ÁRVORE
Gostava de ter árvores como alguns têm flores.
Árvores, muitas árvores: laranjeiras, pinheiros, uma oliveira ao pé
do mar, se eu tivesse uma casa a sotavento das dunas
como as que se adivinham em certos quadros de Cézanne
se a luz é muito clara e permanece
com velhos nomes gregos que não sei.
Nespereiras, limoeiros, uma que outra ameixoeira
parecendo, vistas de longe, ser
de uma substância estranha e desconhecida.
Não me importava, até, de em tardes de calor
ter dentro do meu quarto um abrunheiro donde pendesse
um decente e fraternal cadáver.
A verdade é que não me assusto facilmente
e tenho confiança no reino vegetal.
Malus sieboldi, Catoneaster dielsiana, vós sois
os mais exactos filhos do mundo.
Gostaria de me rodear, um dia, de videiras
- essas árvores turvas da esperança -
e quando digo rodear sei o que digo, pois
queria que se enrolassem nos meus rins, nas espáduas
me descessem pelas pernas e lançassem
perto do meu sexo folhas novas
e que, ao lusco-fusco, enquanto no céu passam
os pequenos satélites mortais e luminosos que o desespero
do Homem lá coloca, por surpresa se transformassem
em plantas de gesso de frutos impensáveis.
Chego a perturbar-me por vezes se vejo
uma árvore junto a um hospital
Não sei porquê creio que me lembro mais
ou sinto mais
agudamente os níveis dolorosos das origens
do cristal, da carne
os esponjosos tecidos da sombra e da frescura
das cores da morte pronta para o grande tumulto.
Que medo, em certas noites, ver
de noite uma árvore
Sei perfeitamente que uma árvore é um símbolo
obscuro da nossa vida, principalmente da nossa vida
que não houve. Mas mesmo assim
dentro das ruas, dentro das casas
as árvores têm um outro entendimento
um mistério muito delas
- e não completamente inventados -
pois não desprezam a agonia dos homens, o choro dos homens
o seu riso, a sua fome, os sinais todos
que o Homem podia e devia ter.
As árvores começam e acabam sem amor
e sem ódio.
Nicolau Saião
Os objectos inquietantes
Árvores, muitas árvores: laranjeiras, pinheiros, uma oliveira ao pé
do mar, se eu tivesse uma casa a sotavento das dunas
como as que se adivinham em certos quadros de Cézanne
se a luz é muito clara e permanece
com velhos nomes gregos que não sei.
Nespereiras, limoeiros, uma que outra ameixoeira
parecendo, vistas de longe, ser
de uma substância estranha e desconhecida.
Não me importava, até, de em tardes de calor
ter dentro do meu quarto um abrunheiro donde pendesse
um decente e fraternal cadáver.
A verdade é que não me assusto facilmente
e tenho confiança no reino vegetal.
Malus sieboldi, Catoneaster dielsiana, vós sois
os mais exactos filhos do mundo.
Gostaria de me rodear, um dia, de videiras
- essas árvores turvas da esperança -
e quando digo rodear sei o que digo, pois
queria que se enrolassem nos meus rins, nas espáduas
me descessem pelas pernas e lançassem
perto do meu sexo folhas novas
e que, ao lusco-fusco, enquanto no céu passam
os pequenos satélites mortais e luminosos que o desespero
do Homem lá coloca, por surpresa se transformassem
em plantas de gesso de frutos impensáveis.
Chego a perturbar-me por vezes se vejo
uma árvore junto a um hospital
Não sei porquê creio que me lembro mais
ou sinto mais
agudamente os níveis dolorosos das origens
do cristal, da carne
os esponjosos tecidos da sombra e da frescura
das cores da morte pronta para o grande tumulto.
Que medo, em certas noites, ver
de noite uma árvore
Sei perfeitamente que uma árvore é um símbolo
obscuro da nossa vida, principalmente da nossa vida
que não houve. Mas mesmo assim
dentro das ruas, dentro das casas
as árvores têm um outro entendimento
um mistério muito delas
- e não completamente inventados -
pois não desprezam a agonia dos homens, o choro dos homens
o seu riso, a sua fome, os sinais todos
que o Homem podia e devia ter.
As árvores começam e acabam sem amor
e sem ódio.
