“ (…) O sucesso da Iniciativa Novas Oportunidades exige um empenhamento profundo de todos – cidadãos, empresas e instituições – na valorização de uma cultura de aprendizagem e na sua efectivação no terreno. Será, seguramente, um caminho muito longo, duro e difícil. Esta escolha não admite hesitações.»
Assim termina um texto propagandístico, pobre e sem sumo sobre a tal iniciativa do Governo que, a troco de umas horas de rabo sentado numa sala de aulas, fornece um papelucho que confere o estatuto de ex-analfabeto ao seu detentor. Seria um texto banal, apenas mais um entre tantos outros escritos no mesmo tom para enaltecer a estoicidade dos feitos do actual Governo, não fora a sua autoria e o facto de ter sido incluído na bibliografia da prova de conhecimentos de um concurso de promoção na função pública, juntamente com outros de importância semelhante: a lei orgânica do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, a lei orgânica do Instituto de Emprego e Formação Profissional, os estatutos, os novos regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações, o regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas e respectiva regulamentação, a lei do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho na Administração Pública, o plano oficial de contabilidade pública, o Código de Procedimento Administrativo, o Código dos Contratos Públicos, entre outros.
Falta referir a autoria da preciosidade literária: José Sócrates Pinto de Sousa. O tal que incendiou a opinião pública dizendo que as promoções na função pública eram imorais por serem automáticas. Como pode ver-se pelo exemplo, essa não era a verdade. Para reunir os requisitos para ser promovido, um funcionário público tinha que permanecer na categoria profissional respectiva por um período nunca inferior a três anos e obter uma classificação de serviço de “Bom”. Reunidos esses requisitos, tinha que ser aberto um concurso de acesso à nova categoria, ao qual concorria sem qualquer garantia de ser o escolhido. Eram escolhidos os melhores de acordo com os critérios de cada concurso. E escrevi “eram”, no passado, porque, em paralelo com essa campanha de sensibilização da opinião pública sobre os “privilégios” dessa classe que beneficiava de “poderosos interesses corporativos”, o Governo acabou com as promoções por este processo. Em vez da promoção, a partir de 2009, os funcionários públicos “transitam” de “escalão remuneratório”. Mais trinta e poucos euros, de dez em dez anos. Ou, para 5 por cento dos casos, de quatro em quatro anos, sem necessidade de prestar quaisquer provas de conhecimentos. Basta agradar ao chefe. E, para isso, saber cantarolar os textos de José Sócrates assume uma preponderância especial, uma vez que quase todos os chefes são nomeados do/pelo partido, seleccionados entre os que melhor conhecem as pautas.
Há muitos anos atrás, entre muitos e inúmeros livros que hoje compõem a minha biblioteca, como certamente a de muitos contemporâneos meus, contava-se e conta-se o “Livro Vermelho” de Mao Tse Tung, rebaptizado Mao Ze Dong. Na altura, achei que a forma de o divulgar lá na sua terra, em alti-falantes em tudo quanto era sítio (quartéis, comunas agrícolas, industriais ou de qualquer outra espécie), não seria a melhor maneira de o tornar importante, isto independentemente da crítica das suas ideias. Que são muitas (as críticas)!
Mas nunca esperei ver um sucedâneo ter lugar no meu País. Mas pelos vistos ele aí está! Para um concurso interno a nível do IEFP, entre os textos de leitura aconselhada (obrigatória), conta-se um do nosso Primeiro-Ministro, relativo às Novas Oportunidades, incluindo um capítulo inteiro de prosa meramente política.
Sim senhor! Ao que chegámos! Um dia destes, os médicos, ou outros profissionais de saúde, desde administrativos a enfermeiros, para qualquer uma prova, terão que ler entre outros, “O sistema de Saúde Pública” por Ana Jorge. Os Professores, no seu relatório de avaliação para progressão de carreira, terão porventura que dissertar sobre a obra “A Avaliação de Docentes”, segundo Maria de Lurdes Rodrigues (prefácio de Valter Lemos e Jorge Pedreira). Qualquer agricultor que queira efectuar uma candidatura a fundos comunitários da especialidade terá se informar e dissertar sobre a “Arte de diferir subsídios”. E por aí adiante.
