quarta-feira, 30 de junho de 2010

EDIÇÃO DE HOJE DO ALTO ALENTEJO


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MANIFESTO

Mágicas, ainda existem
as grandes Tabacarias,
como atractivo mesteiral das artes.

— Mas são diferentes os ócios.

Não produzimos frenesins pacíficos.

Freud ensinou-nos a ciência dúplice
de preservar, vigilantes,
as almas adolescentes
permanentes
e a carne complicada de incapazes.

Estes poetas não precisam já
dos dramas do onanismo,
não se amedrontam dos seus próprios quartos.
Estes poetas não precisam já
de violoncelos.
— Nem de procissões!
santos, teologias,
fingimentos, Renascenças,
senhoras-mães-dependências
profissionais e mentais
da esplendorosa preguiça
que a rastos se faz enorme
presunção da burguesia
liberal, nacionalista,
de absinto, com sopeiras.

Esoterismo, o plâncton
das mansas esquizofrenias
que a natureza desculpa
com pontes do tédio alado.
A salvação, maravilha
das anarquias domésticas,
crucianas, pelos Cafés,
com verbos e metafísica.

Estes poetas já não são suicidas.

Já não se diz nem faz só por dizer-se.

A nova história será sempre a mesma,
não se provoca só por bem falar.

— Lá muito adiante a eternidade é escusa.

(E estes poetas já serão poetas?)

... ... ... ... ... ... ... ... ...

Sair de casa de manhã, tratado,
já predisposto mais um dia solto,
— quanto me custa por haver emprego!


Carlos Garcia de Castro
Rato do campo

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terça-feira, 29 de junho de 2010

SALDO NEGATIVO


Dói muito mais arrancar um cabelo a um europeu
que amputar uma perna, a frio, a um africano.

Passa mais fome um francês com três refeições por dia
que um sudanês com um rato por semana.

É muito mais doente um alemão com gripe
que um indiano com lepra.

Sofre muito mais uma americana com caspa
que uma iraquiana sem leite para os filhos.

É mais perverso cancelar o cartão de crédito a um belga
que roubar o pão da boca a um tailandês.

É muito mais grave deitar um papel para o chão na Suíça
que queimar uma floresta inteira no Brasil.

É mais obscena a falta de papel higiénico num lar sueco
que a de água potável em dez aldeias do Sudão.

É mais inconcebível a escassez de gasolina na Holanda
que a de insulina nas Honduras.

É mais revoltante um português sem telemóvel
que um moçambicano sem livros para estudar.

É mais triste uma laranjeira seca num colonato hebreu
que a demolição de um lar na Palestina.

Traumatiza mais a falta de uma Barbie a uma menina inglesa
que a visão do assassínio dos país a um menino ugandês

e isto não são versos; isto são débitos
numa conta sem provisão do ocidente.


Fernando Correia Pina
Cantos da Língua

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sábado, 26 de junho de 2010

LADRÕES, VIGARISTAS, MAFIOSOS, DO PARTIDO SOCIALISTA

O POEMA DE DEUS

Edificar o poema de Deus

É construir a imagem de Deus para a apagar,

Apagá-la para conhecer Deus.

Maurice Bellet

Em certa medida, ninguém é mais descrente do que um crente. A austeríssima proclamação "a Deus nunca ninguém o viu" é um livro sagrado dos cristãos que, tranquilamente, a profere (a Primeira Carta de João). É difícil imaginar um homem mais blasfemo do que Job, do qual se diz: "onde existe homem igual a Job, que bebe a blasfémia como quem bebe água?" (Job 34, 7). E, no entanto, a sua teologia protestativa inspira há séculos percursos e apropriações de radical assentimento para com a questão de Deus. O Livro de Coeleth, esse niilista intransigente, não deixou de ser lido e comentado como modelo edificante para o conjunto dos crentes. Jeremias dizia que, se fosse possível, preferia esquecer-se de Deus; e a saga de Jonas relata os desmandos humorísticos de um profeta que mantém com Deus um conflito de opinião.

Um dos mestres espirituais do Ocidente, Santo Agostinho, é autor de uma poderosa, mas também desconcertante biblioteca sobre Deus, se atendermos ao que diz: "Melius scitur Deus nesciendo" ("Deus conhece-se melhor na ignorância") ou "Si comprehendis non est Deus" ("Se pensas tê-lo compreendido, então não é Deus"). Os místicos de todos os tempos exploram infatigavelmente vias apofáticas, que desconstroem e ultrapassam a presumível estabilidade das representações. De Pseudo-Dionísio (fins do século V, inícios do VI): "Ousemos negar tudo a respeito de Deus para chegarmos a esse sublime desconhecimento que nos é encoberto por aquilo que conhecemos sobre os restantes seres, para contemplar essa escuridão sobrenatural que está oculta ao nosso olhar pela luz"; a Dietrich Bonhoeffer, morto em Berlim em 1943 por conspirar contra Hitler: "Perante Deus e com Deus vivemos sem Deus. Deus deixa-se empurrar para fora do mundo e até à cruz; Deus é impotente e fraco no mundo e exactamente assim, somente assim ele está connosco e nos ajuda."

Em certa medida (numa misteriosa medida), ninguém é mais crente do que um descrente. O universo de Saramago é "um mundo às avessas" em relação ao mundo bíblico e cristão, como Eduardo Lourenço justamente o classifica. Mas nunca é de mais sublinhar que é sobre esse mundo que ele trabalha, com ira e sedução, afastado e, ao mesmo tempo, incapaz de alhear-se definitivamente. Recorrendo a tudo, epifanias e resmungos, preces e chistes, risadas e silêncios intensíssimos, em páginas que, umas vezes, alcançam uma religiosidade que se diria absurda e, outras vezes, incólume. No último dos cadernos publicados, José Saramago escreveu: "Os ateus são muito capazes de aventurar-se pelos escabrosos caminhos da teologia." Esperemos que existam também teólogos capazes de aventurar-se pelos caminhos escabrosos de uma literatura que, no limite, não desiste de ser desconstrução e construção do poema de Deus.


José Tolentino Mendonça
Padre e poeta

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quarta-feira, 23 de junho de 2010

RUI PEDRO SOARES MAIS UM XUXLISTA "MUITO SÉRIO"

EDIÇÃO DE HOJE DO ALTO ALENTEJO


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DEMISSÃO

Este mundo não presta, venha outro.
Já por tempo de mais aqui andamos
A fingir de razões suficientes.
Sejamos cães do cão: sabemos tudo
De morder os mais fracos, se mandamos,
E de lamber as mãos, se dependentes.

José Saramago
Os Poemas Possíveis

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sábado, 19 de junho de 2010

LADRÕES, VIGARISTAS, MAFIOSOS, DO PARTIDO SOCIALISTA DE PORTALEGRE

Fundação Alter Real está a ser investigada por denúncia de uma directora

A Fundação Alter Real, responsável pela Coudelaria de Alter e pela Escola Portuguesa de Arte Equestre, está a ser alvo de uma auditoria desencadeada em Março pela Inspecção-Geral da Agricultura e Pescas, por ordem do ministro da Agricultura. Na origem da investigação estão denúncias de quadros da Coudelaria de Alter, em Alter do Chão, relativas a alegados actos de má gestão que terão causado elevados prejuízos à fundação.

Criada em 2007 por decreto governamental, a Fundação Alter Real (FAR) assumiu o património e as competências do Serviço Nacional Coudélico, um organismo que funcionava no âmbito do Ministério da Agricultura e foi então extinto. A presidência do seu conselho de administração é assegurada, por inerência, pelo presidente da Companhia das Lezírias, Vitor Barros, que exerceu as funções de secretário de Estado do Desenvolvimento Rural nos Governos de António Guterres e foi o candidato derrotado do PS às eleições de 2005 para a Câmara de São Pedro do Sul. Em Março deste ano, Rui Simplício, então assessor parlamentar do Partido Socialista, líder distrital do PS em Portalegre e antigo presidente da Câmara local, foi nomeado por proposta de Vítor Barros administrador-delegado da fundação.

Os inspectores do Ministério da Agricultura estão no terreno há dois meses e já ouviram os dirigentes e vários técnicos da instituição, incluindo o presidente Vítor Barros e a vogal da administração Maria Leal Monteiro, que dirigiu até há poucos meses à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo e foi, no ano passado, a candidata derrotada do PS à Câmara de Alter do Chão.

O director da Escola Portuguesa de Arte Equestre e os veterinários da Coudelaria de Alter também já prestaram declarações, o mesmo acontecendo com Idalina Trindade, a directora da coudelaria que mantém graves divergências com Vítor Barros, embora seja também um alto quadro do PS, e é apontada como uma das autoras das denúncias. Em 2008 e 2009 suspendeu funções na coudelaria para assumir, em regime de substituição, o lugar de deputada na Assembleia da República. Nas autárquicas de Outubro foi a candidata socialista derrotada à presidência da Câmara de Nisa.

A situação financeira da FAR, que vive quase exclusivamente das contribuições do Ministério da Agricultura (700.000 euros em 2010), tem-se deteriorado significativamente, acumulando-se as dívidas a fornecedores. Algumas das situações que determinaram a realização da auditoria prendem-se com ocorrências registadas no período em que Idalina Trindade (que não quis falar ao PÚBLICO) foi deputada. A fundação está actualmente envolvida num projecto que implica um investimento de 12,5 milhões de euros e que visa a construção de novas instalações para a Escola Portuguesa de Arte Equestre no antigo Regimento de Cavalaria 7, na Calçada da Ajuda, em Lisboa.

O presidente da Câmara de Alter do Chão, Joviano Vitorino (PSD), que pertence por inerência ao conselho geral da FAR, disse ao PÚBLICO que já manifestou ao ministro da Agricultura a sua preocupação com o que se passa na fundação e que aquele o informou da realização da auditoria.

A recente nomeação de Rui Simplício, a quem não é conhecido qualquer currículo na área da gestão ou da actividade central da fundação - que tem a ver com a criação e o negócio dos cavalos das raças Lusitana, Sorraia e Garrano -, tem sido vista como mais um passo na politização da fundação. "O que eu quero é que a coudelaria e a fundação corram da melhor maneira possível, porque são importantes para o concelho, mas politizar aquilo não me parece uma boa coisa", disse Joviano Vitorino, acrescentando que "a nomeação de Rui Simplício não lembra a ninguém".

Contactado pelo PÚBLICO há dias, Vítor Barros negou a existência de quaisquer denúncias e garantiu que a auditoria é uma "inspecção de rotina", decidida "por sorteio". Ontem à tarde, porém, o presidente da fundação confirmou as suas divergências com Idalina Trindade - relacionadas nomeadamente com o projecto da Ajuda, mas também com a nomeação de Rui Simplício - e admitiu a existência de denúncias da sua autoria.

"Ela é contra o projecto de Belém, mais aí ela não tem que se meter. É uma mera directora e tomara eu que ela tome conta da Coudelaria de Alter", afirmou, referindo-se a Idalina Trindade. O gabinete do ministro da Agricultura disse ontem que a auditoria deverá estar concluída no final deste mês.


José António Cerejo
PÚBLICO
19-06-2010

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OUVINDO BEETHOVEN


Venham leis e homens de balanças,
mandamentos d'aquém e d'além mundo.
Venham ordens, decretos e vinganças,
desça em nós o juízo até ao fundo.

Nos cruzamentos todos da cidade
a luz vermelha brilhe inquisidora,
risquem no chão os dentes da vaidade
e mandem que os lavemos à vassoura.

A quantas mãos existam peçam dedos
para sujar nas fichas dos arquivos.
Não respeitem mistérios nem segredos
que é natural os homens serem esquivos.

Ponham livros de ponto em toda a parte,
relógios a marcar a hora exacta.
Não aceitem nem queiram outra arte
que a prosa de registo, o verso acta.

Mas quando nos julgarem bem seguros,
cercados de bastões e fortalezas,
hão-de ruir em estrondo os altos muros
e chegará o dia das surpresas.


José Saramago
Os Poemas Possíveis

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sexta-feira, 18 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO 1922-2010


Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.


José Saramago
Os Poemas Possíveis

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quarta-feira, 16 de junho de 2010

EDIÇÃO DE HOJE DO ALTO ALENTEJO


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CASO FATAL

É a mais pura verdade o caso que eu vou contar
quem quiser pode nem acreditar

Sé bem que, aviso já
mentiroso eu não sou
quem quiser pode ir lá ver
que eu não vou.
De mais a mais porque é
que eu havia de ir ver
o que já lá vi com estes dois
por quem sois
crêde em mim
vou contar-vos enfim
o tal caso verdadeiro:
aí vai, tim-tim por tim-tim

Verdadeiro ou não
só posso chamar-lhe atroz
este caso que me estrangula a voz

Não penseis que exagero
nem julgueis que é demais
ou que abuso de pimentas e sais

Não, bem pelo contrário
a minha musa indigente
nem sequer está à altura
e faz figura bem triste
mas bom, já que se insiste
estou disposto a revelar
no que este caso consiste

Ora bem foi assim
este caso fatal
que foi p'ra pior
depois de estar mal

Não me lembro da hora
nem se era noite ou dia
só sei que algo no ar se pressentia

E os pressentimentos
são a modos que mosquitos
a esvoaçarem no ar
esmagar dois ou três
se alivia o freguês
não anula o problema
nem o resolve de vez

Então seguiu-se o resto
do que estava p'ra vir
nem vos conto, p'ra vos não combalir

Foi um ver se te avias
um vai-vem muito louco
um toma-lá-dá-cá e fica com o troco

Teve um pouco de tudo
e foi pouco p'ro que teve
sem ter mais nem porquê
já se vê p'lo aparato
que foi de esfola-gato
este caso que no meu modesto verso relato

Bem, e agora que já
estais familiarizados
com o assunto e seus assins e assados
e que tendes presente
a complexidade
de apartar do mexerico a verdade
podereis ter ficado
com a estranha sensação
que eu nada disse, e porém...

Também muitos doutores
falam bem fazem flores
mas não dizem nada, nada
ao discursar: Meus senhores...

Sérgio Godinho
Coincidências

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terça-feira, 15 de junho de 2010

CANÇÃO PARA VOZ E LÂMINA

Ensina-me a revirar a língua.
Mas não tão subitamente.

Preciso destas poeiras e ventos
(e não só para que me arranhem)

Ensina-me o vagar da língua
que não estranha as estranhas ranhuras
da saliva ou o assobiar do respirar
nos contornos murmurados
do cinzento, a inclemência
dos objectos lisos nas escuras câmaras
da minha lucidez. Sôfregas,
mundanas.
O incalculável, sobretudo.
A ressaca de estar tão rente
ao presente, de ter as têmporas tão
enroscadas em mim.

Ou lá o que é isto.

Ensina-me o canto que verga
incomodamente a excitação da língua.
O que é certamente uma maneira
de apressar a reticência do futuro.

Ensina-me esse mastigar
só com a sua ondulação de músculo
e porventura a refinar
o cuspo azedo que fabrico.

São ensaios.
Para ir treinando a urgência.

Guardarei os dentes para outras tarefas,
outros verbos, sentidos menos restritos.

Ensina-me uma língua
que arranhe.
É só isso.

Como cambalhotas no asfalto:
felizes, ainda que necessárias.

Mais: que arranhe o próprio arranhar.
Uma língua
como a falam os homens
mesmo que nem sempre o saibam
(que eu o saiba e o não saiba
ao mesmo tempo)

Como a cospem
os que vezes sem conta cuspiram
o belo, porque era levemente implacável.
Como aqueles a quem foi ensinado
que as horas que assim
suaves batem as certezas
nos agarram a este solo
e que essa é a única canção.
Todos eles têm outro obscuro
canto a assobiar entredentes.

A voz em esforço
pois passa esfolada e indecisa
um pouco pelas frinchas do necessário
– a ele voltamos sempre
ao espreitar pelas nesgas da raiva.

Dizem-me que a língua
pertence ao obscuro e húmido.
Ou vice-versa.
Que os poetas portanto a têm
particularmente retorcida
e golpejada pelas sombras.
Mas não é isso:
que se foda a língua dos poetas.
As suas pregas dão-se mal com o meio-dia.
Eu dou-me mal com estes dias
mas insisto em lhes lamber o pó.

Ensina-me a lamber o pó
de outra maneira.

Quero a língua de todos
os aflitos, as espirais toscas
da lâmina desvairada que é o mundo.

Areja-a ao sol,
contorce-a sob a luz
desatina-a para que encontre
a fala desencontrada.
O torcer esforçado
que se esgueira pelos lugares
que nos deu este tempo.

Ensina-me a dobrar a dor
a estirar o corpo e o embaraço
dos gestos quase possíveis
Nesta língua, neste prenúncio
zumbido de quase futuros.

Ensina-me, musa, a música impraticável

Miguel Cardoso
Que se diga que vi como a faca corta

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terça-feira, 8 de junho de 2010

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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SETE POEMAS PORTUGUESES

Quatro muros de cal, pedra soturna,
e o silêncio a medrar musgos, na interna
face, põe ramos sobre a flor diuturna:
tudo que é canto morre à face externa,
que lá dentro só há frieza e furna.

Que lá dentro só há desertos nichos,
ecos vazios, sombras insonoras
de ausências: as imagens sob os lixos
no chão profundo de osgas vis e auroras
onde os milagres são poeira e bichos;

e sobretudo um tão feroz sossego,
em cujo manto ácido se escuta
o desprezo a oscilar, pêndulo cego;
nada regula o tempo nessa luta
de sais que ali se trava. Trava? Nego:

no recinto sem fuga — prumo e nível —
som de fonte e de nuvens, jamais fluis!
Nem vestígios de vida putrescível.
Apenas a memória acende azuis
corolas na penumbra do impossível.


Ferreira Gullar
A Luta Corporal

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terça-feira, 1 de junho de 2010

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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PEQUENINA

És pequenina e ris ... A boca breve
É um pequeno idílio cor-de-rosa ...
Haste de lírio frágil e mimosa!
Cofre de beijos feito sonho e neve!

Doce quimera que a nossa alma deve
Ao Céu que assim te faz tão graciosa!
Que nesta vida amarga e tormentosa
Te fez nascer como um perfume leve!

O ver o teu olhar faz bem à gente ...
E cheira e sabe, a nossa boca, a flores
Quando o teu nome diz, suavemente ...

Pequenina que a Mãe de Deus sonhou,
Que ela afaste de ti aquelas dores
Que fizeram de mim isto que sou!


Florbela Espanca
Livro de Mágoas

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