terça-feira, 26 de abril de 2011

CARAVANA VISÃO - PORTALEGRE

Quase golo na tourada

Rui Cardoso Martins percebeu um dia que a normalidade na sua cidade, Portalegre, era completamente... anormal. Ali, acontecem coisas estranhas, ou extraordinárias. Fomos conferir. E não é que tem razão?

Pedro Dias de Almeida (texto) e Marcos Borga (fotos)



À mesa chegam felosas e pardais fritos, estaladiços, que se comem de um trago só. A seguir, sardinha crua marinada com morangos. Entretanto, provámos as já célebres pétalas de toucinho. E não provámos a "vieira do montado em cama de broa de milho", uma simulação à base de medula óssea. Lá dentro, na cozinha, José Júlio Vintém, 39 anos, tem uma mão de ovelha a cozinhar há mais de cinco horas. Estamos no seu restaurante, o Tombalobos, para onde fomos levados num fim de tarde solarengo, em Portalegre, pelo jornalista e escritor Rui Cardoso Martins, 44 anos (vencedor em 2010 do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, com Deixem Passar o Homem Invisível). Ficamos com vontade de voltar ali, lugar de surpresas. Rui, há mais de 20 anos a viver em Lisboa, adora as experiências de Vintém, e incluiu-o num conto que escreveu recentemente, Estômago Animal.

"Não ligues ao que se diz. A província é uma roda-viva, é muito tarada e cheia de maravilhas. É o contrário do mar em dia de tempestade, a pasmaceira é só na espuma da onda, lá no fundo tudo mexe, entre os peixes", escreveu Rui no seu notável romance de estreia, E Se Eu Gostasse Muito de Morrer (2006) onde Portalegre ecoa em cada página.

Pasmaceira. É uma boa palavra para descrever a cidade neste sábado de Páscoa. Vazia, deserta. Morta. Pelo menos à superfície. Descemos a Rua Direita, que por acaso se
chama Rua 5 de Outubro e não é direita. Na que foi a mais comercial das ruas de Portalegre, muitas lojas fecharam, têm um ar triste, abandonado, números de telefone de agências imobiliárias à frente. Rui caminha com o seu amigo Falcão, que inspirou a personagem principal desse primeiro romance. Pára surpreendido à frente das montras vazias da Casa Nun'Álvares. "Isto também fechou?!". Era uma livraria. "Lembro-me de ver aqui o meu livro, nesta montra...", recorda, entristecido.

Falcão foi, naquela rua, protagonista real de uma das cenas mais hilariantes (talvez não seja a palavra certa...) de E Se Eu Gostasse Muito de Morrer. Ao fim de uma noite de copos - e
bebe-se muito por aqui - descia a rua, quando deparou com um sugestivo caixão aberto. Deitou-se nele, "para experimentar", e... adormeceu. O caixão estava ali para ser ocupado, claro, e quando um recém-viúvo ali chegou com a sua mulher morta nos braços, nem queria acreditar. A cena meteu polícia, um pedido de desculpas, um elogio atabalhoado à qualidade do caixão...



Não se vê ninguém. Até que aparece Eduardo Relvas Bilé. Apresenta-se: "Eu sou o São Martinho de Portalegre", e retira da carteira duas fotos-calendário para o provar, onde podemos vê-lo, com a sua bigodaça branca, vestido de São Martinho à frente de um grande alambique e numa adega. "Sou poeta popular, e sou bombeiro voluntário..." Diz-nos alguma quadras e desaparece, pelas ruas desertas.

Lá ao fundo, chegamos ao plátano, o maior da Europa. "É tão largo que parece um daqueles bichos do Dalí, que só se aguentam no ar com bengalinhas nas banhas", escreveu Rui. Ali à frente, mostra-nos o edíficio onde nasceu, da Misericórdia, antigo hospital. E recorda o dia distante em que, numa cirurgia
que já não se usa, lhe arrancaram ali as amígdalas pela boca, a sangue frio. "Ali ao lado fui escuteiro, e aquilo é a morgue. Já viste? Escuteiro numa morgue...".

A morte percorre o romance - a cidade. A desgraçada ironia do coveiro que decide pôr fim à própria vida dá-lhe o mote. Nessa mesma tarde, José Júlio Vintém, no Tombalobos,
dará conta de mais um suicídio recente na cidade: "Subiu ao sótão e enforcou-se".