Poder-se-á pois formar e editar um livrinho cor-de-rosa com tantos e brilhantes contributos, que se tornará (administrativamente, claro) um verdadeiro best seller para todos os funcionários que obedientemente queiram singrar na carreira. E pensar eu que criticava aqueles que diziam que Orwell, com a sua obra de ficção “Big Brother”, estava próximo de nós! Mas pelos vistos e como sempre, a realidade teima por vezes em ultrapassar a ficção. E por cá estamos no bom caminho para isso!
No Governo, o Primeiro Ministro já tem um clone. Só falta multiplicá-los entre os cidadãos eleitores. Lá chegaremos!
Creeedo, textos do Sócrates!!! Isso é de dar pesadelos. Eu fiz o 12º ano as cadeiras que me faltavam num externato, em 6 meses, ja trabalhadora-estudante,enfim, paguei, mas a verdade é que tive mesmo matéria a sério, livros de literatura portuguesa, história, inglês, arte e design, mas aquilo foi a prova que é possivel dar se materia a serio e nao as tretas que impingem aos desgraçados que vao pra essa coisa das novas opurtunidades. Eu tinha dinheiro mas a maior parte das pessoas nao tem, e coitados tem que levar com essa pseudo escola que são as N. O. Isto pra dizer que é possivel resumir a materia, nao é a mesma coisa ue um ano interiro, mas se tiver de ser enfim..mas ao menos que seja mesmo materia. As aulas praticas deles (a tal "profissionalização" )é muito escassa, prepara-os mal, sei porque conheço 3 pessoas que o fizeram, é só balelas a falar da vida pessoal, porefolio, etc. Deveriam ter informatica, linguas, matematica/metodos quantitativos, historia, geografia..disciplinas a serio. E depois uma grande incidencia na parte pratica profissional do curso. Mas enfim ideias de idiota Socrates, deu nisto.. Cumprimentos de uma alentejana, muito bom site, Maria B.
3 Comentários:
“ (…) O sucesso da Iniciativa Novas Oportunidades exige um empenhamento profundo de todos – cidadãos, empresas e instituições – na valorização de uma cultura de aprendizagem e na sua efectivação no terreno. Será, seguramente, um caminho muito longo, duro e difícil. Esta escolha não admite hesitações.»
Assim termina um texto propagandístico, pobre e sem sumo sobre a tal iniciativa do Governo que, a troco de umas horas de rabo sentado numa sala de aulas, fornece um papelucho que confere o estatuto de ex-analfabeto ao seu detentor. Seria um texto banal, apenas mais um entre tantos outros escritos no mesmo tom para enaltecer a estoicidade dos feitos do actual Governo, não fora a sua autoria e o facto de ter sido incluído na bibliografia da prova de conhecimentos de um concurso de promoção na função pública, juntamente com outros de importância semelhante: a lei orgânica do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, a lei orgânica do Instituto de Emprego e Formação Profissional, os estatutos, os novos regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações, o regime de Contrato de Trabalho em Funções Públicas e respectiva regulamentação, a lei do Sistema Integrado de Gestão e Avaliação de Desempenho na Administração Pública, o plano oficial de contabilidade pública, o Código de Procedimento Administrativo, o Código dos Contratos Públicos, entre outros.
Falta referir a autoria da preciosidade literária: José Sócrates Pinto de Sousa. O tal que incendiou a opinião pública dizendo que as promoções na função pública eram imorais por serem automáticas. Como pode ver-se pelo exemplo, essa não era a verdade. Para reunir os requisitos para ser promovido, um funcionário público tinha que permanecer na categoria profissional respectiva por um período nunca inferior a três anos e obter uma classificação de serviço de “Bom”. Reunidos esses requisitos, tinha que ser aberto um concurso de acesso à nova categoria, ao qual concorria sem qualquer garantia de ser o escolhido. Eram escolhidos os melhores de acordo com os critérios de cada concurso. E escrevi “eram”, no passado, porque, em paralelo com essa campanha de sensibilização da opinião pública sobre os “privilégios” dessa classe que beneficiava de “poderosos interesses corporativos”, o Governo acabou com as promoções por este processo. Em vez da promoção, a partir de 2009, os funcionários públicos “transitam” de “escalão remuneratório”. Mais trinta e poucos euros, de dez em dez anos. Ou, para 5 por cento dos casos, de quatro em quatro anos, sem necessidade de prestar quaisquer provas de conhecimentos. Basta agradar ao chefe. E, para isso, saber cantarolar os textos de José Sócrates assume uma preponderância especial, uma vez que quase todos os chefes são nomeados do/pelo partido, seleccionados entre os que melhor conhecem as pautas.
