quarta-feira, 29 de outubro de 2008

NEGLIGÊNCIA NO PARTO

Portalegre: Criança morre 35 dias depois de nascer com lesões irreversíveis

Um médico espanhol, prestador de serviços no Hospital Doutor José Maria Grande, Portalegre, foi suspenso depois de acusações de negligência grosseira por parte dos pais de uma bebé que nasceu, após horas de trabalho de parto complicadas, com lesões irreversíveis, que lhe viriam a provocar a morte 35 dias mais tarde.
Os pais da criança não se conformam e pedem justiça.


'Foi um bocado de nós que foi arrancado. Não temos a menor dúvida de que foi a actuação do médico que provocou a morte da nossa filha Nicole', disse ao CM Joaquim Pinheiro, pai da recém-nascida que veio a falecer em resultado de uma encefalopatia hipóxica de grau 3, provocada pela asfixia durante as dez horas de trabalho de parto. Durante cerca de metade desse tempo, a criança terá sufocado várias vezes, chegando mesmo a ter paragens cardíacas.

'Ele nunca quis avançar para a cesariana. Não percebemos porquê, se havia complicações. Depois forçou a dilatação e arrancou a minha filha com fórceps e ventosas', relata Maria Aparecida, mãe de Nicole.

A menina ainda resistiu durante 34 dias, antes de falecer a 14 de Outubro. Depois das complicações iniciais, foi transferida para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, onde foi descoberto que, além das lesões cerebrais, a criança estava tetraplégica. O casal, que reside em Portalegre, não se conforma e deu início a uma campanha que reclama 'justiça para a Nicole e o apuramento de responsabilidades'.

Contactado pelo CM, o Hospital de Portalegre diz que o clínico foi de imediato suspenso 'devido a uma suspeita de negligência', à qual se junta agora um processo de averiguações e uma perícia médica que ainda decorre. O episódio trágico foi comunicado também ao Ministério Público e ao Ministério da Saúde, bem como à Inspecção-Geral de Saúde. O clínico espanhol sobre quem recaem as suspeitas, Luis Garcia Paradells, está incontactável.

APONTAMENTOS

YOUTUBE

Os pais da bebé colocaram no site de internet YouTube vídeos da criança feitos enquanto recebia tratamento hospitalar, onde são visíveis as debilitações físicas da bebé.

MÉDICO

O médico espanhol Luis Garcia Paradells não está no quadro clínico do Hospital de Portalegre, exercendo na unidade apenas em prestação de serviços. Antes havia também exercido na Maternidade de Elvas.

LUTO

A família diz que só quando forem apuradas as responsabilidades poderão fazer o luto da situação 'devastante'. O quarto que seria para Nicole permanece inalterado.

RECLAMAÇÃO

Na carta enviada ao Hospital de Portalegre, Joaquim Pinheiro queixa-se ainda de que a assistência pós--parto na unidade não foi a mais correcta.


Pedro Galego

Correio da Manhã

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8 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

E os outros casos todos?

quarta-feira, 29 outubro, 2008  
Blogger Comendador Burrinho disse...

DIRECTOR DO JORNAL O DISTRITO DE PORTALEGRE
PEDE DEMISSÃO

Segundo fonte do Paço Episcopal, o director do semanário O Distrito de Portalegre o padre João Pires Coelho pediu esta semana a demissão do cargo junto do bispo D. Antonino Dias.
Segundo a mesma fonte na próxima terça-feira vai reunir-se a administração do jornal para a escolha do nome a propor ao bispo para director. Há uma forte corrente dentre dos padres para que seja um leigo a assumir o cargo.
Os dois nomes em carteira são os da Luísa Moreira e do Comendador Ribeirinho Leal.
João Trindade

quinta-feira, 30 outubro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

O J.T., pelos nomes que apontas para director do velho e respeitável Distrito, nenhum deles vale nada.
Vale mais um padre que os dois juntos.
Olha que há alguns, com bom trabalho já desenvolvido, inclusive que já dirigiram o velho e respeitável Distrito.
Já que apontas esses dois permite-me apontar o padre que penso que esteja à altura de dar a volta ao estado que o jornal chegou, esse padre é o Pe. Fernando Manuel de Jesus Farinha.

