terça-feira, 29 de setembro de 2009

RACISMO EM ESCOLA DE MONFORTE?

DIRECÇÃO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DO ALENTEJO

&

COORDENADORA DE APOIO

ÀS ESCOLAS NO NORTE ALENTEJO


METIDOS EM NOVA BRONCA


DEPOIS DO

MAGALHÃES EM CASTELO DE VIDE


AGORA

RACISMO

EM

MONFORTE


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EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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CANTIGA DO POBREDIABISMO DE CAFÉ

Intelectuais reconhecidos pelo notário
poetas muitos reconhecidos pela família
romancistas traduzidos lá fora cá pra dentro
o dr. bastante burro que faz mal às musas
o escultor que tacteia a senhora escultural
o ensaísta amigo das poetisas lusas
o crítico ficheiral arrumado responsável
irresponsável vespertinamente às quintas-feiras
a viúva abundante devoradora de miúdas
pequenas com muito jeito pró teatro e tudo
mancebos beija aqui beija ali beija acolá e nada
o tatebitatismo do senhor que foi ministro
o fotógrafo de arte que tem dentes postiços
a postiça menina que se atira à dentadura
o profissional contador de anedotas
e a anedota que se conta da esposa
a antiga casta susana entre os velhos
os velhinhos entre a vida e a morte
os artistas suburbanos da amadora
antologistas do verso erótico dos amigos
o declamador nortenho de pronúncia ainda lá
três inventores e meio da filosofia nacional
muitos pintores que chateiam as paredes
muitos senhores que teimam tinta e papel

e se houvesse justiça tinham pena capital

Mendes de Carvalho
Cantigas de Amor & Maldizer

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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

QUEM PERDEU NO CONCELHO DE PORTALEGRE?


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PERDER

Perder é começar. A minha vida
foi movimento em cerne opaco e frígido...
E quando sei que este momento eterno
em mim percorre sulcos, veias, sonhos,
outro momento abraça-me o porvir —
e desconheço a margem onde navegar,
onde aportar o peso do caminho.

Perder é começar. Por isso a ténue sombra
desenha no sigilo os abismais instantes
onde existiu, uma vez, qualquer destino exacto.


António Salvado
Na Margem das Horas

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domingo, 27 de setembro de 2009

LEGISLATIVAS 2009 PORTALEGRE DISTRITO


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1 Deputado para o PS = 24944 Votos

1 Deputado para o PSD = 15530 Votos

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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

RESTA A ESPERANÇA...


Segundo a sondagem que ontem saiu, o Sócretino já deu a volta ao texto e uma vez mais conseguiu vender o pior produto da sua lista de vendedor de banha da cobra, a sua própria pessoa.
Segundo a sondagem pode agora escolher qualquer dos partidos com assento parlamentar para fazer uma coligação.
Pode até governar sozinho e ir vendendo um ou outro favor, uma ou outra proposta a um qualquer partido de acordo com a sua vontade.
Pode ser mau, hipócrita, mentiroso, aldrabão, homem de mão dos Bilderberg, que é também mais esperto que todos os outros.
Burros e bestas de carga somos nós que vamos sofrer mais alguns anos das suas politicas e aldrabices.
Tanto desejaram correr cada um na sua bicicleta que agora o vêm cortar a meta bem lá à frente de todos. Isto, se não aparecerem por aí mais masoquistas a dar-lhe uma nova maioria absoluta. Uma perspectiva assustadora e que justificaria o pensar em fugir deste país.
Resta a esperança que as sondagens se tenham enganado de novo.

K.

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EDIÇÃO DE HOJE/AMANHÃ DO JORNAL FONTE NOVA


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CONQUISTA

Na miséria mais funda
cintila uma estrela
a dizer que a vida
é bela.

No silêncio aflito
da noite (naufrágio
dos tristes)
alguém sonha e canta
virgens alegrias.

A manhã nascente
para ser merecida
tem que ser sangrada
com a própria vida.

Luís Amado
Dádiva

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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

VAMOS TODOS CORRER COM ELE...

CAMÕES

Lia-me Camões meu Pai.
A tristeza de ambos
se juntava, em mim crescia.
E a voz, a inalterável
mergulhia das palavras
procriavam sarmentosos liames.
(Basílico a Mãe depunha no lume,
a carne com alecrim perfumava).
O livro de carneira negra,
as letras juntas em oiro:
morros, alusões, muros
verdentos, o último da vida ouvia.
Amor doía, emaranhava.
Mordaça invisível. Em lágrimas,
minhas, de meu Pai e de Camões, voava.

António Osório
O Lugar do Amor

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terça-feira, 22 de setembro de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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A MEMÓRIA É A GAVETA COM PALAVRAS ETERNIZADAS

O incêndio alastra-se nas veias
seduz o esmagado sol das manhãs
e purifica as ideias.
Gosto dele
como do veludo e da cor dos pêssegos.
Ele fecha a porta
e desce as escadas da rua
com a lentidão sorridente da volúpia.
Fala-me num tom severo que me inutiliza…

Uma noite contou-me os poemas da mãe
e prendeu-me aí.

(À beira-mar em recanto de festa, gostei de te escutar)

Luísa Ribeiro
Fogo Branco

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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ACERTEM-LHE COM FORÇA

A distribuidora de jogos CanalPT acaba de lançar um videojogo onde José Sócrates e Manuela Ferreira Leite lutam ao soco pelo executivo português frente à Assembleia da República.



No jogo, que foi desenvolvido para correr na Net e dispensa qualquer instalação de software no computador, o utilizador pode escolher encarnar as personagens animadas do primeiro-ministro José Sócrates ou da líder da oposição Manuela Ferreira Leite.



E.I.

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Eu queria outro país, outro lugar
Ainda que me digam
que vivemos em democracia eu digo
que não sei.


Joaquim Manuel Magalhães

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domingo, 20 de setembro de 2009

TRIUNFO DA CORJA...


Ontem, a GNR apanhou dois monovolumes da campanha do PS em excesso de velocidade na A 1, perto de Coimbra.

Isto não teria relevância se há três dias a GNR não tivesse sido obrigada pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (cujo presidente é Paulo Marques, nomeado pelo ministro socialista Rui Pereira) a devolver ao PS três viaturas que tinham sido retidas por terem “películas publicitárias ilegais coladas aos vidros”, além de ter de perdoar as multas (no valor de 1100 euros) então aplicadas.

Isto também não seria importante se o insólito argumento usado pela ANSR, entidade dependente do Governo, não tivesse sido o de que "a defesa do exercício de liberdades" é mais importante que o Código da Estrada, que, como se sabe, é uma lei aplicável a todos os que circulam nas estradas portuguesas.

Sem comentários.

Agora é esperar para ver se a desfaçatez de quem se julga (e na prática está) acima da lei se volta a repetir …

Alguém explica a esta malta que domina o Estado que o Estado deve ser … um Estado de Direito?

Espero que a explicação seja dada daqui a uma semana.



R.C.T.

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O BENEFICIADO FAUSTINO DAS NEVES

