quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ESCOLA

O que significa o rio,
a pedra, os lábios da terra
que murmuram, de manhã,
o acordar da respiração?

O que significa a medida
das margens, a cor que
desaparece das folhas no
lodo de um charco?

O dourado dos ramos na
estação seca, as gotas
de água na ponta dos
cabelos, os muros de hera?

A linha envolve os objectos
com a nitidez abstracta
dos dedos; traça o sentido
que a memória não guardou;

e um fio de versos e verbos
canta, no fundo do pátio,
no coro de arbustos que
o vento confunde com crianças.

A chave das coisas está
no equívoco da idade,
na sombria abóbada dos meses,
no rosto cego das nuvens.

Nuno Júdice
Meditação sobre Ruínas

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3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Lurdes Rodrigues quer manter o "seu" glorioso modelo de avaliação dos professores este ano mas "admite" alterá-lo ou, mesmo, substitui-lo no ano que vem. Isto significa que, afinal, anda a brincar aos "modelos". Além de teimosa, é patética.

Adenda: O ajudante Pedreira devia estar calado. Ficou, por duas vezes, em último lugar nos concursos em que participou na sua universidade de origem, a Nova. Julgam que ele se conformou com esta "avaliação"?
Nada disso.
Impugnou os concursos em tribunal. O que é que ele é mais ou menos do que os outros?
Que lindo exemplo.

quinta-feira, 04 dezembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

" A ministra da Educação admitiu hoje estar disponível para alterar e até substituir o actual modelo de avaliação dos professores, mas apenas no próximo ano lectivo e desde que seja aplicado já este ano. “Uma vez iniciada este ano uma avaliação séria dos professores, estarei totalmente aberta à discussão de alterações a este modelo e até à sua substituição, mas em anos seguintes, não neste”, disse Maria de Lurdes Rodrigues, no Parlamento."

Ninguém explicou a Lurdes Rodrigues que em Outubro há eleições.

Ao prometer aquilo que não controla, descredibiliza a sua posição negocial.

Nunca se deve tapar todos os caminhos de fuga ao inimigo. Ao falar como se fosse ministra do próximo governo, Lurdes Rodrigues obriga os professores a lutar pela derrota do PS nas próximas eleições.

quinta-feira, 04 dezembro, 2008  
Anonymous Anónimo disse...

