terça-feira, 13 de julho de 2010

UM DESASTRE

No sábado durante a leitura do Expresso apercebi-me da implacável entrada da nova ortografia nas peças que lhe dão corpo.
Num primeiro momento pensei que Clara Ferreira Alves tivesse descaído da sua sanidade intelectual, pelo decorrer da leitura verifiquei que a sua escrita estava encharcada do novo escrever, um facto que no futuro vai provocar-me uma sucessão de fatos (não estou a referir-me aos vendidos no alfaiate) a aumentarem as dificuldades que tenho no tentar escrever escorreitamente.
Reaccionário?
Nada disso.
Apenas desconfortável ante tal forma de escrever, apesar de a suportar bem quando da autoria de escritores brasileiros.
Contradição?
Talvez.
Desde tamanino a tombos com a Gramática de Tomás de Barros, a seguir a Histórica de Martins Sequeira, depois a instâncias de um exigente professor de português as Lições Práticas da Língua Portuguesa do célebre Cândido do notável Dicionário, mais dificuldades devido ao Tratado de Ortografia de Rebelo Gonçalves, tendo aumentado por causa dos Problemas da Versificação de Amorim de Carvalho.
Eu queria escrever bem, eu quero escrever afinado, apesar dos sucessivos livros de estudo, de quando em vez, por distracção (a distracção tem as costas largas), também por preguiça em rever, os leitores apanham-me numa falta de concordância ou má colocação da vírgula.
Ao descobrir as maldades cometidas fico arreliado e como castigo vou estudar uma lição, das vinte da Arte de Escrever de António Albalat.
Na lição décima segunda diz: “O primeiro trabalho frutífero a fazer, sobre um primeiro jacto, é a limpeza: poeirar, comprimir, limpar o estilo, passar por água o filão, desembaraçá-lo das impurezas.”
Depois em jactos sucessivos desbastamos e trabalhamos o estilo até ficarmos satisfeitos com ele.
Mas cautela: “A correcção deverá ter um termo. Pode-se estragar uma obra, à força de a emendar”, assim o lembra Quintiliano. Nos Mistérios e Maravilhas da Língua Portuguesa, Vasco Botelho do Amaral além de maravilhar faz uma acendrada Defesa Nacional do Idioma, não esquecendo a Personalidade e Expansão da Língua Portuguesa enquanto soma de valores, já Rodrigo Sá Nogueira e Lindley Cintra tudo fizeram para me deixarem inquieto quando penetro no universo da escrita. Agora, ter de joeirar facto para fato ou actor para ator é tarefa desmesurada, tendo em conta que apesar dos grandes mestres ainda maltrato a senhora gramática, o que seria se me aventurasse a tal.
Um desastre.
Fico na ortografia antiga.


A.F.

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4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Alguns frequentadores deste blog também preferem a ortografia antiga. Nomeadamente a nossa forcadagem: continua a escrever merda com x.

terça-feira, 13 julho, 2010  
Anonymous Anónimo disse...

So que a forcadagem escreve com os cornos da propria testa

terça-feira, 13 julho, 2010  
Anonymous Anónimo disse...

os negos dos palopes metem o sujeito à frente do adjectivo....,na é?
Viu é muito nice, na é???
POISÉ!!!éé´´eé

quarta-feira, 14 julho, 2010  
Anonymous Anónimo disse...

os negos dos palopes metem o sujeito à frente do adjectivo....,na é?
Viu é muito nice, na é???
POISÉ!!!éé´´eé

quarta-feira, 14 julho, 2010  

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