Quem seria o beneficiado faustino das neves
que vê de viés quem o visita alguma vez?
Pergunto e não quero que ninguém me responda
perguntar por perguntar pode ser a mais alta forma de saber
A pergunta ondula no ar ou na alma como uma nuvem
será talvez um til num texto uma ruga na testa
um gesto de quem contesta uma leve crispação da crista
Não importa talvez o que se pergunta mas como se pergunta
a ânsia na voz o brilho nos olhos um movimento de pés
Que me importa a mim faustino das neves mero pretexto para isolar
da boca cariada do tempo um simples olhar?
Que importa um olhar a análise dos tecidos orgânicos
dos olhos das células vivas de súbito impressionadas
e das fotografias logo reveladas na câmara escura do cérebro?
Um olhar interroga um olhar duvida talvez um olhar é coisa de tempo
é a mais funda fala de quem num momento se sente bem
se despede de si mesmo de todos se isola cortante como uma proa na vida
Olhar é talvez como que pensar como sentir como dissimular que se sente
e às vezes dar vida a casas costumes coisas ao vento
ao vento que varre todos os gestos que desenhamos nos dias
é lutar corpo a corpo com corpos provisoriamente opostos ao nada
é uma sala de estar onde os amigos podem entrar de chapéu na cabeça
tuna sala onde a luz levanta a manta de velhas coisas inúteis envoltas em volta
Nos olhos começa às vezes o mar os olhos animam nas coisas o vento
nascem nos olhos as nuvens que arrastam consigo a tristeza para o lado sul
Faustino das neves não é homem de anjos
repele discretamente as mãos coercivas do transcendente
joga tudo na vida volta-se de uma vez para sempre para estes dias
emerge da sombra para os mais leves sintomas do sol
sai das mãos de josefa pra uma tela sombria do século dezassete
abandona na ponta dos pés a igreja da santa casa da misericórdia
pisa na noite as pedras da vila de óbidos
Faustino das neves muda de roupa põe o breviário de lado
actualiza certos aspectos antiquados do seu português
submete-se às leis da fonética embora saiba que há quem negue que sejam leis
responde aos inquéritos linguísticos por correspondência do doutor paiva boleo
enriquece o léxico com nomes de coisas do novo mundo com termos técnicos
com construções colhidas nas páginas de aquilino ribeiro ou guimarães rosa
maneja também para isso os modernos meios audio-visuais
anda a par das novas conquistas do estruturalismo evita os vários suplementos literários
embora tenha ouvido falar de fernando luso soares e alberto ferreira
acompanha mesmo as novas correntes do pensamento
Faustino das neves caminha por óbidos mas é um homem do nosso tempo
sensível aos slogans ao chamamento luminoso das montras
recorre ao crédito contribui irresistivelmente para a inflação
que um governo em guerra prometeu combater não sabe bem como
não tem precisão de emigrar mas intervém nos problemas do nosso tempo
assina o seu nome em listas apresenta-se como intelectual responsável
é até dos homens mais à esquerda do nosso país
pensa talvez promover ortodoxamente em portugal
exactamente a revolução russa de mil novecentos e dezassete
Faustino das neves olha através dos séculos
coloca o pé pisa as pedras as nuvens com elegância
conspira diz mal calcula caminha na vida
O beneficiado não crê na promessa do dia nem na verde alegria
de banhar o rosto num instante na própria fonte
de ver sequer de passagem mais que a sua simples imagem
esse núcleo de luz ardente que agora tenho na minha frente
essa fuga feliz a um mundo onde dia a dia me afundo
talvez a única sombra que a mim me deslumbra
sonhada morada nunca conseguida
sensível e audível e palpável mas inconcebível
desmedido portal onde poderá começar o ignoto mundo do mal
onde uma coisa logo que nomeada é coisa realizada
Josefa foi a submissa foi decerto a pintora mas foi também
doméstica e simples e amiga e mãe
Josefa de óbidos não pinta há muito anda assustada
o seu cliente beneficiado fugiu-lhe ingratamente das mãos
não a respeita não reconhece que só graças a ela chegou até hoje
e a pintora tem o seu nome uma reputação nacional e até
internacional devida talvez a josé augusto frança
começa a recear as consequências de ter criado tal criatura
Josefa de óbidos ficou no seu tempo pintou metafisicamente um olhar
meteu-o na cara de um homem enquadrou esse homem numa classe
ficou descansada tinha a imortalidade assegurada
mas agora até pensa deixar talvez de pintar
Josefa de óbidos noutro país talvez tivesse pintado
essas bolas de sabão que manet continua a soprar até nós de um longínquo verão
como imagem do tempo da vida da terra em breve desaparecida
ou aquele menino togado mas truncado
que jaz no prado irremediavelmente ameaçado
pelo perene fado essa mensagem do passado
transmitida ao presente eternamente
ou aquela dama romana donde intermitentemente mana
o mar de recordar esse insistente soluçar
de quem tem no olhar uma forma garantida de passar
a vida indiferentemente recordada esquecida
mais tarde também josefa se fosse um homem
ou enfim defendesse a liberdade sexual da mulher
talvez decerto com a sua dose de sorte se chamasse goya
assistisse a touradas pusesse saber e sabor em pintar aquele picador
que pica um touro castigado nalgum domingo do século passado
ou se não mais na sua linha um cardeal de goya frio fixo como uma jóia
que um homem depois de ver de boamente consente em morrer
ou as perfeitas santas justa e rufina onde se afina e refina
a mão que por vezes guia a loucura através do pretexto da pintura
Mão que não sentiu a pouco e pouco gastar os dedos do autor a pintar
que pintou noite e dia sem sentir que se desfazia
para para sempre ficar num grupo álacre que a dançar
envolve na roda a distância do requinte e da elegância
de quem num instante ímpar se desenha no ar
para tudo e todos imolar ou pelo menos diminuir
Josefa não pode parar talvez quem saiba consiga pintar
a maja desnuda ou a maja vestida
os velhos vorazes que no comer põem a mais viva forma de morrer
essa romaria de santo isidro onde há gente que deve os olhos de vidro
ao vinho e à mais triste alegria que num madrid há muito passado se construía
ou o cão já meio afogado só salvo depois de pintado
com a raiva de quem assassinasse talvez a própria mãe
ou a si mesmo se houvesse matado ao deixar-se auto-retratado
A pintora de óbidos desconhece a finura o donaire o sorriso dessa figura
helena fourment modelo de rubens uma criatura da terra que até hoje perdura
não viu uma velha de duas igrejas fiar e de fuso na mão para sempre ficar
com o tempo todo na face mãos fechadas sobre a velhice
ou a usurária de ribera mulher que é hoje na tela mais que no tempo era
mulher mumificada na mão levemente destacada
território de rugas talvez onde se intensifica a luz
rosto rijo e rigoroso onde o boletim meteorológico anuncia sempre tempo invernoso
olhos que no campo circunscrito da parecença
distinguem a distância que existe entre quem começa
e quem a vida já vela com um véu de névoa
Josefa pinta como quem pensa ou considera e só assim recupera
esse passado mais que no nome na realidade inexoravelmente passado
por ser a mesma mulher e serem freiras e serem viúvas ou outras quaisquer
ou esse santo por heredia pintado e depois disso irremediavelmente degolado
e não menos que o anterior cão deixado nas águas do tempo afogado
Josefa na arte comprometida passaria o pincel pela vida
pelo baile campestre alegre e triste
onde é visível o vento que apenas dura nesse momento
em que se dança intensamente e alguém vai e vence
com a decisão inabalável das marés do mar o bailarino mais exímio a dançar
casamento campestre conjunto de gestos urbanos num meio agreste
neptuno do olhar velado neste mesmo instante emerso do mar do passado
objecto de gesto jamais talvez ultrapassado apesar do desígnio sempre esboçado
por quem um dia nalguma parte deu o que tinha e não tinha pela arte
Josefa de óbidos assustou-se porém pois podiam dizer a alguém
que pintar implica ao fim e ao cabo ter um pacto com o diabo
pois o diabo vivia nos dias de então vestia a toga da inquisição
e a pintora pensou deixar a pintura com medo da alma e da censura
Não existe decerto censura mas o gesto foi sábio porquanto existe o exame prévio
e se formos a pensar um bocado é realmente perigoso pintar um beneficiado
pois bem vistas as coisas o homem às vezes é vário muda de roupa deixa o breviário
sopram os ventos da história e modificam a forma de toda a matéria
e talvez tenha sido assim que faustino se pôs a pensar josefa que foste tu fazer

Ruy Belo
Toda a Terra

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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[JORGE DE SENA] DIRIGE-SE AOS SEUS CONTEMPORÂNEOS

Podereis roubar-me tudo:
as ideias, as palavras, as imagens,
e também as metáforas, os temas, os motivos,
os símbolos, e a primazia
nas dores sofridas de uma língua nova,
no entendimento de outros, na coragem
de combater, julgar, de penetrar
em recessos de amor para que sois castrados.
E podereis depois não me citar,
suprimir-me, ignorar-me, aclamar até
outros ladrões mais felizes.
Não importa nada: que o castigo
será terrível. Não só quando
vossos netos não souberem já quem sois
terão de me saber melhor ainda
do que fingis que não sabeis,
como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,
reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,
tido por meu, contado como meu,
até mesmo aquele pouco e miserável
que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.
Nada tereis, mas nada: nem os ossos,
que um vosso esqueleto há-de ser buscado,
para passar por meu. E para outros ladrões,
iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.

Jorge de Sena
Metamorfoses, seguidas de Quatro Sonetos a Afrodite Anadiómena

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domingo, 13 de setembro de 2009

DEDICADO À GRANDE BESTA DO ALCAIDE DE ELVAS..

OH SI CARIÑO...

MFL: No me gustan los españoles metidos en la política portuguesa.

JS: A ti no te gustan, pero a mi me encantan!



Vasco C.

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COM JEITINHO CONSEGUIMOS ENCAVAR PORTUGAL

RECUSAR OS VELHOS DO RESTELO


1.Em 1949, quando a voz tinha de ser só uma, certo grande poeta, José Régio (na foto), professor em Portalegre, arriscando-se às consequências, ergueu a sua, a denunciar a ditadura e o medo. Havia eleições para a presidência da República e Norton de Matos era o candidato da oposição. Régio apoiou-o.

Num caderno da Seara Nova, acerca do medo, escreveu: "inimigo da alma: porque é o medo que tolhe até os impulsos mais generosos, faz desistir até das aspirações mais justas, afoga até o grito mais espontâneo, corrompe e assombra até a mais clara visão da vida." O medo de quê? De nos arriscarmos e reclamarmos a justiça social? 60 anos passados, o virar de costas à realidade, que é, sobretudo, virarmos as costas a nós próprios e desrespeitar-nos, continua na raiz da resignação portuguesa. Evitamos o risco: o incómodo de nos manifestarmos, e tendemos a ir atrás dos outros indiferentes.

2.Indiferentes a quê? Ao futuro. Encolhemos os ombros (encolhemos a alma) e pensamos: que venha ele, futuro, como vier! E das duas uma: ou nos chegamos aos que parecem garantir a paz podre ou abstemo-nos de nos manifestar. Em eleições, isso descamba no seguinte: ou preferimos aqueles que se mostram dispostos a não melhorar nada (e, afinal, continuam a tirar partido do que está mal ou péssimo) e elegemos os ultraconservadores em vez dos que prometem caminhos renovados, mais justos -ou, razoando para esconder o medo, pura e simplesmente, nos abstemos de votar. Lá está o medo, "inimigo da alma". Lá está o homem a rebaixar-se. Lá está o homem a não querer saber que é responsável pela sociedade em que vive -e a deixar a própria vida por mãos alheias.