Há muitos anos atrás, entre muitos e inúmeros livros que hoje compõem a minha biblioteca, como certamente a de muitos contemporâneos meus, contava-se e conta-se o “Livro Vermelho” de Mao Tse Tung, rebaptizado Mao Ze Dong. Na altura, achei que a forma de o divulgar lá na sua terra, em alti-falantes em tudo quanto era sítio (quartéis, comunas agrícolas, industriais ou de qualquer outra espécie), não seria a melhor maneira de o tornar importante, isto independentemente da crítica das suas ideias. Que são muitas (as críticas)!
Mas nunca esperei ver um sucedâneo ter lugar no meu País. Mas pelos vistos ele aí está! Para um concurso interno a nível do IEFP, entre os textos de leitura aconselhada (obrigatória), conta-se um do nosso Primeiro-Ministro, relativo às Novas Oportunidades, incluindo um capítulo inteiro de prosa meramente política.
Sim senhor! Ao que chegámos! Um dia destes, os médicos, ou outros profissionais de saúde, desde administrativos a enfermeiros, para qualquer uma prova, terão que ler entre outros, “O sistema de Saúde Pública” por Ana Jorge. Os Professores, no seu relatório de avaliação para progressão de carreira, terão porventura que dissertar sobre a obra “A Avaliação de Docentes”, segundo Maria de Lurdes Rodrigues (prefácio de Valter Lemos e Jorge Pedreira). Qualquer agricultor que queira efectuar uma candidatura a fundos comunitários da especialidade terá se informar e dissertar sobre a “Arte de diferir subsídios”. E por aí adiante.
Poder-se-á pois formar e editar um livrinho cor-de-rosa com tantos e brilhantes contributos, que se tornará (administrativamente, claro) um verdadeiro best seller para todos os funcionários que obedientemente queiram singrar na carreira. E pensar eu que criticava aqueles que diziam que Orwell, com a sua obra de ficção “Big Brother”, estava próximo de nós! Mas pelos vistos e como sempre, a realidade teima por vezes em ultrapassar a ficção. E por cá estamos no bom caminho para isso!
No Governo, o Primeiro Ministro já tem um clone. Só falta multiplicá-los entre os cidadãos eleitores. Lá chegaremos!
Creeedo, textos do Sócrates!!! Isso é de dar pesadelos. Eu fiz o 12º ano as cadeiras que me faltavam num externato, em 6 meses, ja trabalhadora-estudante,enfim, paguei, mas a verdade é que tive mesmo matéria a sério, livros de literatura portuguesa, história, inglês, arte e design, mas aquilo foi a prova que é possivel dar se materia a serio e nao as tretas que impingem aos desgraçados que vao pra essa coisa das novas opurtunidades. Eu tinha dinheiro mas a maior parte das pessoas nao tem, e coitados tem que levar com essa pseudo escola que são as N. O. Isto pra dizer que é possivel resumir a materia, nao é a mesma coisa ue um ano interiro, mas se tiver de ser enfim..mas ao menos que seja mesmo materia. As aulas praticas deles (a tal "profissionalização" )é muito escassa, prepara-os mal, sei porque conheço 3 pessoas que o fizeram, é só balelas a falar da vida pessoal, porefolio, etc. Deveriam ter informatica, linguas, matematica/metodos quantitativos, historia, geografia..disciplinas a serio. E depois uma grande incidencia na parte pratica profissional do curso. Mas enfim ideias de idiota Socrates, deu nisto.. Cumprimentos de uma alentejana, muito bom site, Maria B.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial