AS CAUSAS...
"Em vez de ensinarem, as escolas estão a produzir analfabetos literários e científicos. Sem Português e Matemática, que são ferramentas transversais para todos os demais saberes, não se pode ser bom em nada. A falta de educação pré-escolar digna desse nome, a elementarização do ensino básico (de onde se sai a mal saber ler e escrever e sem saber fazer quaisquer contas), a infantilização do ensino secundário, manuais escolares deficientes, pedagogias laxistas, professores incompetentes e sem a preparação adequada, ausência de uma cultura de rigor e de exigência de avaliação, o horror às reprovações, tudo isto e mais alguma coisa está a fazer do nosso ensino um escandaloso descalabro.
É precisa uma revolução. É o futuro do País que está em causa."
Quem escreveu isto, em Janeiro de 2004, intitulou o postal O Desastre.
Passados quase cinco anos, já poderia escrever, A Tragédia.
Em vez disso, anda a escreve epifanias e incentivos ao mais despudorado autoritarismo de maioria absoluta.
Nem uma palavra a propósito do horror ás reprovações.
Não convém ser coerente, em tempo de poder.
Passados quase cinco anos, já poderia escrever, A Tragédia.
Em vez disso, anda a escreve epifanias e incentivos ao mais despudorado autoritarismo de maioria absoluta.
Nem uma palavra a propósito do horror ás reprovações.
Não convém ser coerente, em tempo de poder.
J.
Etiquetas: A Fina Flôr do Entulho do P.S., Educação, José Sócrates, M. L. Rodrigues, Partido Socialista
3 Comentários:
Vital Moreira escreveu no Público de 18-11-2008 uma crónica sob o título "Uma reforma que não pode ser perdida", ocupando a quase totalidade do texto sobre considerandos quanto à bondadade das medidas educativas emanantes do ME. Discorre ainda sobre o direito que cada qual tem à manifestação e a discordar. A já habitual cassete do PS quanto aos professores não serem avaliados não sei há quanto tempo, sobre a enorme justiça que traz a cisão da carreira docente e sobre imperadora necessidade de cumprir esta lei da availiação - já sobre outras não sabemos - têm lugar de destaque.
Balelas, portanto.
Termina, no entanto, com dois parágrafos esclarecedores:
«Nesta "guerra" da avaliação dos professores, o pior que poderia suceder era uma desistência do Governo por razões de calculismo eleitoral, imitando o grosseiro oportunismo eleitoral do PSD. Ao contrário do que alguns defendem, o PS pode bem suportar a provável perda eleitoral entre os professores que se opõem às reformas da educação, que aliás nenhuma cedência agora recuperaria. O que não deve arriscar são as perdas bem maiores que teria entre os eleitores em geral, que são a favor das reformas, caso cedesse à chantagem eleitoral, perdendo não somente a coerência política mas também a firmeza e a autoridade reformadora, que constitui o seu grande activo político nas eleições que se aproximam.
De resto, o saldo eleitoral desta contenda pode ser neutro ou mesmo positivo, se cada voto perdido entre os professores que não querem ser avaliados for compensado por outros tantos, ou mais, entre os eleitores que pagam a escola pública e querem ver aumentar a sua qualidade e eficiência, não aceitando que as reformas sejam sacrificadas por causa da defesa sectária de interesses profissionais.»
Não restam dúvidas que o PS nunca cederá na questão da avaliação. Poderá estar aberto a uma lavagem de cara que acalme os ânimos mas suspender a actual lei da avaliação nunca acontecerá. Quais questões de príncipio qual quê. Trata-se duma questão de mero cálculo eleitoral. Suspender não trará de volta os votos perdidos entre os professores e ainda fará perder mais votos entre a restante população.
Não sendo esta uma análise propriamente inovadora - até o PS a faz, temos que admitir que também os sindicatos a ela não serão estranhos. Assim sendo e sublinhando que suspensão nunca ocorrerá, porque faz disso Mário Nogueira uma bandeira? Porque colocou a FENPROF como condição para o dialógo que a ministra anunciasse de imediato que a suspensão da avaliação? Mário Nogueira sabia muito bem o resultado que sairia da reunião no ME ao anunciar publicamente este braço de ferro. Obviamente que a ministra não iria recuar.
Acontece que a uma certa forma de fazer oposição, na qual a Fenprof se integra, não interessa resolver os problemas mas sim manter o conflito em aberto. Para quê curar a ferida se ela ainda pode infectar mais? Mário Nogueira não está a procurar resolver os problemas dos professores que esgotam o seu tempo e energia num modelo de avaliação mal concebido. O conflito alimenta a estratégia de poder da Fenprof e das forças políticas que a suportam.
À saída da reunião furada, Mário Nogueira afirmou: "a posição da Fenprof, a posição da Plataforma Sindical dos Professores e a posição dos professores e posição dos Conselhos Executivos e a posição de todos aqueles que racionalmente estão neste processo é que o que há que fazer imediatamente é suspender este modelo". Mas a verdade é que ele não possui a legitimidade para falar em nome daqueles que enumerou! Uma manifestação de rua onde alguém anuncia tomadas de posição em nome de todos não confere representatividade a ninguém. Só a terá quando apresentar uma proposta que seja votada pelos professores. Só aí poderá falar em nome deles.
Resolver os problemas implica encontrar soluções. Os sindicatos e o ME fazem parte do problema.
«A conferência de imprensa do conselho de ministros extraordinário está marcada para as 18h00, e contará com a presença da ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues.»
Dahhhhhhhh por isso é que é um conselho de ministros!
Entretanto, dominar o espaço mediático é claramente a estratégia:
18h - Conselho de Ministros
20h - Directos nos telejornais com as "conclusões" do Conselho de Ministros
21h - Entrevista da ministra na RTP1, repetindo as "conclusões" do Conselho de Ministros
Adianto já essas "conclusões", resumidas no último texto de Vital Moreira no Público (que aqui antes abordei):
Vital Moreira escreveu no Público de 18-11-2008 uma crónica sob o título "Uma reforma que não pode ser perdida", ocupando a quase totalidade do texto sobre considerandos quanto à bondadade das medidas educativas emanantes do ME. Discorre ainda sobre o direito que cada qual tem à manifestação e a discordar. A já habitual cassete do PS quanto aos professores não serem avaliados não sei há quanto tempo, sobre a enorme justiça que traz a cisão da carreira docente e sobre imperadora necessidade de cumprir esta lei da availiação - já sobre outras não sabemos - têm lugar de destaque.
Balelas, portanto
A caminho do trabalho, a TSF, logo pela manhã, mais a inefável ministra e a luta dos professores que, em matéria de pedagogia política, já obtiveram a excelência.
Demonstrando a determinação do governo na afirmação do modelo de avaliação dos professores, que hoje voltou a ser objecto de discussão com os sindicatos da classe, garante a ministra da educação que " [...] serão tomadas as medidas que forem necessárias tomar".
Se já seria inaceitável uma afirmação proferida, nestes termos, por alguém com semelhante nível de responsabilidade na governação, por maioria de razão o será se essa pessoa for a primeira responsável pela Educação, no país.
Se à natureza da coisa, em abstracto, associarmos o timbre autoritário da personagem, em concreto, dificilmente imaginaremos a Prof. Maria de Lurdes Rodrigues a permitir às medidas que se tomem a elas próprias, como resulta da sintáctica ministerial.
Desde aquela célebre noite de "Prós e Contras", na RTP, em que o antecessor David Justino interviu num debate sobre a qualidade do ensino em Portugal, que não se via uma coisa assim.
Quem avalia a ministra?
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