Nicolau Saião
Os objectos inquietantes
Etiquetas: Alto Alentejo, Escritores de Portalegre, Nicolau Saião, Poesia, Portalegre
41 Comentários:
Dora Morgado em “Momentos de Poesia”
Realizou-se no passado Sábado, 11 de Outubro, mais um “Momentos de Poesia”. O evento realiza-se nos segundos sábados do mês, às 17h, na Biblioteca Municipal de Portalegre. Criado e coordenado pela professora Deolinda Milhano, desde o início tem cativado o público que ali acorre em número muito significativo, algum fiel desde o primeiro dia. Desta vez a convidada foi Dora Morgado, jovem que a todos cativou pela sua simplicidade, sorriso e doçura
A professora Deolinda Milhano deu início à sessão com um agradecimento a todo o público, afirmando ser graças a ele que existem estes "Momentos". De seguida congratulou-se pela presença física de alguns poetas que por ali já passaram como convidados: Isabel Corte Real, José Branquinho, Maria Cecília Carvalho, Luísa Lopes da Silva e Francisco Matos Serra.
Com uma poesia simples, mas provida de sentimento, (…) Palavras soltas ao vento/Como se tivessem boca/Repletas de sentimento/Por vezes sem terem volta (...), Dora Morgado, foca temas abrangentes como a Paz, o Amor (...) Sem ti Amor \Não há sol nem luar/Sem ti só solidão e dor/Sem ti morro por não amar (...), ou a Natureza a Solidão, o Alentejo, a sua Terra Natal, os Poetas... (...) Ai a alma dos poetas/Tão puras que são/São virgens florestas/Têm melodia de uma canção (…) São sorrisos, são dor/ São estrelas que o céu tem/São o amanhecer o sol-pôr (...).
Esta iniciativa, que já vai na 22ª sessão, não atrai somente os portalegrenses. É frequente a assistência de oriundos de outras localidades e para não fugir a regra ali se encontravam amantes da poesia vindos de Cabeço de Vide, Assumar, Arrronches, e de Lisboa se deslocou a Presidente do Círculo Nacional d’Arte e Poesia, Maria Olívia Diniz Sampaio.
A jovem Dora, que diz não possuir amigos jovens, além da poesia também se dedica à pintura, porém num dos seus poemas diz: (...) Se soubesse pintar/Gostaria de mostrar/As pegadas dos anjos/desenhadas ao luar (...).
A Dora acredita nos valores e não quer viver só por viver, ela ama vida.
Não quero apenas existir
Quero viver, viver
Com paixão e alegria
Quero abraçar a vida
E sempre lhe sorrir
Com toda a alma
Com todo o coração
É este o meu desejo
É esta a minha canção
Quero voar, voar
Como é bom sonhar...
Como é bom a vida amar.
No final a coordenadora elogiou o bom gosto da convidada na selecção das imagens que “ilustraram” cada poema lido e passou a palavra ao público, para intervenção. Vários foram os intervenientes e generosos em elogios usando da palavra o Comendador Ribeirinho Leal, o Tenente Coronel Francisco Matos Serra, Isabel Corte Real, o professor José Branquinho, Emídio Palma, Francisco Moura e Luísa Lopes da Silva.
Coma alma impregnada de poesia, seguiu-se um tempo de convívio à volta de uma chávena de chá, a recordar “Momentos” passados, a desejar “Momentos” futuros.
-
Este extraordinário texto literário foi escrito expressamente para a edição de sexta-feira passada de «O Distrito de Portalegre», pela pena do também Poeta, Senhor Comendador Professor Ribeirinho Leal, que acedeu ao convite do Jornalista e Repórter da Cidade, João Trindade, que sente-se honrado.
Pena é que a Biblioteca Municipal da Cidade de Portalegre nunca tenha convidado o Rui Cardoso Martins para apresentar e debater a sua obra.
Porque será Dra.Olga Ribeiro?
É capaz de nos explicar?
Olha, o “comendador de pechisbeque” também é poeta…
Portalegre está cada vez melhor…
-
O Saião é poeta,
E o Ribeirinho também?
O segundo é pateta
E o primeiro é ALGUÉM!
o que é que tudo isto tem a ver com o belíssimo poema de Nicolau Saião; a porcaria de falsa poesia que tem sido apresentada na biblioteca é o contrário do que escreve
Sr. Salgado de Matos
Mas os ditos 'momentos de poesia? são POESIA???
Claro que não. Basta ver a lista dos 'poetas' que por lá andam e passam.
E um dos 'animadores' é o "comendador" Ribeirinho, um autêntico cromo...
Haja paciência!
O prof. Ribeirinho Leal, ao contrário de outras pessoas que poluem Portalegre, até nem é má pessoa mas apenas pouco exigente do ponto de vista intelectual. É um homem digno mas um pouco ingenuo nalgumas coisas. Mas merece a nossa estima.
Cassilda Romão Figueira deve viver num outro planeta...
Casado de papel passado várias vezes, proibido de dar aulas, reformou-se antecipadamente por razões do foro psiquiátrico, e por aqui se fica..., o "comendador" Ribeirinho é o exemplo maior do ditado popular:
_ Olha o frei Tomás!