quinta-feira, 30 outubro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Senhor JAF
Olhe que o que o João Trindade escreve não é bem assim.
Os padres não querem largar a direcção do jornal.
Tudo isto é uma campanha para promover o Ribeirinho...

sexta-feira, 31 outubro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Eu voto na Luisa!
RITA

sexta-feira, 31 outubro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

A Luisa Moreira não é flor que se cheire. Mas pelo menos é responsável no que faz, ao contrário do Ribeirinho, um verdadeiro 'cromo' de Portalegre.

sexta-feira, 31 outubro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Já que o cromo apoiante do comendador da treta vem para aqui poluir o post era melhor comentar o post em questão.
No reino dos vigaristas do hospital distrital vai tudo podre, este caso é mais um de muitos, não são só casos com médicos espanhóis, há outros e muitos com médicos portugueses, porque será que esses são todos abafados?
Este Ribeiro e os seus capangas são as maiores nódoas que passaram pelo hospital só merecem um tratamento, porrada nos c...

sexta-feira, 31 outubro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

"Negligência no parto" Pais lutam por justiça

A "nossa bebé", "princesa" ou simplesmente "a Nicole" são a forma como Maria Aparecida e Joaquim Pinheiro recordam a sua falecida filha que, por tão poucos momentos, permaneceu nos seus braços.

As recordações, marcadas de uma forma tão presente nas inúmeras fotos que guardam, são agora o que resta do mais bonito fruto do amor entre o casal. Mas também nunca irão esquecer o nome de Luís Paradells, o homem que acusam de "negligente" e de ter tornado um sonho num verdadeiro pesadelo.

Na tarde de 9 de Setembro, Maria Aparecida sentiu que a pequena Nicole estava finalmente a caminho dos seus braços, um momento de grande felicidade mas que, na realidade, se revelou efémero. A mãe partiu em direcção ao Hospital de Portalegre, onde foi recebida nas urgências e encaminhada directamente para a sala de dilatação. Como nos conta, "o toque de uma enfermeira" bastou para que rompesse as águas e foi a partir daí que, na verdade, começou o sofrimento. Maria foi ligada ao CTG (que mede os batimentos cardíacos da bebé) e esperou que a dilatação atingisse os 10 centímetros recomendados para um parto natural. A mãe garante que, pouco depois, o aparelho indicou por duas vezes que o coração de Nicole tinha parado de bater. Preocupada, questionou imediatamente uma enfermeira que lhe assegurou tratar-se de uma situação "normal". Depois do susto, Maria Aparecida permaneceu cerca de 10 horas na sala, mas não se verificou praticamente nenhuma alteração na dilatação. Foi então ministrada a epidural que, na sua opinião, "terá sido mal aplicada", uma vez que lhe causou inúmeras dores e "ainda a perda de sensibilidade nas pernas".

A situação foi relatada e, numa segunda aplicação do cateter, a epidural tornou-se, então, eficaz, preparando, desde logo, a paciente para uma cesariana. Nessa altura, Maria Aparecida sugeriu que essa seria realmente a melhor solução, uma vez que não se verificava dilatação e as dores não cessavam. E foi aí que a grávida começou a sentir, pela primeira vez, "medo" do médico Luís Paradells. "Ele fez vários toques violentíssimos; parecia que queria forçar uma dilatação. Dizia que não havia dilatação e que a bebé estava muito alta. Nessa altura, pedi à enfermeira que este médico não me fizesse o parto porque era muito violento, mas acabou por ser mesmo Luís Paradells a fazê-lo. Levaram-me para a sala de parto. Eu só tinha 7,5 centímetros de dilatação e a bebé pesava 3,250 kg. Pedi várias vezes uma cesariana, mas ele não quis. Eu falava para ele e ele não respondia", recorda Maria Aparecida.

Em simultâneo, chegou ao Hospital Joaquim Pinheiro, pronto para assistir ao parto da filha. O pai de Nicole conta que, à sua chegada, lhe confessaram a existência de algumas complicações com a criança, apesar de Maria Aparecida garantir que nunca lho admitiram. Joaquim adianta ainda que, quando que se deslocou para a sala, Luís Paradells o obstruiu por duas vezes, negando-lhe a mesma possibilidade de assistir ao nascimento.

