VIII
(Futuro: a Censura não deixou publicar estes versos n'«O Diabo».)
Posso lá compreender os teus olhos resignados
com qualquer mecânica de Primavera!
Eu que estou farto das canções vazias dos pássaros
e dos montes de pedras
que já ninguém sabe quem criou
neste enredo da preguiça das árvores
a repetirem sonâmbulas
a herança azul
do primeiro caos da criação.
Eu que quero outra luz,
outro sol,
outra morte,
neste planeta de cadáveres
enfurecido de flores.
Eu que só choro diante das paisagens
quando me lembro que por dentro das pedras
corre, negro e escondido,
o sangue humano de todos os fuzilados.
A Primavera queremos nós criá-la.
Nós, os homens.
com qualquer mecânica de Primavera!
Eu que estou farto das canções vazias dos pássaros
e dos montes de pedras
que já ninguém sabe quem criou
neste enredo da preguiça das árvores
a repetirem sonâmbulas
a herança azul
do primeiro caos da criação.
Eu que quero outra luz,
outro sol,
outra morte,
neste planeta de cadáveres
enfurecido de flores.
Eu que só choro diante das paisagens
quando me lembro que por dentro das pedras
corre, negro e escondido,
o sangue humano de todos os fuzilados.
A Primavera queremos nós criá-la.
Nós, os homens.
José Gomes Ferreira
Poeta Militante / Viagem do Século Vinte em Mim
Etiquetas: José Gomes Ferreira, Poesia
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