladas 10 000 000 de almas inquietas, que só agora perceberam que o Poder é exercido por gente que oscila entre o turvo, o suspeito, e a falta de pulseira electrónica.
Caso clínico, e que me tem levado a passar dias inteiros lavado em lágrimas é a o Fenómeno do Entroncamento, chamado Aníbal Cavaco Silva de Dias Loureiro.
Sim, eu sei que vocês não sabem, mas saíram hoje do Hospital da Cuf-Descobertas... Foi mau... Eu estava sentado no banquinho, couro do melhor, ar condicionado, e a belíssima Katia Guerreiro, a miar o seu último êxito de cavalariça branda, saem os médicos, e olham para mim com o ar daqueles programas da manhã da TVI, em que todos os casos clínicos da nossa avançadíssima patologia social obriga a soltar, não lágrimas de crocodilo, mas lágrimas de Carlos Cruz.
Sim... estava "desenganada": Aníbal e Dias Loureiro eram duas siamesas inoperáveis: passaram-me as TACs para as mãos e estava lá tudo: intestino, estômago, pulmões, alma e coração... tudo era comum. Só a inteligência divergia: um era um saloio do Sul, e estúpido, o outro era um grunho, armado em chico-esperto, que achava que, no País da Camorra, ser mafioso dava lugar a Conselho de Estado.
Dava e deu.
A verdade é quanto mais o Presidente da Bandeira de Croché se colar aos negócios do "Pai, já sou Ministro!..." menos crédito terá, se é que ainda de algum goza. Aliás, Aníbal arrisca-se a ter um futuro extraordinário, e a ser o primeiro Presidente da República, após 1974, a não ser reeleito, e é muito, muito, muito bem feito, mas isso é um problema dele: por mim, conto ansiosamente pela chegada dessa hora.
Neste circo de aberrações, Constâncio faz o papel do anão trapezista: o importante é a tal fortuna que ganha todos os meses, para varrer para debaixo do tapete todos os escândalos financeiros que são a espinha dorsal dos bancos portugueses. Agacha-se e tenta passar pela fresta da porta, por mais apertada que a fresta seja. Aliás, vou mais longe: a única função de Vítor Constâncio é ter posto o Banco do Estado a branquear os branqueamentos de capitais de todos os bancos dos arredores, e nesta frase fica tudo condensado.
Em qualquer país com Opinião Pública amadurecida, com movimentos de cidadãos a processarem sistematicamente esta Mafia, por violação da Constituição, da Carta dos Direitos Humanos, dos Códigos de Processo Administrativo, e tantas outras ancoragens e suporte legais, os tribunais já teriam bloqueado esta agonia do Estado de Direito, e enfiado na jaula um punhado de tipos destes, e não vou aos nomes, porque todos vocês os conhecem de cor.
A nota final é ainda mais subversiva: muitos dos que me lêem pertencem a uma das classes mais ultrajadas, desde que Durão Barroso, Ferreira Leite e Sócrates tomaram o Poder, a Função Pública. Soou, por aí, que ter a Caixa Geral de Depósitos sido obrigada a engolir as brincadeiras-BPN dos meninos do Cavaquistão nos vai cair nos bolsos, sobretudo dos clientes da Caixa, essa mesma Função Pública, que por aí é "forçada", mensalmente, a receber salários e pensões de reforma.
Está aí a vir o Subsídio de Natal.
A mim, e a muitos como eu, não apetece, claramente, vir a pagar em comissões acrescidas de uso de multibancos, cartões de crédito, transferências bancárias, carregamento de telemóveis, pagamento automático de créditos, ou débitos automáticos de águas, luzes e gás, as falcatruas e os negócios obscenos que colaram essa escória da baixa finança aos nossos medianos rendimentos.
Querem dar uma boa prenda a esses cavalheiros?...
Então, vamos todos a uma acção cívica concertada: toca de levantar o cacau todo da Caixa e pô-lo em bancos que sejam fiáveis -- ai, não custa nada sonhar... -- e deixá-los a digerir o seu BPN sozinhos.
Em três dias vinham Aníbais e Sócrates, de joelhos, implorar, por favor não façam isso...
Ora, muito boa noite, como dizia o defunto pianista António Melo, que no tempo do meu paizinho, acompanhava maravilhosamente os programas do António Lopes Ribeiro.
"Muito bôa nôte."
Padre Manuel André Pinheiro faleceu a 12 de dezembro de 2008. funeral realizou-se hoje dia 14 dezembro 2008 em Lisboa. Tinha 79 anos e 53 de sacerdócio.
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