Somos incapazes de revolta e de agitação. Quando fizemos uma “revolução” foi para implantar uma coisa igual ao que já estava. Manchámos essa revolução com a brandura com que tratámos os vencidos. E não nos resultou uma guerra civil, que nos despertasse; não nos resultou uma anarquia, uma perturbação das consciências. Ficámos miseravelmente os mesmos disciplinados que éramos. Trabalhemos ao menos – nós, os novos – por perturbar as almas, por desorientar os espíritos. Cultivemos, em nós próprios, a desintegração mental como uma flor de preço. Construamos uma anarquia portuguesa.
2 Comentários:
Já que a realidade é tão má, pode ser que a realidade virtual que executivo nos vai oferecer seja melhor...
Somos incapazes de revolta e de agitação.
Quando fizemos uma “revolução” foi para implantar uma coisa igual ao que já estava.
Manchámos essa revolução com a brandura com que tratámos os vencidos.
E não nos resultou uma guerra civil, que nos despertasse; não nos resultou uma anarquia, uma perturbação das consciências.
Ficámos miseravelmente os mesmos disciplinados que éramos.
Trabalhemos ao menos – nós, os novos – por perturbar as almas, por desorientar os espíritos.
Cultivemos, em nós próprios, a desintegração mental como uma flor de preço.
Construamos uma anarquia portuguesa.
Fernando Pessoa
O Jornal, 8 Abril de 1915
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