Manuel Poppe
J.N
.

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FADO PORTUGUÊS

O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava,
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro velero
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

José Régio
Poemas de Deus e do Diabo

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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

SONDAGEM SIC...

PS e PSD empatados, maioria à esquerda só com três

O PS e o PSD estão empatados nas intenções de voto dos portugueses para as legislativas. A sondagem da SIC, Expresso e Rádio Renascença coloca os dois partidos separados apenas por 1%. O vencedor pode até ter menos deputados que o outro. A esquerda terá provavelmente a maioria no Parlamento, mas apenas numa coligação a três. A dois, só um acordo de Bloco Central.

A duas semanas das legislativas e na véspera do arranque oficial da campanha, a incerteza não podia ser maior sobre o desfecho das eleições.




O estudo de opinião efectuado pela Eurosondagem atribui ao PS 33,6% dos votos dos portugueses, o que corresponde à eleição de um mínimo de 84 e um máximo de 90 deputados. No melhor dos cenários, o PS perde 31 deputados em relação a 2005 – aliás, os socialistas são mesmo os únicos a descer em relação às últimas eleições.

Com menos 1,1% surge o PSD, escolhido por 32,5% dos inquiridos. A previsão de mandatos é exactamente igual à do PS: entre 84 e 90 deputados, o que no caso do PSD significa sempre um crescimento face ao actual grupo parlamentar que é composto por 75 deputados.

A sondagem da SIC, Renascença e Expresso confirma a subida do Bloco de Esquerda que surge como terceira força politica no Parlamento: 9,6% é a previsão. que corresponde à eleição de 18 a 20 deputados, mais do dobro dos actuais oito mandatos.

A CDU é opção para 9,4% dos inquiridos, com eleição de 16 a 19 deputados. Em 2005, a coligação entre comunistas e verdes elegeu 14 deputados.

Quem também deverá ver aumentado o grupo parlamentar é o CDS, que sobe nas intenções de voto se compararmos com o resultados de 2005: 8% é a previsão. E em vez dos actuais 12 mandatos, poderá vir a ter entre 14 e 16.

Por outro lado, 6,9% dos inquiridos opta por outros partidos, pelo voto em branco ou nulo, o que poderá significar a entrada de uma nova força política no hemiciclo.

Sublinhe-se que estes são os resultados projectados de uma sondagem que registou 19% de indecisos.

Cenários de coligação

O estudo, elaborado com voto recolhido em urna, deixa em aberto vários cenários de governação para o dia 27 de Setembro, mas é clara numa conclusão: os únicos dois partidos cujos votos somados permitem alcançar a maioria absoluta - mais de metade dos 230 assentos - são PS e PSD, o chamado Bloco Central.

Qualquer outro cenário de soma de resultados a dois não supera a maioria simples:

  • Bloco Central (PS+PSD): entre 168 a 180 deputados
  • PS+BE+CDU: entre 118 a 129
  • AD (PSD+CDS/PP): entre 98 a 106 deputados
  • PS+BE: entre 102 a 110
  • PS+CDU: entre 100 a 109
O estudo da Eurosondagem não atribui os quatro deputados pelos círculos da emigração, mas mesmo estes mandatos não interferem nos cenários possíveis.


Os dados da Eurosondagem permitem ainda antever uma distribuição de resultados pelo mapa do país. São ainda muitos, os distritos marcados ainda pela incerteza sobre qual será o partido mais votado: Braga, Castelo Branco, Évora, Faro, Guarda, Portalegre, Santarém e a Região Autónoma dos Açores.

SIC

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INDEPENDÊNCIA

Recuso-me a aceitar o que me derem.
Recuso-me às verdades acabadas;
recuso-me, também, às que tiverem
pousadas no sem-fim as sete espadas.

Recuso-me às espadas que não ferem
e às que ferem por não serem dadas.
Recuso-me aos eus-próprios que vierem
e às almas que já foram conquistadas.

Recuso-me a estar lúcido ou comprado
e a estar sozinho ou estar acompanhado.
Recuso-me a morrer. Recuso a vida.

Recuso-me à inocência e ao pecado
como a ser livre ou ser predestinado.
Recuso tudo, ó Terra dividida!

Jorge de Sena
Coroa da Terra

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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

VOTO ÚTIL CONTRA O PS

No sistema eleitoral português muitos votos são perdidos, uma vez que não são convertidos em mandatos de deputados.
Esta situação ainda é mais grave nos distritos com pouca população.
Por isso, os eleitores destes distritos têm de pensar muito bem onde vão colocar a sua cruz.
Donde, devemos concentrar os nossos votos para derrotarmos o PS de Sócrates.

Nos distritos mais populosos os cinco maiores partidos portugueses têm grandes hipóteses de eleger deputados, casos de Lisboa, Porto, Braga e Setúbal.

Noutros distritos, um pouco menos populosos, alguns partidos não elegerão possivelmente deputados, como a CDU em Aveiro, o CDS em Coimbra, a CDU e o Bloco em Leiria, o CDS em Santarém e o Bloco e a CDU em Viseu.

Nos distritos menos populosos a maioria dos partidos não vai eleger deputados e por isso devemos concentrar energias

Eleições Europeias de 2009 - Distrito de Portalegre

(Simulação Legislativas)

Divisor/Método de Hont

Bloco Esq.

CDU

PS

PSD

CDS

1/Resultados

3848

7174

12435

(1.º deputado)

9596

(2.º deputado)

2483

2

1924

3587

6218

4798

1242

Eleições Legislativas de 2005 - Distrito de Portalegre

Divisor/Método de Hont

Bloco Esq.

CDU

PS

PSD

CDS

1/Resultados

3216

8546

38739

(1.º deputado)

14290

2988

2

1608

4273

19370

(2.º deputado)

7145

1494

O Distrito de Portalegre apenas elege dois deputados. Tradicionalmente um deputado é do PS. O segundo deputado é disputado entre o PS e o PSD. Se os portugueses querem penalizar o PS de Sócrates têm de votar PSD pensando que este partido poderá alcançar o segundo deputado. Nas eleições europeias o PSD teve um resultado que lhe daria o segundo deputado, mas nas legislativas de 2005 não conseguiu, sendo o segundo deputado atribuído ao PS.

Portanto, portugueses que votam habitualmente no Bloco, na CDU e no CDS (votos perdidos em Portalegre), têm de fazer um sacrifício votando no PSD para derrotarmos o PS de Sócrates.



J.P.

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QUALQUER TEMPO

Qualquer tempo é tempo.
A hora mesma da morte
é hora de nascer.

Nenhum tempo é tempo
bastante para a ciência
de ver, rever.

Tempo, contratempo
anulam-se, mas o sonho
resta, de viver.

Carlos Drummond de Andrade
A Falta que Ama

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

NESTE DISTRITO OS "F... DA P..." SÓ APARECEM NO TEMPO DAS ELEIÇÕES

REGRESSO ETERNO

Outra vez o grito
da minha antiguidade:
e eu mesmo repetido
outra vez marinheiro.

Outra vez o grito
da esperança renascida,
e eu mesmo repetido
outra vez afogado.

Outra vez o grito
dos teus olhos esperando o meu regresso:
e eu mesmo repetido
outra vez o mar dando à costa o meu corpo roído dos peixes.


Eduíno de Jesus
O Rei Lua

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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PORTUGAL E A EDUCAÇÃO...




Em média, os jovens com formação superior são mais afectados pelo desemprego de longa duração em Portugal do que nos restantes países da OCDE.
Os jovens que não completaram o ensino secundário… também.
O trabalho qualificado é pior pago do que na média da OCDE.
O não qualificado... também.
Mas nada de pessimismos.
Os dados são de 2007, antes da chuva de diplomas do modelo de qualificação pela via administrativa adoptado pelo actual Governo.
Hoje, dois anos depois, Portugal é a terra das oportunidades.
As novas.


F.T.

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CALÇADA DE CARRICHE

Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
Sobe, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe
sobe a calçada.

Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Luísa é nova,
desenxovalhada,
tem perna gorda,
bem torneada.
Ferve-lhe o sangue
de afogueada;
saltam-lhe os peitos
na caminhada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Passam magalas,
rapaziada,
palpam-lhe as coxas,
não dá por nada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
Anda, Luísa.
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
toca a sineta
na hora aprazada,
corre à cantina,
volta à toada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga.
Regressa a casa
é já noite fechada.
Luísa arqueja
pela calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
Anda, Luísa,
Luísa, sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.

António Gedeão
Teatro do Mundo

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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

NONA SINFONIA

É por dentro de um homem que se ouve
o tom mais alto que tiver a vida
a glória de cantar que tudo move
a força de viver enraivecida.

Num palácio de sons erguem-se as traves
que seguram o tecto da alegria
pedras que são ao mesmo tempo as aves
mais livres que voaram na poesia.

