PAPUÇA
para se ser cidadão era necessário mais alguma coisa do que meter um voto numa urna
Olha enfia a carapuça
Mas não compres o velho fato
De ananás
O estilo não se empresta
E nada tem sentido
A tua falta, meu papuça
Se podes ou não podes
Tanto faz
Experimenta sair
Um pouco, está bom tempo
Na Arrábida para os ninhos
Meu rapaz
Amanhã é feriado em Paio Pires
Aguça
O teu ouvido rouco-mouco
Em aguarrás
A multidão na rua
- É Zé!
Ouve-se a banda tocando
O M. F. A.
Vai o Borges, o Pina, o Xaimite e a Bibas
Balouçando
A revolução é p'ra já
A bota trocada
O canto na varanda
De rota batida
Para Luanda
Só menos um furo
No cinto apertado
É já Primavera
Amar não é pecado
Na fímbria da saia
A lagartixa verde
E um dia alegre
À nossa espera, bebe
Estamos na seca
A paz é pouca
Dorme uma soneca
A tia louca
Limpa os sovacos
Com esse spray
Amanhã é dia
De «Dancing Days»
Põe nessa boca
Uma chupeta
Amanhá é dia
De Dona Xepa
Mas não compres o velho fato
De ananás
O estilo não se empresta
E nada tem sentido
A tua falta, meu papuça
Se podes ou não podes
Tanto faz
Experimenta sair
Um pouco, está bom tempo
Na Arrábida para os ninhos
Meu rapaz
Amanhã é feriado em Paio Pires
Aguça
O teu ouvido rouco-mouco
Em aguarrás
A multidão na rua
- É Zé!
Ouve-se a banda tocando
O M. F. A.
Vai o Borges, o Pina, o Xaimite e a Bibas
Balouçando
A revolução é p'ra já
A bota trocada
O canto na varanda
De rota batida
Para Luanda
Só menos um furo
No cinto apertado
É já Primavera
Amar não é pecado
Na fímbria da saia
A lagartixa verde
E um dia alegre
À nossa espera, bebe
Estamos na seca
A paz é pouca
Dorme uma soneca
A tia louca
Limpa os sovacos
Com esse spray
Amanhã é dia
De «Dancing Days»
Põe nessa boca
Uma chupeta
Amanhá é dia
De Dona Xepa
Zeca Afonso
Como se fora seu filho
Etiquetas: Poesia, Zeca Afonso
1 Comentários:
Há tantos anos que o Zeca morreu e aquilo que ele cantava continua a ser tão actual. Não sei se gostei se não, de o ver aqui misturado com Manteigas, Serrotes, Vitinhos e Biscainhos. Gostei porque ele merece ser recordado. Não gostei porque ele está num nivel muito superior e intocável: o dos poetas mortos. Que nunca morra o Zeca na nossa lembrança nem com ele a alegria pura daquela madrugada de Abril!
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