Entretanto, o parto começou finalmente. Maria Aparecida explica que, quando entrou na sala, as enfermeiras comunicaram ao médico que a dilatação era apenas de sete centímetros e que era insuficiente para um parto normal, e acrescenta ainda que tanto as enfermeiras como ela própria sugeriram por várias vezes a cesariana, mas que o médico não terá acedido. Os relatos de Maria Aparecida sobre os momentos que se seguiram revelam claramente a natureza dos actos que levam os pais a acusar Luís Paradells de negligência. "Ele tentou primeiro com a mão, mas disse que a bebé estava muito alta e pediu as ventosas. Colou na bebé e puxou com muita força até que a ventosa descolou e saltou. Tentou novamente, mas voltou a descolar e foi quando pediu os fórceps. Tentou uma vez, falhou e só conseguiu na segunda vez. Trouxe-me a Nicole para o colo agarrada com os ferros e não com as mãos. Vi que não respirava, nem chorava e perguntei o que se passava, mas não me respondeu. Tentaram reanimá-la enquanto eu sangrava e o médico nada fazia", recorda emocionada, acrescentando ainda que Luís Paradells lhe fez a sutura "sem qualquer anestesia", mesmo depois de alertado pelas enfermeiras presentes.

A explicação

Depois de um longo trabalho de parto, a recém-nascida foi ventilada e levada de imediato para a Unidade de Cuidados Intensivos do Hos-pital de São Francisco Xavier. Os pais de Nicole referiram ainda que os médicos detectaram uma "encefalopatia hipóxica isquémica" (dano cerebral por falta de oxigenação), "provocada pela asfixia ocorrida durante o trabalho de parto", e ainda "uma lesão medular alta que deixou Nicole tetraplégica". Apesar de a bebé ter viajado logo para Lisboa, a mãe permaneceu até ao dia seguinte em Portalegre, tendo depois pedido transferência ou uma ambulância que lhe permitisse estar junto da filha. No entanto, Maria Aparecida garante que nenhum dos pedidos foi acedido e teve de viajar de táxi até Lisboa. Ao nosso jornal, a mãe de Nicole disse ainda que, como a criança não se mexia, os médicos do São Francisco Xavier realizaram uma panóplia de exames, biopsias musculares e, finalmente, uma ressonância magnética que detectou a lesão na medula. "Quando o médico puxou com violência, partiu a medula e ela ficou tetraplégica. Disseram que a menina não tinha hipótese nenhuma, que só respirava devido à ventilação e perguntaram se queria desligar. Rejeitei e decidi esperar pela vontade de Deus", aclarou.

Infelizmente, a menina não resistiu às lesões e faleceu no dia 14 de Outubro. De acordo com a mãe de Nicole, a autópsia realizada no Hospital São Francisco Xavier revelou que a criança era perfeitamente saudável e que "faleceu devido às lesões irreversíveis que sofreu no parto".

A revolta

Além da tristeza e da angústia, um sentimento de raiva e revolta preencheu os corações dos pais de Nicole que, além de apresentarem uma queixa formal no Hospital de Portalegre, colocaram logo um vídeo no Youtube a explicar o sucedido. "Quisemos denunciar para não haver mais vítimas. Sabemos que já houve situações semelhantes e, se esses pais se queixassem, talvez a Nicole tivesse sobrevivido. Eu também tive problemas, tive de ser cozida outra vez e retiraram a placenta que ele deixou dentro de mim. Quem passa por uma coisa destas não pode ficar calado para não dar oportunidade de se repetir. Estou a fazer isto por ela, para fazer justiça porque não quero que fique impune e para não haver mais vitimas", disse Maria Aparecida. Além do médico, os pais não deixaram de referenciar todos os outros funcionários que se encontravam na sala de parto. Na opinião de Maria Aparecida e Joaquim Pinheiro, ao ver o médico a errar, "a equipa deveria ter reagido e não o fez".

Médico Suspenso

Contactado pelo nosso jornal, o Hospital de Portalegre, através do porta-voz Ilídio Pinto Cardoso, confirmou a recepção da queixa formalizada pelos pais e revelou que, na sequência da mesma, foi aberto um processo de averiguação médica que ainda decorre e foi decidida a suspensão imediata do referido médico, que se encontrava em regime de prestação de serviços na Urgência do Hospital de Portalegre. Além disso, o caso foi ainda entregue ao Ministério Público.

André Relvas
Jornal FONTE NOVA

sexta-feira, 31 outubro, 2008  

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