VENTO DO SUL
Só a febre consegue explicar a insolência
com que erguemos muros diante do que,
no exterior, não recebeu ainda o título
prestigioso de literatura. Um vento seco
então bate no dicionário e encarquilha
as folhas, sem permitir que o pensamento
se estenda pelos baixios que descobre
na paisagem o tempo lento da leitura.
Esquecemo-nos já de como era difícil
inventar uma linguagem de sombras
em que se restabelecesse o rosto
luminoso da literatura? Felizmente
que o mundo se reconstitui
nas pausas do vento, obediente
ao ritmo que lhe vem de longe,
do reflexo cansado da planura.
Nas montanhas, as pastagens
reverdescem abandonadas-
e só os corvos reconhecem
nos esqueletos o vestígio
extinto de uma estranha
forma de poesia.
com que erguemos muros diante do que,
no exterior, não recebeu ainda o título
prestigioso de literatura. Um vento seco
então bate no dicionário e encarquilha
as folhas, sem permitir que o pensamento
se estenda pelos baixios que descobre
na paisagem o tempo lento da leitura.
Esquecemo-nos já de como era difícil
inventar uma linguagem de sombras
em que se restabelecesse o rosto
luminoso da literatura? Felizmente
que o mundo se reconstitui
nas pausas do vento, obediente
ao ritmo que lhe vem de longe,
do reflexo cansado da planura.
Nas montanhas, as pastagens
reverdescem abandonadas-
e só os corvos reconhecem
nos esqueletos o vestígio
extinto de uma estranha
forma de poesia.
Fernando Guerreiro
De Outono
Etiquetas: Fernando Guerreiro, Poesia
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