Vamos beber mais um copo. A maior parte dos cafés e bares estão fechados. O "escritório", ou "gabinete", que por acaso não se chama nem uma coisa nem outra, está aberto.
E tem vida lá dentro. Na parede, uma televisão mostra imagens, em direto, de uma tourada. Na coluna, mesmo ao lado, ouve-se: "Quase golo, foi quase golo!". Passam-se coisas estranhas em Portalegre. Ou extraordinárias.

Fez-se tarde. "Queres uns chavões para escrever?", pergunta-me, já com pressa, para ir ter com os dois filhos, que ficaram na quinta dos avós, pais do Rui, na serra, lá onde cresce cicuta nas margens de uma ribeira. "Eh pá, chavões, chavões, nã
o quero...", respondo. "Mas são meus, podes escrever" E dita:

- "Sou um optimista e não sei porquê".

- "Se deus existe é má pessoa; eu, com tantos poderes, tinha outra atitude".

São bons chavões, admito, posso escrevê-los.

Antes, tinha dito e repetido outro chavão, de modo suficientemente autêntico para acreditarmos que é assunto sério - como a literatura, esse "modo de ver a única realidade". Olha à volta, para Portalegre, a planície alentejana a estender-se de um lado, a serra a anunciar as beiras de outro. E diz: "Isto é o meu sangue".


Visão

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35 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

essa do tomba lobos está de partir a moca. eu prefiro o carlos dos telheiros onde se comem umas excelentes punhetas de bacalhau.

terça-feira, 26 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

bem dito

esta merda de intelectuais armados ao pingarelho chateia-me um bocado

chateia-me em espcial essa do rapaz se andar a meter com a dor de algumas pessoas que deixa escancaradas no livro, no 1º

parece-me um bocado pornográfico, até porque não há o tempo suficiente de distanciamento para se poder contar coisas que são da vida e da dor privada dos outros

pode-se inventar

pode-se construir uma realidade diferente

pode-se contar a história de outra forma

para mim o que o rui fez foi uma exploração da dor dos outros, o que lhe devia merecer muito, muito mais respeito

o resto, se escreve melhor ou pior, se faz ou não uma boa campamha de marketing, pois que o faça, que colha muitos louros e proveitos, muitos prémios e aplausos (e não o digo com ironia mas com sinceridade), mas acho que devia respeitar a dor

tinha dele a imagem de um tipo decente, mas confesso que não o considerando indecente, baixou muito, muito na minha consideração, e não sei se é isso que me fez passar a vê-lo como vaidosão, que não quero acreditar que seja

este texto da visão está muito bem construído, mas pergunto-me se cada vez que o rui fala de portalegre ou usa Portalegre é com objectivos nobres e ou tão só de achincalhar a terriola

terça-feira, 26 abril, 2011  
Anonymous Paulo disse...

A fotografia da aldeia de Portalegre ficou muito bem nesta reportagem da Visão, da autoria do Pedro Dias Almeida e com fotos do Marcos Braga.
Estão de parabéns estes senhores bem como o nosso grande Rui Cardoso Martins, porque a nossa aldeia é mesmo isto.
Quanto à escrita do Rui, ela é fabulosa tanto no campo da literatura como nos artigos de jornais.
O grande problema dos lagóias é que devem ler mais.

quarta-feira, 27 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

O grande problema dos lagóias é a inveja e a maldicência e já agora a ignorância e a ordinarice, basta ler os comentários deste blog. O que vale é que o Rui já está noutro nivel.

quarta-feira, 27 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Estado fez 30 contratos por ajuste directo a empresas que não existiam

Dezenas de entidades públicas assinaram nos últimos anos contratos por ajuste directo no valor global de cerca de 800 mil euros com empresas que ainda não tinham sido constituídas, revelou o novo serviço online Despesa Pública, site cuja conta foi suspensa cerca das 17h de hoje.

O site Despesa Pública (www.despesapublica.com), anunciado hoje e cuja conta foi suspensa horas mais tarde, foi lançado por um grupo de cidadãos no Dia da Liberdade, 25 de Abril, com o lema «Saiba onde, como e por quem é gasto o dinheiro dos contribuintes».