Para o alto se voltam as volutas
hieráticas sagradas impolutas
dos sons que surgem rangem e se somem.

Mas de baixo é que irrompem absolutas
as humanas palavras resolutas.
Por deus não basta. É mais preciso o Homem.

Ary dos Santos
O Sangue das Palavras

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sábado, 5 de setembro de 2009

VOZES DE BURRO

Quem não se sente não é filho de boa gente. E vai daí toda a gente se acha no dever de responder à letra a qualquer insulto de que seja vítima.

Ora, para uma pedrada nos acertar, é necessário, em primeiro lugar, que nós estejamos ao seu alcance. Da mesma forma, para que um insulto nos atinja, é necessário, antes de mais, que quem o profere esteja ao nosso nível ou próximo de nós. O que significa também que, ao reagirmos a determinadas ofensas, nos colocamos no mesmo baixo nível do caluniador.

Não nos ofende quem quer, mas quem pode. Ofendermo-nos com o que certas pessoas dizem a nosso respeito é reconhecer-lhes importância. E das duas uma: ou consideramos que essas pessoas estão ao nosso nível ou não. E, se não estão, é, como diz o povo: vozes de burro não chegam ao céu.


SML

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FANTASMAS E YIN-ZEN

Não acredito em bruxas mas entretanto:

-A Manuela... calaram-na!

-Este blog está nos cuidados intensivos, pois um anónimo, estranhamente disponível, sempre atento, fantasma da António Maria Cardoso se transferiu para Portalegre e digita em branco,loucamente, porque não sabe que "não há machado que corte a raiz ao pensamento".

-"And at last but not the least" o meu telemóvel, que julgava pessoal e apenas acessível a um número restrito de amigos, é invadido por sms de desconhecidos a convidar-me para vários eventos.
Como pessoa bem educada procuro agradecer-lhes, convidá-los porventura para vir cá a casa beber chá...mas não me atendem.
Deviam mesmo vir cá a casa beber chá, até porque é mesmo verdade: não acredito em bruxas!

Jorge Luís Lourinho Mangerona

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NÃO HÁ MACHADO QUE CORTE

Não há machado que corte
A raiz ao pensamento
Não há morte para o vento
Não há morte

Se ao morrer o coração
Morresse a luz que lhe é querida
Sem razão seria a vida
Sem razão

Nada apaga a luz que vive
Num amor num pensamento
Porque é livre como o vento
Porque é livre

Carlos de Oliveira
O Nosso Amargo Cancioneiro

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DISCURSO SOBRE O FILHO - DA - PUTA

I

o pequeno filho-da-puta

é sempre

um pequeno filho-da-puta;

mas não há filho-da-puta,

por pequeno que seja,

que não tenha

a sua própria

grandeza,

diz o pequeno filho-da-puta.



no entanto, há

filhos-da-puta

que nascem grandes

e

filhos-da-puta

que nascem pequenos,

diz o pequeno filho-da-puta.



de resto,

os filhos-da-puta

não se medem aos palmos,

diz ainda

o pequeno filho-da-puta.



o pequeno

filho-da-puta

tem uma pequena

visão das coisas

e mostra em

tudo quanto faz

e diz

que é mesmo

o pequeno filho-da-puta.



no entanto,

o pequeno filho-da-puta

tem orgulho em

ser

o pequeno filho-da-puta.



todos

os grandes filhos-da-puta

são reproduções em

ponto grande

do pequeno filho-da-puta,

diz o pequeno filho-da-puta.



dentro do

pequeno filho-da-puta

estão em ideia

todos os grandes filhos-da-puta,

diz o pequeno filho-da-puta.



tudo o que é mau

para o pequeno

é mau

para o grande filho-da-puta,

diz o pequeno filho-da-puta.



o pequeno filho-da-puta

foi concebido

pelo pequeno senhor

à sua imagem e

semelhança,

diz o pequeno filho-da-puta.



é o pequeno

filho-da-puta

que dá ao grande

tudo aquilo de que ele

precisa

para ser o grande filho-da-puta,

diz o pequeno filho-da-puta.



de resto,

o pequeno filho-da-puta vê

com bons olhos

o engrandecimento

do grande filho-da-puta:

o pequeno filho-da-puta

o pequeno senhor

Sujeito Serviçal

Simples Sobejo

ou seja, o pequeno filho-da-puta.





