sexta-feira, 20 de março de 2009

O MAGALHÃES

Para muita gente, o Magalhães é o supra-sumo da genialidade lusitana. O primeiro-ministro, a Lurdinhas ministra e ajudantes assim o proclamam. Em compensação, também para muitos, o Magalhães não passa de um computadorzinho escolar, nada mais.

O sociólogo António Barreto proclama em voz alta: O Magalhães é o maior assassino da leitura, veja-se revista LER, número de Março. A António Barreto podemos creditar obra de alta qualidade, serenas reflexões sobre a sociedade portuguesa e grande objectividade nas análises. Pois bem, o seu comentário não suscitou resposta por parte dos responsáveis governamentais, nem daquele pitoresco e falador presidente da Confederação de Pais, o tal que pretende as Escolas abertas doze horas por dia, a fim de os paizinhos poderem assar cabritos nos pátios, no intervalo de umas jogatanas.

Ora, os progenitores estão fulos por os computadores entregues aos filhos não virem preparados para poderem ramboiar através do espaço como pretendem. Por assim ser estão a remeter os Magalhães para as Escolas pedindo o seu conserto, os professores respondem não serem técnicos informáticos e a festa continua.

Se são questionados, os responsáveis respondem dentro da toleima proverbial de minimizarem os problemas, enquanto os secretários de Estado, todos rebarbativos e formais, numa linguagem a imitar o malhador Santos Silva culpam os sindicatos pelo clamor contra a incompetência.

Sei por experiência própria quão difícil é um adulto sair do lote dos info-excluídos, também sei das extraordinárias capacidades dos computadores em nos facilitarem a vida e da sua indispensabilidade nos tempos correntes, a partir daí a máquina não pode suprir a falta de estudo e de leituras.

O violento desabafo de António Barreto resulta da constatação do continuado aumento da incompetência de mulheres e homens em escreverem e interpretarem adequadamente dada a sua relutância em fruírem a leitura. Mesmo na esfera da leitura utilitária os derrames existentes acompanhados pela continuada prática de exercícios para inglês ver acabarão por gerar uma multidão de iletrados.

A continuarmos assim – e vamos continuar – a desconfiança latente pelos homens de letras vai aumentar, não tardando muito a serem tolerados a custo, já faltou mais, até porque os bobos movimentam-se bem nesta terra de truques a contemplarem especuladores e dirigentes semi-analfabetos esperançados em que o Magalhães faça o milagre de conceder sabedoria a meninos e paizinhos.

A.F.

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1 Comentários:

Anonymous J.G. disse...

Na recente viagem a Cabo Verde, o famigerado "Magalhães" esteve no centro das atenções da propaganda oficial. Todavia, parece que a coisa não "pegou".«O computador Magalhães não tem sido um sucesso de venda no seio dos estudantes” em Cabo Verde, fez saber uma das maiores empresas do País que vende equipamentos informáticos, a SOPROINF, através de um comunicado divulgado. Por esta razão, diz aquela empresa, “vão parar definitivamente de o importar”(...) Os estudantes preferem gastar um pouco mais e ter um portátil melhor.»
http://liberal.sapo.cv/index.asp?idEdicao=64&id=22793&idSeccao=520&Action=noticia
Que vergonha.

sexta-feira, 27 março, 2009  

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