Cruzando dados oficiais da criação de empresas e dos ajustes directos (sem concurso público), o site permite chegar a «alguns resultados bastante curiosos e de carácter duvidoso», nomeadamente de contratos e adjudicações feitos por entidades da administração central, regional ou local a empresas ainda inexistentes ou criadas pouco dias antes.

quarta-feira, 27 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

...A maior parte dos casos de adjudicações a empresas ainda não formalmente constituídas refere-se a contratos feitos com revisores oficiais de contas (ROC).

O caso extremo é o dos Serviços Municipalizados de Abrantes, que terão adjudicado uma prestação de serviços a uma sociedade ROC mais de um ano e meio (606 dias) antes de esta ter sido criada.

Também a Direcção Geral dos Impostos terá adjudicado a compra de uma envelopadora por 14.450 euros a uma empresa que só foi constituída 15 dias depois.

O Ministério da Defesa terá assinado um contrato de 9.160 euros para o fornecimento de material de combate a incêndios por uma empresa que só terá sido constituída 11 dias depois.

A Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa terá contratado o fornecimento de 50,7 mil euros de material eléctrico a uma empresa constituída três dias depois.

Os 30 casos referem-se apenas à data de publicação da adjudicação, mas há mais algumas dezenas de contratos assinados antes de as empresas terem sido constituídas e publicados só depois.

Das empresas criadas em 2011, 15 já beneficiaram de 17 contratos com entidades públicas por ajuste directo, no valor global de 870 mil euros.

Uma empresa da área da consultadoria, a mais recente listada no site, terá sido contratada pelo Município do Seixal para prestar serviços de acompanhamento dos planos de pormenor um dia antes (01 de Março) de ter sido formalmente constituída, tendo a adjudicação sido publicada dias depois (10 de Março).

A equipa do site Despesa Pública reconhece que, «por vezes», a informação recolhida «não está 100 por cento correcta», pelo que apela à colaboração de todos na sua validação.

Para testar o novo serviço, a Lusa fez algumas pesquisas directamente nos sites do Governo que servem de fonte ao Despesa Pública (www.base.gov.pt e http://publicacoes.mj.pt) e verificou que são iguais, pelo que, a haver engano, será de alguma das bases de dados oficiais.

Lusa/SOL

quarta-feira, 27 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Sócrates denunciado por administração danosa por ter dado tolerância de ponto

O advogado Alfredo Castanheira Neves apresentou na terça-feira ao Ministério Público (MP) uma denúncia visando o primeiro-ministro, por eventual administração danosa, resultante da tolerância de ponto concedida à função pública na tarde de quinta-feira santa.

«Não consegui suportar aquela tolerância de ponto, no actual quadro do país» e «antes de quatro dias» feriados e de fim-de-semana, afirmou hoje, à agência Lusa, o advogado de Coimbra, sustentando que a sua atitude «é um dever cívico».

Sublinhando que a decisão «nada tem de pessoal» contra José Sócrates - a quem, aliás, reconhece «várias qualidades» -, Castanheira Neves entende que aquela tolerância de ponto pode configurar, no plano jurídico-legal, «os pressupostos de gestão danosa».

Escusando a deter-se sobre os fundamentos em que se baseou para apresentar a denúncia, por se tratar de «matéria que está em segredo de justiça», o causídico considera que, assim, cumpriu o seu dever cívico, competindo ao MP «fazer o resto».

A apresentação desta denúncia - como se trata de «crime público, não é preciso apresentar queixa», disse Castanheira Neves - foi divulgada pela edição online do jornal Campeão das Províncias.

Lusa/SOL

quarta-feira, 27 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Cidadãos propõem limitação das despesas com carros do Estado

Um grupo de cidadãos enviou aos partidos com assento parlamentar uma proposta que limita as despesas com veículos do Estado e 'tira' motorista aos presidentes de câmara.

Desde o Presidente da República às chefias de todos órgãos de justiça, forças armadas, governos regionais ou do Banco de Portugal, a maioria dos cargos públicos estão indicados na proposta de lei deste movimento de cidadãos, que define um tecto máximo de 60 mil euros para aquisição de viaturas.

Apenas o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República, o primeiro-ministro e os presidentes do Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal Constitucional, do Supremo Tribunal Administrativo e do Tribunal de Contas estariam abrangidos por esse tecto. Para os ministros estariam disponíveis apenas 45 mil euros. Os restantes tectos seriam de 40 mil, 35 mil e 20 mil euros, este último para todos os veículos de «uso regular».