Faz o que ele diz, mas não o que ele faz...
A Cassilda Romão Figueira deve ser mais uma solteirona apaixonada pelo Ribeirinho…
Olhe que ele anda “ocupado”…
Ou pelo menos é o que ele dá a entender, ao insinuar visitas lá pelo Largo D. Agostinho Lopes de Moura…
olha o Ribeirinho a despedaçar corações...
A GUERRA DOS SEXOS
.
.
.
Ribeirinho e o Amor
Ribeirinho Leal é um grande comendador e uma bela figura de homem.
O J.Trindade, o repórter da cidade, é um grande repórter, um magnífico pensador e um excelente prosador.
E ainda por cima, pelo que dizem, quando novo era um hábil futebolista amador.
E as sessões na biblioteca são do melhor que há no país, pelo que está de parabéns a romancista Deolinda Milhano, a directora da biblioteca Drª Maria Olga, todos os participantes e espectadores, os portugueses em geral e também todos os que são ou não são sócios do Belenenses clube da minha particular simpatia.
D.Ricardina
"até nem é má pessoa mas apenas pouco exigente do ponto de vista intelectual. É um homem digno mas um pouco ingenuo", cito a Cassilda.
Quem tem amigas destas não precisa de inimigas...
Jorge Adão e Sousa
Peço desculpa. Desconhecia estes factos, que me foram confirmados pela Zé.
Mas não acredito na história sobre a colega. É uma calúnia. O casal dá-se muito bem.
O facto de ser visita frequente não quer dizer nada.
CUIDADO!
'Diz quem sabe' que a história do "comendador" está mal contada.
Mas há já quem ande a investigar…
Uma coisa é certa, a Luísa Moreira obrigou o João Trindade a assinar o artigo que escreveu no Distrito sobre o “comendador”…
Assim sendo, algo não bate certo…
João Pires
Ribeirinho não merece ser transformado numa anedota regional, é bom sujeito embora tenha aquelas pequenas manias.
Haja decoro.
R.MEIRA
ó R.MEIRA quando escreves «tenha aquelas pequenas manias.», queres dizer que o Ribeirinho pertence àquele grupo a quem o João Trindade chamou de LARILAS???
Mau.....................
Tens razão «haja decoro»...
O Ribeirinho é bom sujeito como diz o Meira?
Bolas, ele é um "boca de sarjeta"!
Na Rádio de Portalegre, em off está sempre a dizer mal de uns e de outros e a contar anedotas porcas...
Desconfio que o ‘Meira’ é o João Trindade...
Ribeirinho não merece ser transformado numa anedota regional, é bom sujeito embora tenha aquelas pequenas manias.
-
O Meira é mais um amigo da onça do "comendador" Ribeirinho Leal...
Com amigos, destes o Ribeirinho não precisa de inimigos...
PS - Será que o Meira é mesmo o João Trindade?
Capaz disso é ele. Tudo em nome dos dinheirinhos que vai ganhando...
Ninguém falou desta frase:
- «... e de Lisboa se deslocou a Presidente do Círculo Nacional d’Arte e Poesia, Maria Olívia Diniz Sampaio.»
Alguém me podia dizer quem é esta senhora e o que é este organismo?
Por favor Cassilda, não abaixes o assunto mais do que os nossos olhos e ouvidos merecem.
Que é ísso de vir falar no espantoso Círculo?
Mais vale falar de...Olha, filha, vou-me antes calar.
RITA
Com espanto li o primeiro comentário deste conjunto extraordinário que vai decerto ficar na história.
Não consegui ler mais nenhum, tive medo dum xilique.
Fiquei com a convicção de que o Eça não morreu. Agora mora em Portalegre e fotografa a "sociedade culta" de cá através de momentos de poesia vindos da imaginação febril do Dâmaso Salcede.
Eles têm um grupo de truz. Só falta que regresse da cova o conselheiro Acácio, a Gouvarinho,o conde de Abranhos, o outro comendador, o célebre Serrão.
A directora desta espantosa biblioteca tem de os ir buscar ao cemitério dos Prazeres, aqui fariam melhor vistão.
Mário Carvalho
Eu também digo, pois estou do lado de João Trindade: é um homem de muito valor, reparem que praticamente num ápice, o que demonstra como é inteligente, passou de artigos cheios de erros sintáticos e ortográficos, sobre bola e outras tricas, a colunas de opinião bem esgalhadas, concretas, belíssimas de se lerem no Distrito.
Eis o que faz a boa vontade e o estudo em alguém cheio de brio!
Nino C.Cameijo
A culpa da biblioteca nestar como está não a tem a directora que é uma simpática e incolor senhor,mais nada.
