quarta-feira, 25 de março de 2009

A DEFESA DO POETA



Senhores juízes sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto.


Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentr
o de mim.

Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.


Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei.

Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição.


Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
dou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis.


Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além.


Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs em ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?


Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro

sem que ele cante minha defesa.

Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de paixão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão.


Sou uma impudência a mesa posta

de um verso onde o possa escrever.
Ó subalimentados do sonho!
A poesia é para comer.

Natália Correia



Na Fotobiografia de Natália Correia, encontramos uma referência à sua defesa em Tribunal pela edição da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica:


Em 1966 é condenada a três anos de cadeia – com pena suspensa – pela publicação da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica. O livro foi editado em 1966, pela Afrodite, com selecção, prefácio e notas de sua autoria.

“A Natália tinha preparado um texto – A Defesa do Poeta – para ler no tribunal [Compus este poema para me defender no Tribunal Plenário de tenebrosa memória(…)]. Mas o Manuel João Palma Carlos, advogado dela, disse-lhe que não o fizesse. É claro que os livreiros não podiam ter um único exemplar do livro [Poesia Erótica e Satírica]. Nessa altura, tive dezenas de exemplares escondidos em minha casa, e nem o meu marido sabia disso. O Fernando Ribeiro de Mello vinha cá de vez em quando buscar alguns.”

Branca Miranda Rodrigues

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1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

ODE À ESTUPIDEZ NATURAL
-
O ex-“comendador” Ribeirinho Leal
I
“Comendador” de pechisbeque
Cultor do salamaleque
Animador da rapaziada
Não tem espelho em casa…
II
Poeta, Ribeirinho se diz.
Mas, então a fazer fé
Versejar com ele não é.
Pobre mente de petiz…
III
Nicolau Saião é poeta.
E Ribeirinho, também?
O segundo é pateta,
E o primeiro é Alguém!
IV
Ridículo é, até mais não
Queria igualar-se ao Saião.
Também ao Ruy Ventura,
Que grande cavalgadura!...
V
Intitula-se “comendador”
Mas ninguém o leva a sério…
Também se julga escritor
Claro, sem qualquer critério…
VI
É que plagiar sabe ele bem…
Mas que tão mal o fez…
Ribeirinho imaginação não tem
E Cultura, “era uma vez”!...
VII
Diz para breve editar
Um livro na Colibri.
Voltará Ribeirinho a plagiar
Como tem feito até aqui?
VIII
E será aquele livro “famoso”
Com o qual foi desmascarado?
Reeditá-lo, é “dar-se ao gozo”
Ou então é mesmo aparvoado!...
IX
Assim é o Ribeirinho
Que não se mede, coitadinho,
Ele que é poucochinho
Um verdadeiro tristinho!...
X
Na Rádio Portalegre,
Onde só diz disparates,
A todos conta anedotas porcas
E diz mal de todos nas costas.
XI
Mesmo desmascarado
Continua a dizer mal
E o Zé Nabo, coitado,
É a vítima principal!
XII
Também o Chambel Tomé
Não escapa à maledicência.
Podendo-se mesmo dizer até,
Ribeirinho não tem decência.
XIII
O Chagas também é falado
Tudo isto é uma vergonha.
O pobre nem sabe, coitado
Do tamanho da peçonha.
XIV
O que espera a Rádio Portalegre
Para fazer como o Jornal Distrito
Correr com o ex-“comendador”,
E está tudo dito!

quinta-feira, 26 março, 2009  

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