Afectados de outra forma seriam os presidentes de Câmara, que perdem, segundo o projecto, o direito a motorista. «A presente proposta elimina, a título de exemplo, a possibilidade de um Presidente de Câmara fazer uso de motorista, reduz o número de viaturas atribuíveis aos diversos órgãos da administração pública, reduz os limites de valor de aquisição, cria um mecanismo de autorização pelo Tribunal de Contas e um mecanismo de controlo público das aquisições pelo Estado, assim beneficiando a democracia ao promover a transparência e publicidade dos actos», lê-se no documento.

Os assinantes da proposta esperam que «os Partidos se vinculem à concretização dos objectivos introduzidos nela já em fase de pré-campanha eleitoral ou em período oficial de campanha, para posteriormente adoptarem tal medida».

O movimento defende que o Estado deve seguir os exemplos dos privados e que «a rejeição liminar de discussão pública desta proposta será, pelo contrário, um sinal político de ineficiência e falta de vontade da classe política em dar passos significativos». Referem ainda que são apenas um «grupo de cidadãos» e não têm quaisquer «aspirações políticas».

quarta-feira, 27 abril, 2011  
Blogger manel disse...

pois e o presidente da Câmara de Vila Real vai de lá a Lisboa e vem sempre a conduzir, ah, e já agora, no currículo para presidente da Câmara passa a ser obrigatório ter carta de condução e experiência de condução; por acaso a generalidades dos presidentes de Cãmara que conheço não usam habitualmente motoristas, mas por vezes têm necssidade.

Não sejam ridículos e não queiram regular o bom senso pq acabam ser mal na fotografia

quinta-feira, 28 abril, 2011  
Blogger manel disse...

aos finórios defensores do Rui, só gostaria de lhes perguntar se a campa de um filho vosso fosse violada, achavam a história sórdida como interessante tema para relatar com promenores da vossa vida provada num livro (se fosse numa notícia, tudo bem), ou pq é que o tal coveiro se matou?
isto não é a exploração da dor?
Explorar a história de vida do Paulinho (não é uma reportagem) num livro.
Acham normal coisas destas relativamente a uma terra pequena em que toda a gente se conhece?
Eu não acho, acho que é exploração gratuita. Até pq as mesmas histórias, se se quiserem contadas, podem sê-lo sem expôr os visados e a sua dor.
Claro que quem entende isto assim é tacanho, ignorante e mal formado, mas quem é intelectual já o pode usar.
se se usasse o falecimento da morte da esposa do Rui, as crianças dele, a relação editorial da esposa e já agora a doença que levou (paz á sua alma) para escrever um livro, sem poupar nos pormenores, isso aí já seria invasão da vida privada, desrespeito pelo sofrimento, violentação da família, ofensa aos direitos da personalidade e muito mais.
Claro que há alguns que estão acima dos outros, não é?

quinta-feira, 28 abril, 2011  
Anonymous Paulo disse...

Pois é!
Ou se gosta ou se detesta, mas deve-se acima de tudo ler e não falar porque se ouviu dizer ao amigo ou vizinho.
Quanto mais se ler melhor é a visão aberta da aldeia.

sexta-feira, 29 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Só comentários de frustrados!!!!
Devem ser feitos pelos pseudo intelectuais cá da cidade!!!! Que não passam de uns medíocres que quando abrem a boca só apetece bocejar!!!! Cultivem-se saiam daqui......alarguem os horizontes!!

sexta-feira, 29 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

mas quem é este rui martins? nao conhecia

sexta-feira, 29 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

faz ai um post sobre o careca do profssor pedro borges o cavaleiro das gajas isso sim que era fino

sexta-feira, 29 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

faz ai um post sobre o careca do profe. pedro borges o cavaleiro das gajas isso sim que era fino

sexta-feira, 29 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

o borges já não iça a vela há + de 15 dias.

sábado, 30 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

NEM COM A LOURAÇA DA ESOCLA?

sábado, 30 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

mas que é esse rui martins?

sábado, 30 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

falando para os gajos defensores da escrita dio Rui (no caso do 1º livro), por acaso perceberam a história?
É que pelos vistos quem precisa de ler mais são vocês. E essa de sair daqui é engraçado: só se for para perder as raízes, a consciência e o pudor.
Eu, por exemplo, nem sequer sou de Portalegre (sou alentejano mas não desta zona onde venho com regularidade porque a minha actual esposa é daqui mas não vivemos aqui). Não estudei aqui e não trabalhei nem trabalho aqui nem tenho nenhum filho que tenha aqui nascido, estudado ou vivido.
Por acaso, só por mero acaso, vivi em Évora e em Lisboa. Durante curtos períodos da minha vida vivo no Cartaxo, na Marinha Grande, em Aveiro e em Faro.
Em Portugal vivo em Lisboa desde finais 80. Vivo durante mais de um ano nos EUA e vivo, por sazões profissionais, desde 1998 no centro da Europa, mas a última vez que estive em Portalegre foi na Páscoa.