Falar de Educação, coisa que, desde o advento do Iluminismo, era sinónimo de Futuro, Claridade e Esperança, tornou-se, em Portugal, irremediável sinónimo de Luto. A mulher não tem culpa do ar que tem, mas têm enorme culpa da atmosfera que geram as sombras pardas que, por detrás dela, se perfilam.
Sou, como qualquer Português no seu estado de perfeita sanidade mental, anti-lurdista, como sou anti-cavaquista, anti-socratista ou anti-pinto-da-costista.
Faz parte da higiene mínima.
Hoje, todavia, ao perceber, mais uma vez, que a mulherzinha não é mais do que uma tipa obstinada, fraquita em termos académicos, e cheia de mazelas emocionais e de cicatrizes existenciais, a minha palavra mais verrinosa vai para os que a estão a usar como escudo protector. Bem puxados da sombra, eles lá saltam, uns atrás dos outros: o Valter Lemos, cuja aparência e competência cognitiva imediatamente remeteriam, se submetido a qualquer AVALIAÇÃO, para a parte de trás de um balcão de comércio tradicional de venda de... sei lá, pode ser queijos e fiambres; o tal Augusto Santos Silva, que sabia muito da missa, mas não teve tomates para fazer nada, e agora se escuda por detrás da figura da Sinistra; o Justino, que se calou, mal percebeu que aquilo estava a transbordar para os lados do Palácio das Marquises e o desgastado Sócrates, que, ignaro em tudo o que é Ciência, deve ter feito Economia também com AVALIAÇÃO por postalinho e encomenda das almas.
Vindo da Área das Ciências Duras, detesto Economia, como detesto Sociologia -- e lá me desculparão os meus leitores que escaparão a esta leitura simplificada que vou fazer -- pela simples razão que detesto qualquer ciência que, em termos de abordagem de momentos críticos começa as suas frases terapêuticas com um "parece que", ou "é provável que".
Quando o Sr. Sócrates vem, ufanamente dizer que os Portugueses irão viver melhor para o ano que vem, porque os juros estão a baixar, o preço da gasolina a descer, as prestações da casa a declinar (?) e a inflação a cair, eu uso as armas do costume, e digo-lhe "parece que" o senhor não sabe que um corte de taxas de juro até ao 0% é equivalente às sinusoidais dos aparelhos médicos passarem de ondulatórias cíclicas a linhas rectas: isso quer, tão-só, dizer que o paciente está morto, e o paciente aqui, é o Sistema Financeiro, e a sua arena produtiva, o Tecido Económico.
Quando o Sr. Sócrates acordar para que "seja provável" que passemos da Recessão à Depressão, e da Inflação à Deflação, e os juros se tornem negativos (!), talvez desperte do seu Sonho Armani, e se concentre mais na batata saloia que tem na ponta do nariz, percebendo que a sua Quimera chegou ao fim.
Até aqui, tudo bem, não fossemos nós, você, leitor, e eu, ficcionista, sermos os pagadores da factura dessa Quimera.
Adiantando uns rumores, "parece que" já poderá ter sucedido que o nosso derradeiro Balão de Oxigénio Comunitário esteja a ser desbastado em despesas correntes, a salvar números fictícios de "deficits" às centésimas (!) e a pagar calotes de Banqueiros, traficantes de armas, de drogas e de prostitutas/os. E, se isso "for provável", nós acabámos, enquanto autonomia política, e deixámos de ter viabilidade nacional.
Não me apetece falar disso.
O derradeiro beijo, o da Morte, é, de novo, para a Lurdes: de cada vez que ela recua, mais se comprova que nunca existiu. Tinha uma ficção, alicerçada em tempos de modas e bordados, em que as pessoas se perfilavam, de batinha, com o nascer do sol, e tomavam banhos de água fria, depois de noites de pesadelo, de não saber quem era o pai, e por que estaria internada naquele inóspito colégio, e sonhvam com EXCELÊNCIAS de Quadros de Honra com moldura de croché.
Essas são as suas recordações, minha senhora, não o Brave New World que os Professores deste país têm de transmitir, através de uma insuportável tensão emocional, aos seus educandos. Agarre nesse Albino -- figura que eu nem nunca tinha percebido que existia -- até ver, na TV, um gajo com ar de sapateiro pobre, daqueles que têm o sotaque do "achim", ainda por cima disfarçado, e que parece que é pai, e case-se com ele.
Coitados dos filhos.
Propunha o bom senso, que se fizesse um Erasmus entre os filhos do Albino e os filhos daqueles que não têm pais assim, e se pusesse o cavalheiro numa cena do "dá-me o telemóvel já", mas estilo traficante, de capucho, brinco e naifa em punho. Que lhe partissem os óculos e apanhasse uma punhada na cara, como recentemente aconteceu a mais uma professora deste país, ou que viesse dar aulas de substituição para Camarate ou para a Apelação, ou a esfregar mesas, cheias de "graffiti" ordinários (O Albino é paneleiro..., Ó Lurdes mama aqui...), para ele despertar daquele coma nojento jesuítico, e olhar para a REALIDADE, que é coisa bem diversa e adversa do que lhe ensinou a "Imitação de Cristo".
Quanto à Dona Lurdes, que Deus tenha, veio hoje às Cortes fazer um pedido patético, como fazem os desgraçados, aos revisores dos comboios da CP: olhe, eu ia para a última estação, mas esqueci-me de comprar bilhete. Acha que tenho descer na próxima, ou posso ir mesmo até ao fim?...
Coitada da Lurdes, hoje, ela até já cedia na tal Avaliação, mas... só para o Ano. Para o ano, mulherzinha, se lá chegarmos, haverá Eleições, e você será arrumada na prateleira da Mulher mais Odiada de Portugal.
Teve azar: quis o Fado que tivesse uma infância difícil e uma velhice ainda mais deprimente. Quanto à Avaliação, olhe, faço eu o papel do revisor: não, de facto, você não pode ir até à última estação, sem bilhete. Tem de descer na próxima, e a próxima é JÁ, para que todos percebam que o seu apear terá de ser rápido e exemplar.

sábado, 06 dezembro, 2008  

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