O verdadeiro culpado é o presidente, que por ser um sujeito de gosto grosseiro e de meias letras deixa-os fazer o que querem, para ele que não tem nível intelectual que se veja tanto dava ter lá um autor a sério ou um pechisbeque qualquer.
Ele é que é, claro, o responsável.
Artur Nervaz
D. Cassilda, sobre a pergunta que fez quem é a senhora Maria Olívia,deve responder-se como o Romeiro da peça D.Luís de Souza de Garrett: Ninguém!
Paulo B.
Portalegre já não é só uma cidade mal governada.
Agora também já é uma cidade ridícula.
Que pena.
ANAMARIA
Rita, se soubesse, não teria perguntado.
Paulo, a sua resposta é educada, mas fiquei na mesma. Na palelaria Tavares há um livro à venda com o nome dessa senhora, daí a minha pergunta. Obrigado na mesma.
Quem assina Mário de Carvalho é o SAIÃO.
Dúvidas??? É mesmo o paleio dele.
Muito gosta de citar o Eça... Também foi o único que leu no WC enquanto esperarva para as ver...
Para um anónimo de WC:
Mário de Carvalho Ferraz
Rua da Calçada dos Mestres, 62
Lisboa
E detrás da porta tenho uma bela bengala para quem precise de lustro.
Bengala atrás da porta
Para o que der e vier.
Antes murcha que morta
Seja o que Deus quiser…
Poesia de WC
E detrás da porta tenho uma bela bengala
Para quem precise de lustro.
Não a quero, podes dá-la,
A mim não me metes susto!...
Levavas com a bengala
não ficavas logo morto
não ias para uma vala
porque já és um aborto.
MCFerraz
Um aborto não sou
Ó velho aparvoado…
Uma bengalada não te dou
Porque já estás embalsamado!...
isto está animado
e graças ao Ferraz
um poeta alucinado
que descansa em paz…
Ferraz, não responda mais ao anónimo, pelo que escreve se vê que é um gabiru, só pode.
RITA
RITA, vou seguir o seu conselho.
A Menina é uma Querida!
MCFerraz
De nada.
É que desgosta ver o senhor que nota-se ser pessoa educada, baixar-se a responder a um sujeito que vem para aqui rascar este espaço agradável, e não é a primeira vez que o faz pela conversa deve ser um conhecido inútil de andar sentado pelas escadas por aí, um pobre diabo sem eira nem beira sempre a cuscar se vê perna, até dá vómitos.
RITA
«Qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Se os novos partem e ficam só os velhos
e se do sangue as mãos trazem a marca
se os fantasmas regressam e há homens de joelhos
qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Apodreceu o sol dentro de nós
apodreceu o vento em nossos braços.
Porque há sombras na sombra dos teus passos
há silêncios de morte em cada voz.
Ofélia-Pátria jaz branca de amor.
Entre salgueiros passa flutuando.
E anda Hamlet em nós por ela perguntando
entre ser e não ser firmeza indecisão.
Até quando? Até quando?
Já de esperar se desespera. E o tempo foge
e mais do que a esperança leva o puro ardor.
Porque um só tempo é o nosso. E o tempo é hoje.
Ah, se não ser é submissão, ser é revolta.
Se a Dinamarca é para nós uma prisão
e Elsenor se tornou a capital da dor
ser é roubar à dor as próprias armas
e com elas vencer estes fantasmas
que andam à solta em Elsenor.»
Manuel Alegre
"Ser ou não ser"
No reino da Dinamarca, ou seja Portalegre.
JOÃO PIRES
Uma vez mais a RITA é um Amor
Não tenho palavras para lhe agradecer tanto elogio.
Mas sabe, «vozes de burro não chegam ao céu»!
Tem aqui a minha morada. Será um prazer receber a sua visita.
Mário de Carvalho Ferraz
Rua da Calçada dos Mestres, 62
Lisboa
Pobre Ribeirinho Leal
Com sua comenda de pechisbeque
Foi aldrabado pelo Duarte, o tal...
que é plebeu, mas queria ser queque
na internet a verdade está
www.reifazdeconta.com
a divulgação luz fará
aos que pensaram Duarte ser dom
E agora em jeito de recado final
Para a tal Luisa de lingua afiada
Se fosses formosa etc. e tal
com certa cachaporra estavas lixada
Sr. Ferraz, acho visitar um pouco prematuro.
Mas sugiro o seguinte, segunda-feira próxima vou a Campolide com minha Tia a uma consulta. Conhece aquele café-pastelaria mesmo ao pé do grande stand-exposição da Mercedes, na Rua Marquês Ávila e Bolama (é antes do metro)?
Estarei lá por volta das 17 h. Basta identificar-se ao empregado sr. Jorge e ele dirá onde estou sentada.
Até lá.
RITA PEREIRA
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