Provavelmente sei, conheço (sem conhecer as pessoas) algumas das histórias sórdidas que o Rui contou(que foi colega da minha mulher, e por isso o conheço bem de Lisboa).

Declaro que não acho decente contar histórias verdadeiras mas muito sofridas de pessoas de uma pequena comunidade, sem a sua autorização, expondo-as aos olhos de todos.
Anoto que se se tratasse de uma notícia, no memoeto de um dos casos, nada tenho a objectar.
Acrescento ainda que essas histórias, se se querem contar ao abrigo da liberdade de criação artística, pois podem perfeitamente ser contadas, alterando os locais e os tempos, por exemplo, para proteger a identidade das pessoas e o seu sofrimento.

É aqui que está a minha discordãncia.
o rui, do meu ponto de vista, aproveitou-se do seu conhecimento da dor dos outros para a expôr de forma desrespeitosa e sensacionalista. E só o fez porque não vive em portalegre e se desenraizou.

E acrescento que uma pessoa decente não faz isso. Pelo contrário, respeita a dor dos outros.

Acho que você que tem muito mundo não conhece se calhar as histórias de que falo.

Pois eu que não sou de cá sei quem é o bébé cuja campa foi violada, o porquê de o coveiro se ter suicidado, o drama e a dor dos pais do bébé, o drama de percurso do Paulinho.

Pois, eu que não se cá, conheço.

É que eu não tenho mundo e você é muito culto e inteligente.

Sabe, eu tenho uma opinião que voc~e devis perceber que deve respeitar, ainda que tenha o direito de não concordar com ela.

Mas não, você defende o quê? Que o rui, porque escreve, é livre de expôr a vida das outras pessoas e explorara a sua dor?

É esta a diferença dos nossos conceitos. Eu respeito-o discordando, mas você chama-me obtuso e manda-me ler.

Pois pode ter a certeza absolutíssima que li o que a que me refiro muito antes de si.

E que provavelmente conheço as histórias que você desconhece.

Fiquemos por aqui porque não vale mesmo a pena duscitir com intelectuais ilustres portugueses.

sábado, 30 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

mas quem é esse rui é alguém?

sábado, 30 abril, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

ainda lhe dao visibilidade. o gajo mal sabe escrever e aproveitou-se de quem o rodeava. Quem pensa ele que é? escritor????com premios ganhos atraves de amigos??

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Quantos de vocês não contaram essas mesmas histórias ao balcão de uma tasca qualquer cá pela cidade?

Quantas dessas histórias não são do conhecimento público há já muitos anos?

Quantos de vocês não gozaram directamente com a senhora que passa de mota e rádio em "altos berros" e com aquele outro senhor com toques excessivamente efemininados?

Se se sentiram ofendidos provavelmente identificaram-se com alguma coisa lá escrita, ou perceberam mais do que lá está escrito.

Mas ainda bem que leram, só isso já abona em vosso favor.

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Porra, quero lá saber da maluca da Mónica.
Até pode ter piada escrever sobre ela. Mas eu não escreveria sobre ela mas sim sobre uma tipa maluca que anda de mota, que tem uma bala na cabeça, etc., num sítio qualquer. Não num livro sobre Portalegre.
Por respeito por ela.
Posso contar a história sem explorar a pessoa.
Sobre o Paulinho. Poderia escrever muitas coisas. Até poderia escrever como ensinei os meus filhos s respeitá-lo e sempre lhe exigi que os respeitasse. Como eu o respeito. Devo ser das raras pessoas (se calhar por não ser de Portalegre) que spou capaz de estar meia hora a falar com ele no Rossio. Porque sempre o respeitei na sua sua enorme diferença, nos seus execessos de mostrar.
Mas não aceito que se explore o Paulinho. Posso escrever sobre o Paulinho, mas não seria em Portalegre nem ele se chamaria Paulinho.
Daqui a 30 ou 40 anos? Pois, eu já não seria vivo nem ele. Mas podia deixar escrito, que fizesse muita questão, para ser publicado sem cheiro de exploração, de sensacionalismo, de intromissão, de desrespeito. De falta de caridade.
Que dirá disto o Dr Leonel Cardoso, não sei, mas aposto que concorda mais comigo do que com o filho.
Mas, acima de tudo, escrever sobre os pais do bébe cujo cadáver foi remexido no cemitério, em resultado do que o coveiro se matou... porra ... isso não se faz.
Se quisesse contar a história - porque é de uma história que falamos´e não de uma notícia - fizesse do pai empresário, latifindiário, engenheiro ou pedreiro, da mãe doméstica, operária, jardineira ou bibliotecária, e situasse a históroa em Silves, no Canadá, em Badajoz, em Freixo de Espada à Cinta ou na Amadora.
Já a morte da professora não posso criticar especialmente porque a senhora morreu, o rapaz até parece reabilitado e não estou a ver quem possa sair especialmente magoado ao ler o que escreveu.
O que lhe digo, porque é minha absoluta convicção, é que ao escrever o que escreveu, o Rui não teve respeito pelas pessoas e acho que nem por ele próprio.
O Rui agrediu, magoou, desrespeitou, atraiçoou desnecessáriamente os outros, se calhar porque acha que está acima da sua comunidade.
É que há valores na sociedade e na conduta entre os homens. O Rui não foi Homem ao escrever o que quis escrever da forma como o fez.
Ao que escreveu chama-se pornografia barata.
E repito-lhe que li muito antes de si aquilo a que se refere. E reafirmo que continuo a ter estima pelo Rui, mas muito menos do que aquela que tinha.
Na balança do deve e do haver, recomendo-lhe a leitura do artigo que fez para o Público sobre a morte do David Lopes Ramos (vê, também lemos o Público!), que talvez você não soubesse quem era nem tenha lido. Mas recomendo-lhe.
Disse que não voltava responder, faltei à palavra dada mas agora não voltarei mesmo a responder.
Digo-lhe apenas que se pensa que você ou o Rui são melhores, mais importantes, mais cultos, mais inteligentes, têm mais direitos ou são mais clarividentes que os outros, então nem é preciso que eu os classifique, pois estão auto-classificados.
Para ver se você entende de uma vez: não está em causa se quem tem razão sou eu ou se é você.
O que está em causa é que eu tenho direito à minha opinião desde que demonstre os meus pontos de vista, e a partir daí, quer você concorde ou não só tem de respeitá-la.
1/2 (cont.)

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

(cont) 2/2

Para ver se você entende de uma vez: não está em causa se quem tem razão sou eu ou se é você.
O que está em causa é que eu tenho direito à minha opinião desde que demonstre os meus pontos de vista, e a partir daí, quer você concorde ou não só tem de respeitá-la.
Por acaso (se calhar não é por acaso) eu acho que a minha opinião é mais correcta que a sua, está sedimentada e apresentei os argumentos que a sustentam.
Você nada disso fez em relação à sua, limitou-se a achar que o Rui tem "mundo" e que por isso pode fazer o que quer porque "está acima" dos pobres portalegrenses.
Ora isto deixa muito claro a profundidade do seu pensamento e os alicerces dos seus argumentos.
Ah!... mas afinal parece que percebeu que se calhar há outra gente que - impropério - terá mais mundo, mais leitura e mais cultura que você e não se verga à omnisciência e à omnipotência do Rui. Sacrilégio!
Perante o seu último argumento, apetecia-me mandá-lo a uma parte, mas não vou agora descer o nível.
Amigo, leia, leia muito, reflicta, cultive-se, aprenda a não ser seguidista e pode ter a certeza que descobrirá que não há deuses na terra, e certamente até o Rui recusaria ser um deles.
Fez mal, paciência, está feito.
Agora não queira defender o que não tem defesa, ou então argumente com razão e não em futebolês.
Estamos conversados.

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

QUEM DESRESPEITA AS GAJAS CASADAS É O CAREGA DO PROF. PERDRO BORGES ESSE CABRAO

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Mas afinal é o gajo que desrespeita as gajas casadas, ou elas é que andam cheias de fominha e toca a pôr a passara a jeito?

Lembrem-se sempre que a mulher é que manda quando e com quem vai para a cama. Tenho dito.

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

mas quem sao as gajas?????

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

David, meu chefe

30.04.2011 -Por Rui Cardoso Martins
Uma entrada antes da ementa. Isto custa, mas tenho de cumprir o que percebi uma vez, não vale a pena dizer que não vale a pena, que sei que nestes momentos o que eu disser não serve de nada, etc.


Não acredito na palavra da salvação, mas as palavras são salvadoras. Um sussurro, um telefonema, um SMS, o arrepiante pedido dum jornal... escreves sobre ele? Se não tivermos, nestes momentos, as palavras dos outros, o que é que temos, o que nos sobra? Um grande beijinho à Lila e à Joana, a mulher e a filha tão queridas pelo David, os meus sinceros pêsames a toda a família e amigos.

Que obituário queres ainda do meu coração, jornal PÚBLICO? Vinte anos, mais uma notícia. Não só amigos, mestres. O Fernando Semedo, o César Camacho, o Torcato Sepúlveda, a Tereza Coelho (não só mestre, mulher), agora o David.

Lava a loiça, tenta perceber o que não entendes.

Fui um dos cavalheiros da enorme távola redonda do David, mas pouco sei sobre adstringência, excesso de taninos, pouca acidez, vou para sempre evoluir mal na garrafa, só sei se gosto ou não gosto. Há um ano, tivemos uma grande festa no Alto Alentejo, atrasada mas fez-se. Um "almoço ajantarado", como brincava o David, que por acaso começou às 13h30 e terminou de madrugada, uma refeição extraordinária, delicada, fora das normas (vinte pratos diferentes), que lhe dedico, falo dela num conto que por acaso sai este fim-de-semana. David, nem o leste: o Estômago Animal é ficção, mas é teu de verdade.

No dia seguinte, tive a surpresa de ver cozinhar, em casa dos meus pais, serra de S. Mamede, com tachos e sertãs indignos do momento, dois (em todos os sentidos) enormes cozinheiros, o chef José Júlio Vintém e David Lopes Ramos. O primeiro inventou enguia crua marinada e reelaborou o guisado de ouriço-cacheiro com alho francês, o David fritou os tordos, assou a lampreia no forno e cozeu a canja de pombo com nabo, que decretámos nessa tarde o melhor caldo do mundo. Os pássaros cantaram, os gatos miaram, as moscas amoleceram, as vinhas floresceram, os coentros explodiram, a ribeira cresceu.

Gostava de te abraçar outra vez, David, pão e azeitona no prato, flor de sal na ponta do indicador, ouvir-te a opinião sobre um texto, um livro, o melhor restaurante do mundo, a política, o jornalismo, um país. Sabes que, atrás do pico da serra, a montanha que vemos desse pátio, os espanhóis batem palmas e cantam: quase nos morre a alma quando um amigo se vai. Estava prometido, não vai ser.
...

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

...
Ao longo dos anos, o David convida-me, ao Luís Pedro Nunes, ao Luís Miguel Viana. Amizade e, de vez em quando, logística: nem o David, com aquele ar de Pai Natal à paisana, conseguia provar tantos pratos sem levantar suspeitas. Entrava incógnito nos restaurantes, a reserva feita noutro nome, e voltava para tirar a prova dos nove. Recusava a fama da televisão, para não se mostrar. Creio que o David é a única pessoa do mundo a quem nunca vi cometer uma injustiça. Isto decorria da sensibilidade e da sua inabalável dedicação ao dever. Ser um grande crítico gastronómico e conhecedor de vinhos é um trabalho difícil, parece brincadeira, não é. É um trabalho que entra nos domínios da maior realização humana: a Arte. No que encontrava mal por incúria ou má-fé, não tinha perdão, mas sempre bem-educado. Erros por ignorância, tentava ajudar. O David disse uma coisa que pus directamente em livro, parece ordinária, mas tentem ouvi-la na sua voz de madeira, soprada e alegre, atravessando a verdade das palavras:

A vida dá trabalho

não é pôr o dedo no cu e cheirar.

Isto aprendi com o meu amigo David.

