NOITE DO ROUBO
A quem foram roubar os pobres trapos:
A mim, que sou humilde pobrezinho?
Olhem bem que o valor desses farrapos
Está em ter minha avó fiado o linho.
Ó rocas a fiar, contos de fadas!
Eu tinha-lhes amor e a simpatia
Que vem das saudades de algum dia,
Longe, das velhas noites seroadas.
Bragais de minha casa, e as roupas feitas
Por mãos de minha mãe, muito me assusta
Que os tomassem perversas mãos suspeitas.
Ah! mãos do furto, olhai, trazei-me à justa
Os meus linhos — suor dumas colheitas —
E amor dos meus que a mim muito me custa.
Afonso Duarte
Episódio das Sombras
A mim, que sou humilde pobrezinho?
Olhem bem que o valor desses farrapos
Está em ter minha avó fiado o linho.
Ó rocas a fiar, contos de fadas!
Eu tinha-lhes amor e a simpatia
Que vem das saudades de algum dia,
Longe, das velhas noites seroadas.
Bragais de minha casa, e as roupas feitas
Por mãos de minha mãe, muito me assusta
Que os tomassem perversas mãos suspeitas.
Ah! mãos do furto, olhai, trazei-me à justa
Os meus linhos — suor dumas colheitas —
E amor dos meus que a mim muito me custa.
Afonso Duarte
Episódio das Sombras
Etiquetas: Afonso Duarte, Poesia
1 Comentários:
Tanta verdade contida neste poema.
Roubam-nos tudo, inclusivé o sonho e põem o povo a pagar as dívidas que eles contrairam.
Dão cabo de tudo. Das empresas, do País e das pessoas... E todos os dias fogem milhões para as "Off-Shores" e ninguém faz nada.
Os Amorins para não pagarem impostos em Portugal abriram uma Sede fitícia na Holanda.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial