terça-feira, 26 de abril de 2011

CARAVANA VISÃO - PORTALEGRE

Quase golo na tourada

Rui Cardoso Martins percebeu um dia que a normalidade na sua cidade, Portalegre, era completamente... anormal. Ali, acontecem coisas estranhas, ou extraordinárias. Fomos conferir. E não é que tem razão?

Pedro Dias de Almeida (texto) e Marcos Borga (fotos)



À mesa chegam felosas e pardais fritos, estaladiços, que se comem de um trago só. A seguir, sardinha crua marinada com morangos. Entretanto, provámos as já célebres pétalas de toucinho. E não provámos a "vieira do montado em cama de broa de milho", uma simulação à base de medula óssea. Lá dentro, na cozinha, José Júlio Vintém, 39 anos, tem uma mão de ovelha a cozinhar há mais de cinco horas. Estamos no seu restaurante, o Tombalobos, para onde fomos levados num fim de tarde solarengo, em Portalegre, pelo jornalista e escritor Rui Cardoso Martins, 44 anos (vencedor em 2010 do Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, com Deixem Passar o Homem Invisível). Ficamos com vontade de voltar ali, lugar de surpresas. Rui, há mais de 20 anos a viver em Lisboa, adora as experiências de Vintém, e incluiu-o num conto que escreveu recentemente, Estômago Animal.

"Não ligues ao que se diz. A província é uma roda-viva, é muito tarada e cheia de maravilhas. É o contrário do mar em dia de tempestade, a pasmaceira é só na espuma da onda, lá no fundo tudo mexe, entre os peixes", escreveu Rui no seu notável romance de estreia, E Se Eu Gostasse Muito de Morrer (2006) onde Portalegre ecoa em cada página.

Pasmaceira. É uma boa palavra para descrever a cidade neste sábado de Páscoa. Vazia, deserta. Morta. Pelo menos à superfície. Descemos a Rua Direita, que por acaso se
chama Rua 5 de Outubro e não é direita. Na que foi a mais comercial das ruas de Portalegre, muitas lojas fecharam, têm um ar triste, abandonado, números de telefone de agências imobiliárias à frente. Rui caminha com o seu amigo Falcão, que inspirou a personagem principal desse primeiro romance. Pára surpreendido à frente das montras vazias da Casa Nun'Álvares. "Isto também fechou?!". Era uma livraria. "Lembro-me de ver aqui o meu livro, nesta montra...", recorda, entristecido.

Falcão foi, naquela rua, protagonista real de uma das cenas mais hilariantes (talvez não seja a palavra certa...) de E Se Eu Gostasse Muito de Morrer. Ao fim de uma noite de copos - e
bebe-se muito por aqui - descia a rua, quando deparou com um sugestivo caixão aberto. Deitou-se nele, "para experimentar", e... adormeceu. O caixão estava ali para ser ocupado, claro, e quando um recém-viúvo ali chegou com a sua mulher morta nos braços, nem queria acreditar. A cena meteu polícia, um pedido de desculpas, um elogio atabalhoado à qualidade do caixão...



Não se vê ninguém. Até que aparece Eduardo Relvas Bilé. Apresenta-se: "Eu sou o São Martinho de Portalegre", e retira da carteira duas fotos-calendário para o provar, onde podemos vê-lo, com a sua bigodaça branca, vestido de São Martinho à frente de um grande alambique e numa adega. "Sou poeta popular, e sou bombeiro voluntário..." Diz-nos alguma quadras e desaparece, pelas ruas desertas.

Lá ao fundo, chegamos ao plátano, o maior da Europa. "É tão largo que parece um daqueles bichos do Dalí, que só se aguentam no ar com bengalinhas nas banhas", escreveu Rui. Ali à frente, mostra-nos o edíficio onde nasceu, da Misericórdia, antigo hospital. E recorda o dia distante em que, numa cirurgia
que já não se usa, lhe arrancaram ali as amígdalas pela boca, a sangue frio. "Ali ao lado fui escuteiro, e aquilo é a morgue. Já viste? Escuteiro numa morgue...".

A morte percorre o romance - a cidade. A desgraçada ironia do coveiro que decide pôr fim à própria vida dá-lhe o mote. Nessa mesma tarde, José Júlio Vintém, no Tombalobos,
dará conta de mais um suicídio recente na cidade: "Subiu ao sótão e enforcou-se".

Vamos beber mais um copo. A maior parte dos cafés e bares estão fechados. O "escritório", ou "gabinete", que por acaso não se chama nem uma coisa nem outra, está aberto.
E tem vida lá dentro. Na parede, uma televisão mostra imagens, em direto, de uma tourada. Na coluna, mesmo ao lado, ouve-se: "Quase golo, foi quase golo!". Passam-se coisas estranhas em Portalegre. Ou extraordinárias.

Fez-se tarde. "Queres uns chavões para escrever?", pergunta-me, já com pressa, para ir ter com os dois filhos, que ficaram na quinta dos avós, pais do Rui, na serra, lá onde cresce cicuta nas margens de uma ribeira. "Eh pá, chavões, chavões, nã
o quero...", respondo. "Mas são meus, podes escrever" E dita:

- "Sou um optimista e não sei porquê".

- "Se deus existe é má pessoa; eu, com tantos poderes, tinha outra atitude".

São bons chavões, admito, posso escrevê-los.

Antes, tinha dito e repetido outro chavão, de modo suficientemente autêntico para acreditarmos que é assunto sério - como a literatura, esse "modo de ver a única realidade". Olha à volta, para Portalegre, a planície alentejana a estender-se de um lado, a serra a anunciar as beiras de outro. E diz: "Isto é o meu sangue".


Visão

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JULINHO LEMBRAS-TE COMO CANTAVAS EM CASTELO DE VIDE?

POBRE VELHA MÚSICA

Pobre velha música!
Não sei por que agrado,
Enche-se de lágrimas
Meu olhar parado.

Recordo outro ouvir-te,
Não sei se te ouvi
Nessa minha infância
Que me lembra em ti.

Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.

Fernando Pessoa
Cancioneiro

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segunda-feira, 25 de abril de 2011

VAMOS ACABAR COM O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU



SALGUEIRO MAIA

Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido

Aquele que deu tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi «Fiel à palavra dada à ideia tida»
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse


Sophia de Mello Breyner Andresen
Musa

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domingo, 24 de abril de 2011

CANDIDATURA DO CDS-PP PELO DISTRITO DE PORTALEGRE

CABECINHA ROMANA DE MILREU


Esta cabeça evanescente e aguda,
tão doce no seu ar decapitado,
do Império portentoso nada tem:
nos seus olhos vazios não se cruzam línguas,
na sua boca as legiões não marcham,
na curva do nariz não há povos
que foram massacrados e traídos.
É uma doçura que contempla a vida,
sabendo como, se possível, deve
ao pensamento dar certa loucura,
perdendo um pouco, e por instantes só,
a firme frieza da razão tranquila.
É uma virtude sonhadora: o escravo
que a possuía às horas da tristeza
de haver um corpo, a penetrou jamais
além de onde atingia; e quanto ao esposo,
se acaso a fecundou, não pensou nunca
em desviar sobre el' tão longo olhar.
Viveu, morreu, entre colunas, homens,
prados e rios, sombras e colheitas,
e teatros e vindimas, como deusa.
Apenas o não era: o vasto império
que os deuses todos tornou seus, não tinha
um rosto para os deuses. E os humanos,
para que os deuses fossem, emprestavam
o próprio rosto que perdiam. Esta
cabeça evanescente resistiu:
nem deusa, nem mulher, apenas ciência
de que nada nos livra de nós mesmos.


Jorge de Sena
Metamorfose

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terça-feira, 19 de abril de 2011

PARTIDO SOCIALISTA TROCA TUDO


Mais que ser troca-tintas, o PS transformou-se num troca tudo, e tudo o que se possa dizer da sua candidatura não chega para retratar o estado de choque dos próprios socialistas que já dizem à boca cheia: «Calha, volta que estás perdoado».

Depois do flick-flack impossível de perceber de Rondão Almeida, eis que cai o Carmo e a Trindade em cima do PS que tanto criticou, e com razão, as candidaturas de Leonor Beleza e de Costa Neves no PSD.

Mas Leonor Beleza era uma Senadora e tinha – tem – uma casa no Distrito que escolheu para passar algum do seu tempo livre. Por escolha tornou-se de certa forma uma “das nossas”. E trabalhou pelo Distrito e, por ser quem é, o deputado do Distrito foi vice-presidente da Assembleia da República.

E o açoriano simpático Costa Neves pelo menos era ministro da Agricultura e foi nessa qualidade que o PSD o nomeou candidato, de tal modo que mudava de meia em meia hora do papel de ministro para o de candidato, na mais vergonhosa campanha eleitoral a que se assistiu neste Distrito, sem pinga de ética ou de respeito pelas funções de Estado. Igualzinho a sei Primeiro Santana Lopes, que três dias antes das eleições até fez um comício com lanche para os empregados da Coudelaria de Alter e onde aldrabou as pessoas a dizer que a família era de Alter.

Palhaçadas!

Pior que a imposição do sempre antipático Pedro Lynce pelo PSD a Évora, com que os socialistas gozavam no final da semana, é a do boy Pedro Marques, que ninguém conhece, ao distrito mais socialista de Portugal.

O rapaz está com medo de ficar sem emprego e foi necessário arranjar um buraquinho para ele caso o PS perca as eleições? É o tachinho garantido à conta de lugar de eleição certa (mas se todos os que votaram PS, como eu, fizessem o que farei, saía-lhes o tiro pela culatra).

O pastor da IURD, José Sócrates (como lhe chamava, e bem, António José Saraiva no editorial de sexta-feira no Sol) acaba de passar um (mais um) atestado de incompetência ao PS do Distrito de Portalegre. Mas não é isso que é grave, o que é grave é o PS do Distrito de Portalegre deixar.

Não basta termos uma excelente pessoa como Governador Civil mas que nada – nada – rigorosamente nada - defendeu este Distrito ao longo dos anos em que desempenhou a função que resumiu a figura decorativa na maioria dos casos, e a figura interveniente apenas nas mais que ridículas campanhas de suposta prevenção rodoviária, onde começa por ser gozado pelos próprios agentes que “obriga” a participar, mas que de tudo o resto de interesse para a região nada sabe? Dizem-nos os seus amigos, as pessoas que o estimam, não quem é de outra cor ou que lhe não queira bem.

Por isso o Distrito está como está, e estará sempre pior enquanto o PSD continuar a aguentar fretes de Costas Neves, e pior ainda quando o PS perdeu a vergonha e aceita apoiar o tal boy, que até pode ser bom rapaz, mas de bons rapazes estamos nós fartos.

Tão ridícula vai a procissão, que desta vez até o comunistas apresentam uma ilustre senhora sindicalista, tal qual o pato-bravo do PS.

Não vão pois eles criticar-se uns aos outros, porque todos têm as mesmas telhas de vidro.

No PS, depois de apresentar um candidato credível (goste-se ou não dele), de repente este dá o dito por não dito e, quando se esperaria que Jorge Martins assumisse a posição que naturalmente seria a sua, e na qual representaria com nível, a qualidade e combatividade pelo Distrito, sai-nos isto em má-sorte?

Espero que toda a lista do PS se demita, e que Jorge Martins bata com a porta.

Digo que espero (mas não acredito, porque a política é feita destas coisas asquerosas).

Como se diz por cá, pê-esses ainda por aí há muitos a fingir, agora socialistas neste Distrito é que não se conseguem encontrar. Sim, porque esses fariam um pé de vento, mas o aparelhinho vai todo juntar-se e arranjar um discursozinho que desculpabilize a escolhazinha do tal boyzinho Pedrinho Maquinhos.

É por causa desta gente que todos estamos como estamos.

A mim, socialista, restam-me três opções: ou não voto, ou voto em Cristóvão Crespo ou voto em Paulo Caetano.

Que ironia, não é?

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CDS/PP APRESENTA PÁGINA OFICIAL DA CANDIDATURA ÀS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 5 DE JUNHO DE 2011

OS OSSOS DO IMPERADOR

Dizia ele que deixara a vida
pelo mundo em pedaços repartida.
Há quatrocentos anos que isso foi.
Mas desde então e sempre o que no mundo
se repartiu para não voltar
é o que — a mais que um poeta e dos maiores —
poderia ter sido o povo português.


Solúvel e insolúvel este povo.
Na memória dos outros e na sua mesma.


Real, sub-real, super-real,
ou — como querem alguns — surrealista?
Que dizer-se de um povo cujo tempo
se dissolveu no espaço e cujo espaço
não teve nunca tempo para dissolver-se
em tempo?


Eterno era só Deus. Os povos não.
E não as línguas e as cidades. Mas
quem vive de alheamento e sobrevive
não é que eterno se ignora morto?


Salvador Correia
de Sá e Benevides
libertou o Brasil dos holandeses
e Angola deles pois que sem escravos
o mundo não se açucarava bem.
Um dia regressou a Portugal
à espera de ser visto como herói
(que era). Gastou os fundos dos calções,
as economias, as plumas do chapéu,
e os borzeguins comprados para a Corte,
nas antecâmaras reais e realengas.
E um dia. exausto ele já de esperas e delongas
a Majestade recebeu-o enfim.
O que é que ele queria? O que é que ele pedia?
Ah não pedia nada. Só licença
de voltar ao Brasil. Estava velho
e não havia
em Portugal espaço pra morrer-se.


Espaço no Brasil, pobre Correia!
Só reduzido a cinzas centenárias
é que o D. Pedro para lá regressa
a pedido de várias famílias.
(Legitimistas riem-se nos túmulos,
e os liberais não choram, que os não há).


Está aberta a inscrição para poetas épicos
que celebrem em oitavas a vitória
de Alcácer-Quibir.
(15 mil réis de tença anual para o poeta
não nomeado por velho e demasiado grande).
Mas este povo: o povo: esse de séculos
em terra dura e curta vida imerso?
O que sonha ou pensa? Franças e Araganças?
Se lhe tiraram cama em que sonhar!
Se lhe não deram nunca o imaginar
mais que sardinha assada sem esperanças!
Não sonha ou pensa, apenas faz os filhos
que um dia houveram sido o povo se —
um se e sempre se de tantos séculos
e terra dura e curta vida e gente
que está por cima e há outros mais abaixo
danados só de não estarem em cima
do mesmo povo, o tal que todos amam
e lhes faz figas quando voltam costas.

Jorge de Sena
Exorcismos

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quarta-feira, 13 de abril de 2011

PORTUGUÊS!


Que grande orgulho sinto em ser português!
Para o ano que vem seremos o único país do mundo em recessão.
Os ingleses chamam-nos o pior país do mundo e recusam-se a emprestar-nos dinheiro porque, segundo dizem, é simplesmente deitar dinheiro fora.
A verdade é que nós precisamos do empréstimo para comer.
Vamos gastar o dinheiro que nos derem na nossa sobrevivência e não para investir em coisa alguma.
Portanto, como tenho vindo a alertar, nunca geraremos riqueza para podermos devolver o capital que nos emprestam.
De facto, a nossa economia nem sequer para pagar os juros gera riqueza. Até para isso temos que pedir mais empréstimos.
Já sei que agora alguns dos meus leitores - os mais tacanhos - estarão a gritar:
- se não estás bem então imigra (é assim que escrevem), pá!
A esses eu respondo que é exactamente o que está a fazer a Inteligência deste país. E a juventude qualificada.
Há anos.
A cada dia que passa os bons vão-se embora e só cá ficamos nós.
Os que não valem grande coisa, os acomodados e os velhos que já não têm idade para começar vida nova.
Os velhos que estariam na altura de descansar mas que cada vez têm que trabalham mais.


J.T.

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MÚSICA...




Astor Piazzolla
Adios Nonino

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IX

Um melro mudo
veio pousar aqui
neste ramo.

Porque te calas?
Porque me calo?

Já lá vai a tua e a minha primavera.

João José Cochofel
Quatro Andamentos

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

AO ESTADO QUE ISTO CHEGOU...

FINDA

A conclusão de tudo é só a morte
e não há mais epílogo nem finda.
Não se termina o verso nem o curso
mudamos à conversa interrompida.

Não findamos o verso nem acaba
o desfazer-se o mar contra esta praia.
A conclusão de tudo é só a morte,
nem o silêncio quebra a sua amarra.

Sequer há conclusão? Sequer há morte
nas palavras deixadas pelos recantos
mais sujos e perdidos do seu norte?

Amor que nos moveu no desalento,
a pátria destes versos foi só pura
imaginação por dentro da memória.

(Mas já outras canções nos estremecem:
longe do coração começa a História.)

Luis Filipe Castro Mendes
Outras Canções

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segunda-feira, 4 de abril de 2011

MAIS M... DE UM BOY DO PS DE PORTALEGRE

Presidente do Instituto de Segurança Social



Edmundo Martinho defende redução progressiva do subsídio de desemprego

O subsídio de desemprego pode manter as diferenças de acordo com as idades e as carreiras contributivas, mas não deve ter o mesmo valor durante todo o período de duração”, adiantou Edmundo Martinho à margem de um encontro sobre o conselho europeu de 24 e 25 de Março, organizado pelo Instituto de Direito Económico Financeiro e Fiscal.

Questionado sobre as alterações que será necessário fazer ao sistema de protecção social de desemprego, uma das medidas previstas no acordo para a competitividade e o emprego firmado a 22 de Março entre o Governo e os parceiros sociais, o presidente do ISS defende que “alguma regressividade na capacidade de cobertura poderia ser interessante”.

Em vez de reduzir a capacidade de proteger nos primeiros tempos de desemprego, que são os tempos mais complicados para os desempregados, poder-se-ia reduzir progressivamente”, adiantou, frisando que o subsídio de desemprego não deve funcionar como um entrave a que os desempregados regressem ao mercado de trabalho.


ONDE HÁ EMPREGO?

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HOMEM BALA

Um emprego não basta
para sanar as dívidas.
Quanto mais ajusto
tanto preciso ajuntar.
Quando paro, tudo
em mim trabalha.
E já uma outra dívida,
crescendo no sujo
da antiga, se anuncia.
Mal desço na praça
um braço me cobra,
outros me olham.
Tudo em mim se rala.
O que sobra gera
outra promissória.

Edimilson Almeida Pereira
Oiro de Minas a nova poesia das Gerais

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