II



o grande filho-da-puta

também em certos casos começa

por ser

um pequeno filho-da-puta,

e não há filho-da-puta,

por pequeno que seja,

que não possa

vir a ser

um grande filho-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.



no entanto, há

filhos-da-puta

que já nascem grandes

e

filhos-da-puta

que nascem pequenos,

diz o grande filho-da-puta.



de resto,

os filhos-da-puta

não se medem aos palmos,

diz ainda

o grande filho-da-puta.



o grande

filho-da-puta

tem uma grande

visão das coisas

e mostra em

tudo quanto faz

e diz

que é mesmo

o grande filho-da-puta.



por isso

o grande filho-da-puta

tem orgulho em

ser

o grande filho-da-puta.



todos

os pequenos filhos-da-puta

são reproduções em

ponto pequeno

do grande filho-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.



dentro do

grande filho-da-puta

estão em ideia

todos os

pequenos filhos-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.



tudo o que é bom

para o grande

não pode

deixar de ser igualmente bom

para os pequenos filhos-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.



o grande filho-da-puta

foi concebido

pelo grande senhor

à sua imagem e

semelhança,

diz o grande filho-da-puta.



é o grande

filho-da-puta

que dá ao pequeno

tudo aquilo de que ele

precisa

para ser o pequeno filho-da-puta,

diz o grande filho-da-puta.



de resto,

o grande filho-da-puta vê

com bons olhos

a multipliccação

do pequeno filho-da-puta:

o grande filho-da-puta

o grande senhor

Santo e Senha

Símbolo Supremo

ou seja, o grande filho-da-puta.



Alberto Pimenta

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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

AVENIDA MANUEL PINHO

EDIÇÃO DE HOJE/AMANHÃ DO JORNAL FONTE NOVA


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MANUELA SANEADA

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Manuela Moura Guedes descaradamente saneada da TVI alegadamente porque ia mostrar mais algumas provas irrefutáveis do envolvimento do nosso PM no caso Freeport.
Se não for a TVI a arranjá-las bem sabemos que não será "investigação" que o fará.
Só que isto já foi longe demais.
Há-de ter consequências catastróficas para Sócrates e a sua comandita.
A peça ficou feita e alinhada.
Aguardemos o jornal nacional de hoje.


J.T

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CEMITÉRIOS JUDEUS

Também eu tenho mortos sob
a praça e a rua da cidade
e quando me sento, pelo fim de
uma tarde, no conforto dos pesados
bancos de madeira
das igrejas mais antigas
repouso sobre os corpos mortos que
talvez tenham sido lugar de vida. Então
eles também me pertencem e os lábios
como podem dizer palavra de
oração?

E estando vivo o meu pai já não o tenho
porque perdeu o meu nome.

O amarelo, a cor da alegria, junto a
um rosto que se vai esquecer.

Nem os meus sonhos são de um amante
forte. (Resposta a Yehuda Amikai.)

João Miguel Fernandes Jorge
Bellis Azorica

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quinta-feira, 3 de setembro de 2009

UM LIVRO A NÃO PERDER


Para download gratuito
:
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SÒCÒPÉ

Os verdes longos da minha ilha
são agora a sombra de ocá,
névoa da vida,
nos dorsos dobrados sob a carga
(copra, café ou cacau - tanto faz).
Ouço os passos no ritmo
calculado do sòcòpé,
os pés-raízes-da-terra
enquanto a voz do coro
insiste na sua queixa
(queixa ou protesto - tanto faz).
Monótona se arrasta
até explodir
na alta ânsia da liberdade.

Maria Manuela Margarido
Poetas de S. Tomé e Príncipe

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terça-feira, 1 de setembro de 2009

O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS

EDIÇÃO DE AMANHÃ DO ALTO ALENTEJO


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EDIÇÃO DE HOJE DO JORNAL FONTE NOVA


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ALEGRIA DA CRIAÇÃO

Plantei a semente da palavra
Antes da cheia matar o meu gado
Ensinei ao meu filho a lavra e a colheita
num terreno ao lado

A palavra rompeu
Cresceu como a baleia
No silêncio da noite à lua cheia
Vi mudar estações soprar a ventania
Brilhar de novo o sol sobre a baía

Fui um bom engenheiro um bom castor
Amei a minha amada com amor
De nada me arrependo só a vida
Me ensinou a cantar esta cantiga

Feiticeira
Mãe de todos nós
Flor da espiga
Maldita para tiranos
Amorosa te louvamos
tens mais de um milhão de anos
Rapariga

Quando o lume nos aquece
No grande frio de Inverno
Vem até nós uma prece
Que assim de longe parece
Uma cantiga

Magistrada Nossa natural
Vitoriosa
Curandeira dos aflitos
Amante de mil maridos
Há mais de um milhão de idos
tormentosa

Quando a fera encarcerada
Que dentro de nós suplanta
Quebra a gaiola sozinha
Voa voa endiabrada
Uma andorinha

Zeca Afonso
Galinhas do Mato

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