Orgulho-me de lhe ter apresentado a cacholeira de Portalegre, branca e cozida, que considerava o paté genuíno de Portugal, e que se deve acompanhar, ouvi com surpresa, mas é verdade, de vinho branco ou champanhe, o tinto pesa. Ele mostrou-me, numa excursão a Trás-os-Montes, no gelo do Inverno, o sabor do presunto de porco bísaro de Vinhais, os pratos de caça, os vinhos do Porto e a biblioteca desarrumada do Solar Bragançano, do Desidério, o homem dos ombros largos.
...

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

...
De repente isto, quando ia para a reforma. Melhor, quando ia escrever sem estar preso a um emprego. A ideia de reforma é obscena para os que amam o seu trabalho. Vários amigos organizaram, a meio caminho entre Lisboa e o Porto, um jantar que ia ficar na história, como a memória do David e os seus textos.Discutíamos na Internet a prenda, se um computador portátil (qual reforma?...), se um telemóvel. Um telemóvel! Nem morto o ligarás, David, temos de arranjar maneira de falar de outra forma.

Não o fui ver ao hospital por respeito ao sagrado princípio de o ver alimentado. Desde que isto começou, conversámos uma vez através do telefone da família. Mais tarde celebrei na varanda, a pensar nas anunciadas melhoras do Ramos, a tardia chegada da Primavera. Dias depois, o Luís Pedro contou-me que o David lhe pegou nas mãos e disse "parece que não me safo", depois o Luís Miguel escreveu que lhe tinham dito que talvez sim, talvez sim, e o Manuel Carvalho, o Agostinho Leite, o João Paulo Martins, o Duarte Calvão, o António Melo, o Pedro Garcias, o... mas depois, olha, depois não.

E tu calado, calado.

Tantas vezes brindámos com um cálice de vinho. Agora, por acaso, estou a beber lágrimas. Têm sal a mais, David.

Escritor e antigo jornalista do PÚBLICO

domingo, 01 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Meus caros ultima novidade a Fundação Robinson ta a dar o berro..deixou roubar tudo e agora só mantém os três técnicos de mochila as costas e nada fazem... entram ao meio dia e passeiam-se pela Praça da República de ar cansado de nunca nada fazerem. Que vergonha o Camões só ca vem bajular o ministro e papar almoços a Xanax ??? Uma triste embriagada a querer dar um ar de graça e a Adelaide Teixeira vereadora criada a pressa a papar almoço e a posar para a foto até mete medo com aquele ar doentio e macambúzio de quem nada sabe de autarquia. Ponham este pessoal a mexer os técnicos do nada sabem fazer ruaaaaaaaaa.... deiam oportunidade ao pessoal da terra que até sabe trabalhar....

segunda-feira, 02 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

nao deiem é oportunidade ao prof borges que o gajo nao pode ver conas por perto

segunda-feira, 02 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Taz deserto de falar. Fala, porra!
Também queremos saber essas coisas.

segunda-feira, 02 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

cabrões dos americas furaram o casaco ao homem. porque não fazer o mesmo ao borges mais conhecido pelo papa conas mal aproveitadas?

segunda-feira, 02 maio, 2011  
Anonymous Anónimo disse...

Portalegre, cidade Alto Alentejo, deserta, sem emprego!!!Quando aparece uma coisa nova, logo aparece outra de concorrencia, mas concorrencia cinica, desleal e desumana.
Autoridades de saude do nosso Distrito. Levou-se anos em que os doentes de Hemodialise faziam tratamento numa clinica sem condições e quando um numero de doentes era excedente deslocava-se para fora (Abrantes, Entroncamento, Barreiro..) surge então a Fundação Renal Portuguesa a fazer um cEntro com todas as condições e do mais moderno na zona industrial, logo de imediato a Fresenius exploradora do antigo centro, compra um Stand de automoveis "Alemão" e constroi um Centro em tempo record, agora que A Fundação começou a iniciar funções e que os doentes podem optar por um ou outro. A Fresenius tem massacrado os doentes, sempre dizendo que querem o bem deles e que não vão para o outro, que é assim....sempre dizendo péssimo, com uma carga psicologica através de médicos, alguns enfermeiros...assistente social e até aos funcionários dos transportes. Isto é brincar com a saúde, os doentes é que pagam, até quando são os doentes as cobaias, denunciem esta situação, os doentes até na Frsenius são obrigados a assinar papéis em como querem lá fazer tratamento!!!

terça-feira, 03 maio, 2011  

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